domingo, 29 de julho de 2018

4 201 - Cumprir a missão descolonizadora, as populações europeias do Uíge!

Oficiais do BCAV. 8423, na messe do Quitexe: tenente Acácio Luz, alferes
milicianos Jaime Ribeiro e José Leonel Hermida, tenente João Mora, alfe-
 res miliciano António Albano Cruz, capitão António Oliveira, alferes mili-
ciano Honório Campos (médico) e capitão miliciano Manuel Leal (médico) 

O comandante Bundula, da FNLA, o capitão José Manuel
Cruz (comandante da 2ª. CCAV. 8423), um dirigente da
 FNLA, capitão José Paulo Fernandes (3ª. CCAV. 8423) e
um elemento da administração civil de Aldeia Viçosa

A saída do BCAV. 8423 de Carmona e do Uíge foi decidida no final da reunião dos Comandos Militares Portugueses com «elementos do QG/RMA». Que começou a 28 e terminou a 29 de Julho de 1975. Há 43 anos. 
O livro «Segredos da Descolonização de Angola», de Alexandra Marques (que citamos), historia que, nessa data, «Car-
mona e Negage seriam evacuadas de-
pois da coluna de socorro ali estacionar algum tempo» e sabiam os Cavaleiros 
do Norte, por experiência própria e no terreno, que a FNLA e o seu Exército de Libertação Nacional de Angola (o ELNA) iriam dificultar a saída das populações bran-
cas. As ameaças eram constantes, dia e noite, e sabiam a rai-
vas, vingança e ódios ressentidos. Muitas vezes foram as NT ofendidas - ora pelos «fnla´s» ora pela comunidade civil branca e europeia. Importava, porém e a troco de que sacrifícios e ris-
cos fossem, «cumprir a missão que nos estava sendo imposta no processo de descolonização», como refere o livro «História da Unidade», acrescentando que nos combatentes do BCAV. 8423, «estava verdadeiramente imbuído o sentido de grandeza próprio do consciente e desinteressado e leal desejo de cumprir». Cumprimos até ao fim!
Agora, de resto e 43 anos depois, nenhuma dúvida há sobre a generosidade e bravura, o desprendimento com que, nesses dificílimos e dramáticos dias uí-
janos, os Cavaleiros do Norte honraram a farda e a Bandeira de Portugal, aju-
dando milhares de pessoas a defenderem a sua vida e os seus bens. De qual-
quer raça que fosse, qualquer cor ou credo político ou religioso.
Alexandra Marques, au-
tora do livro «Segredos
da Descolonização de
Angola»

As populações
europeias do Uíge!

A recomendação do Alto Comissário de Angola, através do Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas de Angola, foi preciso: que não fosse esquecida «a situação das populações europeias do distrito do Uíge, cuja saída o ELNA estava a dificultar».
Dificultou, na verdade, mas a 4 de Agosto, quando arrancou a fortíssima coluna militar, de Carmona e a caminho de Luanda, acoplararam-se centenas e centenas de viaturas de civis, que dias depois chegaram sãos e salvos à capital an-
golana. Contra a vontade e ameaças da FNLA e do seu ELNA.
O estado emocional dos bravos Cavaleiros do Norte não era o melhor, não era!..., mas nunca recuaram eles e não hesitaram alguma vez em, até ao último momento, arriscar a própria vida por uma causa e uma guerra que não eram suas, eram já entre os movimentos de libertação.
Carmona, nestes dias de há 43 anos, era, apesar de tudo, uma cidade minima-
mente tranquila. Os serviços públicos  e comércio funcionavam, os bares e restaurantes, a vida nocturna, a actividade empresarial, tudo.
Bem perto, em Salazar (actual N´Dalatando), registavam-se confrontos e sa-
ques, tendo a população abandonado a cidade. O mesmo aconteceu em Novo Redondo, ma Gabela, no Andulo e Pereira d´Eça, em Malanje e Henrique de Carvalho - cidades que, de novo citando o livro «Segredos da Descolonização de Angola», ficaram «praticamente desertas».
Não era o caso de Carmona, onde a vida bulia, apesar de tudo! Dia e noite!
O tenente João Mora e os fur-
riéis milicianos Neto e Viegas
na avenida do Quitexe (1974)

Tenente João Mora
nasceu há 92 anos!

O tenente João Mora, do SGE e adjunto do comandante da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, nasceu há 92 anos. Faleceu a 21 de Abril de 2003.
João Elóy Borges da Cunha Mora nasceu no Pombal, a 30 de Julho de 1926, e, profissionalmente, seguiu a carreira militar. Apresentou-se como alferes SGE no RC4, em Santa Margarida, mas foi promovido a tenente na data do embarque para Angola. Era, entre a guarnição quitexana, conhecido como Tenente Palinhas - por sempre exigir a palada de saudação militar. Não a fizessem os subordinados, fá-la-ia ele, sempre - a tal eles obrigado. Para An-
gola seguiu também a esposa, uma senhora indiana (cujo nome se perdeu na memória e não sabemos se será viva). Continuou a carreira militar e sabemos que, de doença, faleceu em Lisboa, a 21 de Abril de 2003.
Hoje o recordamos com saudade, fazendo memória a nossa comum jornada africana do Uíge angolano, entre Maio de 1974 e Setembro 1975. RIP!!!

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