sábado, 6 de maio de 2017

3 754 - «IAO» na Mata de Soares, a morte de 16 não negros!

Cavaleiros do Norte no bar de sargentos da CCS, no Quitexe. Atrás, os furriéis Luís Capitão e João Cardo-
so, 1º. cabo José Almeida (cozinheiro), Carlos Lages (do bar) e há 42 anos esteve no Hospital Militar de
Tomar) e furriel  Flora. Depois e todos furriéis, António Cruz (de óculos e cara meio tapada), José Pires
(quase todo tapado), Luís Costa (Morteiros), Armindo Reino ((de bigode e garrafa na mão) e José Carvalho
(de bigode). À frente, Francisco Bento, Grenha Lopes, José Carlos Fonseca e Nelson Rocha

Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa: 1ºs cabos Luís Alves
 e João Ferreira da Silva Inácio (que amanhã faz 65
 anos na Covilhã) e soldado António Venâncio

O dia 6 de Maio de 1974 foi uma segunda-feira e o quarto da Instrução Altamente Operacional (IAO) que o Batalhão de Cavalaria 8423 (BCAV. 8423) fazia na Mata do Soares, arredores do Campo Militar de Santa Margarida.
A partida para Angola já tinha data mar-cada: 27 de Maio. Mas seria, afinal, adiada por dois dias - quando, a 29, de Lisboa e sobre a rota Rota do Atlântico, a CCS finalmente voou para Luanda.
Os furriéis milicianos Norberto Morais e António Lopes.
Atrás deles, está o bar e messe de sargentos do Quitexe
O dia foi também tempo para o Carlos Alberto Aguiar Lajes, atirador do PEL-
REC, voltar ao Hospital Militar Regional nº. 3 (em Tomar), para nova consulta externa de cardiologia. Voltou às 15 horas e já lá tinha estado e de lá voltado no dia 3 desse Maio de há 42 anos. Viria a ser, no Quitexe, o homem do bar e messe de sargentos.

MPLA rejeitou
Estado Federal

Angola interessava-nos todos os dias e essa fome de notícias da terra que nos iria receber era «morta» nos jornais de Lisboa.
O projecto de um Estado Federal, suscitado pelo general António de Spínola (o Presidente da República) foi desde logo rejeitado pelo MPLA. «(...) Somos entidades diferentes. Angola não é Portugal, como o não é Guiné-Bissau e Moçambique. Recusamos a ser considerados portugueses de pele negra», disse Jorge Paulo Teixeira, director de Informação e Propaganda do MPLA, falando em Argel, sublinhando também que «a Junta de Salvação Nacional deverá adoptar uma posição clara no que respeita ao colonialismo português em África».

Expulsão dos «pides» e 16 não
negros entre 500 cadáveres!

Um ano depois, a notícia do dia tinha a ver com a expulsão dos agentes de PIDE/DGS que ainda estavam em Angola, por decisão do Conselho de Ministros. Teriam de sair até 15 de Maio.
«O MPLA exigiu ao Alto-Comissário português que todos esses agentes sejam imediatamente detidos, afim de não tentarem a fuga», reportava o Diário de Lisboa de 6 de Maio de 1975.
Grande parte dos agentes da antiga PIDE/DGS estavam integrados na Polícia de Informação Militar (PIM) portuguesa e o Diário de Lisboa noticiava que «sabe-se que nos acontecimentos de Março último, esses agentes colaboraram com a FNLA». Observadores políticos de Luanda, por sua vez, consideravam que «esti-veram envolvidos activamente nos acontecimentos do último fim de semana».
Ainda sobre estes, entidades da morgue anunciavam que «dos 500 cadáveres recebidos, só 16 não são negros». E acrescentavam «recear que hajam outra 500 vítimas, cujos corpos não deram entrada na casa mortuária».
J. Inácio, 1º. ca-
bo de A. Viçosa

Inácio de Aldeia Viçosa,
65 anos na Covilhã

O dia 7 de Maio de 2017 é tempo de o 1º. cabo Inácio, atirador de Cavalaria, comemorar 65 anos de vida.
João Francisco da Silva Inácio jorneadou por Angola na 2. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa. E passou depos pelo BC12, em Carmona, antes de rodar para o Campo Militar do Grafanil, nos arredores de Luanda - local da derradeira etapa da sua presença em terras de Angola.
Regressou a Portugal e à sua natal povoação de Cortes do Meio, freguesia do concelho da Covilhã, a 10 de Setembro de 1975. Por lá tem feito vida e para la vai o nosso abraço de parabéns!

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