3 785 - Cavaleiros em festas, rotações e combates em Angola

Maria Violtina e Acácio Luz, tenente no Quitexe e agora capitão aposentado,
de 88 anos, Amazona e Cavaleiro do Norte maiores, no corte do corte do bolo. A
seguir, estão Carlos Ferreira (cozinheiro), Domingos Teixeira (1º. cabo esto-
fador), Cândido Pires (furriel sapador) e Humberto Zambujo (rádiotelegrafista)

O tenente-coronel Celso Braz, comandante da Companhia
de Carros de Combate, da Brigada Mecanizada (a suces-
 sora do RC4) e o tenente  Nuno Barreira, o oficial de
dia a 3 de Junho de 2017, dia do encontro da CCS

O encontro da CCS, neste 2017 que faz passar os 43 anos da partida para Angola, teve a singularidade de se realizar no RC4, a nossa unidade mobilizadora, de onde partimos ao fim da tarde de 29 de Maio de 1974.
É importante, e justo, sublinhar a cola-
boração da agora Companhia de Carros de Combate, comandada pelo tenente-coronel Celso Braz, que nos deu a honra de nos receber com todas as gentilezas e total e atentíssima disponibilidade, fazendo nossa, por inteiro, a casa militar onde tivemos a formação final para a jornada africana do Uíge Angolano. 

João Dias, de Zalala, e o eternamente jovem Nelson
Rocha e esposa. Dois furriéis milicianos de trans-
missões no encontro de CCS do RC4

Há 43 anos!!! 
«Façam vossa, esta casa!...», frisou na intervenção solene do Museu, onde explicou a história da Unidade, até aos dias que se passam.

Gente do alto!

A organização do encontro foi do Vicente Alves, que foi condutor na jornada uíjana, e os contactos com o RC4 começaram pelo sargento-chefe Américo Pratas, que em Março nos recebeu em Santa Margarida. Ao Vicente, ao Marcos, ao Neto e ao Viegas. 
As gentilezas continuaram com o major Pedro Carvalho, 2º. comandante da Unidade, e o major João Tavares, o oficial de relações públicas da Brigada Mecanizada. A 3 de Junho, o tenente Nuno Barreira, oficial de dia, foi quem explicou o que é um Leopard 2 A6, o topo de gama dos carros de combate. E, depois, todas unidades deste tipo estacionadas no enorme hangar do aquartelamento.
O tenente-coronel Celso Braz, com enorme finura de atenções, recebeu-nos no Museu e ciceroneou-nos por todo o quartel, promovendo depois a formatura dos Cavaleiros do Norte da CCS, para entrega os diplomas. E ambos ajudaram na encenação das fotos de famílias, sem uma ponta de pressa, antes, e só, cheios de atenções e cortesias!  
Todos eles, gente do alto!
Muito obrigado!

O Batalha (ao centro e de óculos) passou a pasta organi-
zativa para o Carvalho (á direita). À esquerda e de ócu-
los, está o (1º. cabo) Deus

Cavaleiros de Santa Isabel
da Batalha para
a Mealhada 2018

O dia 3 de Junho de 2017 foi também tempo de os Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423 «acamparem» na Batalha, para o seu encontro anual. Bem festejado e emocionalmente vivido!
O «mordomo» foi o (soldado atirador de Cavalaria) Manuel Cordeiro Pedroso, que por ser da Batalha era o... Batalha, lá pelos «uíges». 

A lembrança oferecida pelo Batalha
aos Cavaleiros de Santa Isabel

A organização esteve nos... trinques!
A concentração foi no Pavilhão Multiusos da Batalha e a Companhia «marchou» depois para a capela da Jardoeira, onde foi celebrada missa. Depois foi..., depois foi a confraternização gastronómica na Quinta da Mata do Rato, em Alcogulhe, da Maceira (Leiria), ali bem perto e que é do Batalha.
A pasta organizativa foi passada para 2018, ficando a cargo do Carvalho - que por Santa Isabel, Quitexe e Carmona também foi atirador de Cavalaria.
Carlos Alberto Baptista de Carvalho, de seu nome completo, é da Mealhada (do Barcouço) e lá, seguramente, receberá os Cavaleiros do Norte de Santa Isabel com o bom leitão assado à moda da Bairrada. Vale uma aposta?!

Três «zalala´s» que há 42 anos rodaram do Songo para
Carmona: furriel Rodrigues e soldados Neves (o Boli-
nhas) e Gonçalves (o Cigano ou o Bigodes)

CCS para o Quitexe, os
«zalalas» do Songo para Carmoma

A 6 de Junho de 1974, os Cavaleiros do Norte da CCS partiram do Campo Militar do Grafanil para o Quitexe.
A ordem de movimento foi do Quartel General do Comando Chefe das Forças Armadas de Angola e lá fomos nós, Estrada do Café fora, enchendo Berliets e camiões civis alugados para o efeito. Saímos de manhã cedo e chegámos ao fim da tarde, depois de duas ou três paragens. Uma delas, no Úcua - onde, num bar de estrada, encontrei um vizinho meu, civil - o Neca Reis, que tinha sido um dos dois primeiros conterrâneos militares mobilizados para Angola. 
Um ano depois, era a vez de a 1ª. CCAV. 8423 rodar do Songo para Carmona - depois de ter estado na mítica Zalala e em Vista Alegre/Ponte do Dange.
«(...»Era imperioso obter em Carmona um efectivo que permitisse acorrer a situações semelhantes às vividas na primeira semana do mês», anotou o comandante Almeida e Brito.
A 1ª. CCAV. completou a rotação no dia 12 e os quartéis da área do Songo «foram entregues às AA, de acordo com o determinado». 
A 6 de Junho de 1975 e segundo a imprensa do dia, «em Carmona, outro ponto quente dos combates desta semana, as tropas do ELNA (FNLA) e das FALA (UNITA) dominam a cidade, tendo sido evacuados os efectivos do MPLA que sobreviveram aos ataques». O MPLA foi «corrido» pela FNLA.
A cidade, porém, «continua(va) sem abastecimentos». Mas controlada, militarmente, pelos Cavaleiros do Norte. 

Notícia do Diário de Lisboa de 6 de Junho
de 1975 sobre a situação em Angola

Os mais graves embates
desde o Acordo do Alvor

Luanda continuava marcada por incidentes entre MPLA e FNLA e, nesse dia 6 de há 42 anos, soube-se que foi bombardeada a residência de Diógenes Boavida, do MPLA e era o ministro da Justiça do Governo de Transição. Escapou da morte, assim como os seus familiares, por estarem ausentes. Morreu um homem, que pintava um muro vizinho.
«Tiroteios, incidentes dispersos, movimentos de pânico e deslocações de tropas continuavam esta manhã em toda a zona periférica de Luanda, onde as medidas preventivas não conseguiam impedir que nas últimas 24 horas estalassem, entre o MPLA e a FNLA, os mais graves embates armados desde o Acordo do Alvor» noticiava o Diário de Lisboa.

Manuel Barroso
em 1974/1975

O Hospital da Universidade também foi atacado, com bazucas e morteiros, «no seguimento da troca de tiros em frente das sedes  do MPLA, da FNLA e da UNITA», ficando esta última «praticamente destruída». As centenas de doentes foram evacuados e vários ministros deslocaram-se ao local em carros blindados portugueses. O ataque foi atribuído à FNLA e houve pelo menos 3 mortos e número indeterminado de feridos.
Registaram-se tiroteios em bairros periféricos de Luanda (Cazenga, S. Paulo, Miramar e Cruzeiro) e na Avenida dos Combatentes e Vila Alice, para além de «confrontações esporádicas noutros locais».

O Barroso em 2017

Barroso de Zalala, 65
anos em Vila do Conde

O atirador de Cavalaria Barroso, da 1ª. CCAV. 8423, está hoje em festa: comemora 65 anos.
Manuel Joaquim Faria Barroso, de seu nome completo, foi Cavaleiro do Norte da mítica Fazenda Zalala, Vista Alegre e Ponte do Dange, depois de Songo e Carmona. Natural de Vila do Conde, lá voltou a 11 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) jornada angolana e, já aposentado, fez vida no sector comercial das frutas e legumes.
Hoje, está em festa de 65 anos. Parabéns!!!