sexta-feira, 1 de junho de 2018

4 143 - O primeiro dia, há 43 anos, dos graves combates de Carmona!


Refugiados de Carmona na parada do BC12. Os dias de há 43 anos foram
intensamente sofridos e o BCAV. 8423 acolheu mais de um milhar de civis
da cidade e região uíjana, de todas as cores e créditos


Mortos dos incidentes de Carmona, com combates come-
çados na madrugada de 1 de Junho de 1975. Há 43 anos!

Os dramáticos combates de Carmona começaram na madrugada de 1 de Junho de 1975, há 43 anos, semeando pânico e medos em toda a cidade e bairros envolventes, logo mobilizando os Cavaleiros do Norte que estavam aquartelados no BC12.
«Graves incidentes estalaram ontem em Carmona, entre tropas do MPLA e da FNLA, obrigando à intervenção, até agora sem êxito, de uma equipa militar 
O Diário de Lisboa de 02/06/1975
falava dos graves incidentes da
véspera, na cidade de  Carmona
mista composta apor forças integradas dos três movimentos de libertação», noticiava o Diário de Lisboa do dia seguinte.

Imprecisões sobre os
incidentes de Carmona

A  noticia tem uma grave imprecisão, pois a tropa que interveio foi apenas a portuguesa, unicamente os Ca-
valeiros do Norte do BCAV. 8423, nem sensatamente seria curial que as forças mistas se envolvessem em acções que pretendia anular a fúria insensata e mortí-
fera dos militares dos dois movimentos. Frente a companheiros de movimento e misturados com o inimigo, o que fariam?
O jornal de Lisboa acrescentava que «(...) o recrudescimento das confronta-
ções determinaram uma ordem de marcha, emitida esta manhã, para que se-
gunda força militar integrada siga para Carmona e domine a situação».
Não há memória de que, alguma vez, tal força tenha chegado a Carmona.
Nem precisa, seria. A sua presença só iria aumentar a instabilidade da cidade e fazer medrar a insegurança que, brava e corajosamente, os Cavaleiros do Norte sustentavam, horas atrás de horas, dias seguidos de dias.
«Mais uma vez, as NT procuraram minimizar o conflito, procurando o seu tér-
minus rápido e diligenciando por limitar os seus efeitos», lê-se no livro «His-
tória da Unidade», referindo também que «no rescaldo, ainda mais vincada ficou a hegemonia da FNLA».
«Tudo o que se possa considerar combatente ou simpatizante do MPLA foi expulso do distrito, no melhor dos casos, porquanto noutros há a citar algu-
mas dezenas de mortos», acrescenta o HdU, também aludindo a «calma ainda mais fictícia e preocupante» que resultou dos graves incidentes.
O 1º. cabo Jacinto Diogo, escriturário, em pose
nas traseiras da ZMN, em Carmona (1975)
O HdU também refere a população pediu «a protecção das NT, a qual lhe foi dada, entrando no quartel um milhar e refugiados», diríamos nós que aproximadamente 2000, o que (o apoio aos refugiados, principalmente do MPLA) «não encontrou receptividade da FNLA, conside-rando-a como discriminatória e partidária».
Dessa posição da FNLA resultou, ainda se-gundo o HdU, «um período seriamente preo- 
cupante para o BCAV. 8423».
Jacinto Diogo, 1º. escri-
turário da ZMN, e fur-
riel Viegas, do BCAV.
 8423, em 201

O Jacinto do Sector
está na Quarteira !

O 1º. cabo Jacinto, do Comando de Sector do Uíge e contem-
porâneo dos Cavaleiros do Norte, é empresário de restauração na Quarteira, onde o voltámos a «achar» para meter conversa de Carmona em dia.
Jacinto Sebastião Gomes Diogo é natural de Odeleite, do con-
celho de Castro Marim, foi escriturário e foi para Carmona em rendição individual, depois de especialização e tirocínio em quartéis de Lis-boa. Serviu a ZMN do comando do brigadeiro Leão Correia e acompanheirou com os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, que lá chegaram a 2 de Março de 1975. Deixou Carmona no dia 3 de Agosto de 1975, com a CCS e a 1ª. CCAV. 8423 - que voaram «em duas levas de um DC6 e dois NORD» para Luanda.
É empresário do sector da restauração, dono e gestor do famoso restaurante O JACINTO, situado na avenida Sá Carneiro, na Quarteira.
As horas do abraço foram curtas para tantas memórias da jornada angolana do Uíge, sobrando a certeza de que esses inesquecíveis tempos de Angola serão bocados de «nós» que durarão por todas as nossas vidas.

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