Um grupo de Forças Mistas na parada do BC12, em Carmona e há 42 anos. Prontos para mais um patrulha- mento na cidade e vias de acesso |
Os dias de Abril iam correndo, já se ia no segundo, e pelo distante 1975 e lá pela terra saudosa de Angola, em Car-
mona, os Cavaleiros do Norte da CCS e alguns da 2ª. CCAV. 8423 já estavam muito mais bem adaptados às exigên-
cias urbanas - e aos perigos que eram novidade, para quem chegava dos me-
dos das matas e das picadas de morte...
Carmona: a estrada para o Songo, que ligava a cidade ao BC12. À direita, vê-se o edifício do Liceu Nacional |
A pequena guarnição do BCAV. 8423 estava instalada no BC12 e cada vez mais menos chegava para as encomendas: serviços internos (que não podiam deixar de ser executados) e principalmente os patrulhamentos mistos, 24 sobre 24 horas, na cidade e, pouco depois, os acessos rodoviários, para «garantir a liberdade de circulação» de pessoas e bens. Passou a ter «patrulhamentos de longo curso», assim estão baptizados no Livro da Unidade.
O furriel Viegas de férias em Luanda, há 42 anos, desfrutando das areais da praia da Restinga, na ilha |
Luanda calma,
mas não tanto...
A situação em Luanda, a esse tempo e apesar das aparências, continuava mui-
to periclitante, muito embora se circu-
lasse tranquilamente pela chamada «cidade do alcatrão».
Os furriéis milicianos Viegas e Cruz, por lá a laurear o queijo, em gozo de férias, por guerra nenhuma deram e deslocavam-se sossegadamente por qualquer lado da cidade. A cidade branca, a do alcatrão..., frequentando praias e a cosmopolita baixa, bares e restaurantes, a noite e os clubes da dita!
A única nota mais visivelmente delicada, em panfleto profusamente distribuído por militantes do MPLA (e não divulgado em jornais e rádios), era a da convo-
catória de uma manifestação para exigir a substituição do Alto-Comissário (o general Silva Cardoso) e o regresso das tropas da FNLA aos quartéis.
A FNLA, por sua vez e na voz do ministro Jonhy Eduardo, negava qualquer responsabilidade nos graves e sangrentos incidentes dos dias anteriores, assim como a existência de prisões e fuzilamentos dos homens do seu movimento. E apontava o dedo ao MPLA, acusando-o de «ter provocado o clima de tensão que se viveu nos últimos dias».
Novidade há 42 anos, depois da censura a jornais e rádios angolanos (não havia televisão) foi a proibição de circularem em Angola os jornais Expresso e Sempre Fixe (portugueses) e Notícias (de Lourenço Marques, actual Maputo, em Moçambique). Por lá, apenas a Emissora Oficial de Angola poderia publicitar os comunicados oficiais. As restantes, emissoras só podiam ter a emissão normal (sem os boletins noticiosos).
O furriel Graciano Correia da Silva, há há 43 anos, em Santa Isabel (Angola) |
Graciano de Santa Isabel,
65 anos em Lamego
O furriel miliciano Graciano, atirador de Cavalaria, festeja 65 anos no dia 4 de Abril de 2017, na sua Lamego natal.
Graciano Correia da Silva especializou-se na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e integrou a 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel e do capitão miliciano José Paulo Fernandes.
O regresso a Portugal, depois da jornada africana do Uíge angolano foi a 11 de Setembro de 1975, fixando-se em Portela das Cambras, freguesia de Lamas, em Lamego. Actualmente, trabalha na área vinícola e é pai do neurologista Nuno Mendonça (no Hospital da Universidade de Coimbra) e da advogada Helen Isabel Mendonça (na Póvoa do Varzim). Com eles e a «mais-que-tudo», esposa e mãe, festejará os 65 anos na casa de Lamego.
Grande abraço para ele! Parabéns!
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