quarta-feira, 24 de maio de 2017

3 772 - O meu «adeus que vou para Angola...» em Maio de 1974...

Alguns dos amigos e conterrâneos da despedida do furriel Viegas (o ter-
ceiro do lado esquerdo) para Angola. Três deles já faleceram. A imagem
não é do dia, mas posterior a 1976, mas praticamente os mesmos de 1974


O clarim Caetano, que amanhã faz 65 anos, em  Vila Nova
de Gaia, com o (furriel) Viegas, em Agosto de 2015 e 
no estádio do Bessa, na cidade do Porto


O dia 24 de Maio de 1974, há 43 anos, foi uma 6ª-feira e, em vésperas de partir para Angola, juntaram-se alguns amigos da minha terra no salão da Celeste, para as minhas despedidas «oficiais», regadas a cerveja e vinho tinto, com frango de churrasco - «petisco» que, vejam lá..., não era coisa muito vulgar por aqueles tempos. O churrasco era mesmo um luxo... 
O bar dos soldados, no Quitexe, assinalado com a seta
vermelha. A verde indica a enfermaria militar
O tema da conversa foi o 25 de Abril de quase um mês antes e a esperança de que ia a Angola e vinha já - perspectiva na qual pessoalmente não acreditava. E se confirmou. Os únicos conterrâneos ao tempo «lá fora» eram apenas quatro, três deles na Guiné e um em Angola. Além de meu primo de meu nome, fuzileiro de carreira e em Moçambique. 
A panqueca foi gravada em cassete e, embora mal gravada, bem me deliciei eu depois a ouvi-la, nos tempos mais nostálgicos do Quitexe. O registo (que lamentavelmente já não consigo ouvir, por deterioração da fita) anotava mitificações da minha carreira (!) militar, os endeusamentos da instrução de Lamego,algumas cantorias populares e «efe-erre-ás», falava das miúdas amigas que por cá ficavam e das... pretas. As pretas e as mulatas de Angola, que antevíamos cheias de cio e dispostas a matar-nos desejos. Aquilo é que ia ser!!! 
Lá contei eu as minhas aventuras «guerreiras» e falei abundantemente dos meus companheiros de pelotão, para a jornada que nos ia levar a Angola. Estava cheio de moral. Sem medos! Voltei a ver aquela malta em Setembro de 1975!
Os presidentes Holden Roberto (da FNLA), Agostinho
Neto (do MPLA) e Jonas Savimbi (da UNITA)


Movimentos angolanos
não se entendiam!


Um ano depois e pelo Uíge angolano, levedavam dúvidas sobre o futuro. Os Cavaleiros do Norte intensificavam os patrulhamentos nas zonas urbans e principais itinerários, procurando garantir a segurança geral.
Sabe-se lá com que sacrifícios, e com que riscos, mas disso nunca se queixando.
As diferenças entre os três movimentos auimentavam, em vez de os aproximarem. O presidente da FNLA, Holden Roberto, anunciou-se, iria falar nesse dia ao povo angolano, a partir de Kinshasa e através da Emissora Oficial de Angola. Jonas Savimbi, presidente da UNITA, ia chegar a Luanda, ido de Nova Lisboa e depois de uma digressão por terras do leste angolano . Agostinho Neto, em Coimbra, apelava aos técnicos portugueses para não abandonarem Angola. Mas, em Luanda, o mesmo MPLA pedia a destituição do Alto Comissário Português - o almirante Silva Cardoso, por «ter perdido a confiança» no oficial português.
O clarim Caetano,  há 3
anos e em Santo Tirso

O clarim Caetano
«toca» os 65 anos

O soldado clarim José António Cardoso Caetano, da CCS dos Cavaleiros do Norte, faz 65 anos a 25 de Maio de 2017.
A 25, que é o dia do registo oficial, pois, na verdade, nasceu a 11 de Maio de 1952, precisamente duas semanas antes, pelo que, na prática, todos os anos faz anos por duas vezes.
Natural do Bairro do Bonsucesso, da freguesia de S. Nicolau, cidade do Porto, a vida familiar «levou-o» para o outro lado do rio Douro e mora, já aposentado, na cidade de Vila Nova de Gaia. Para lá vai o nosso abraço de parabéns!

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