quarta-feira, 8 de agosto de 2018

4 221 - Cavaleiros do Norte em Luanda a ver «combates» a passar...

O PELREC, pelotão operacional da CCS do BCAV. 8423. De pé, alferes Garcia,
 Caixarias, 1º. cabo Pinto, Marcos, furriel Viegas, 1º. cabo Silvestre (?), Flo-
rêncio, Messejana, Neves e 1º. cabo Almeida. Em baixo, furriel Neto, Madaleno,
 Aurélio (Barbeiro), 1ºs. cabos Hipólito e Oliveira (TRMS), Leal, Francisco
e 1ºs. cabos Soares e Vicente 

Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423
 em posição de alerta: o furriel Matos
e o TRMS Setúbal
Cap. Castro Dias.
cmdt .da 1ª. CCAV.

Os Cavaleiros do Norte, ainda a «re-pousar» da esgotante coluna militar de Carmona a Luanda, embora já colo-cados como «unidade de reserva da RMA», passaram a ser testemunhas (ainda que indirectamente) de ferozes combates entre forças do MPLA e da FNLA, disputando o controle da cida-
de de Luanda - a capital. 
A 8 de Agosto de 1975, soube-se que as Forças Ar-
madas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), o exército do MPLA, tinham «neutralizado cerca de
Notícia do Diário de Lisboa de 8 de Agosto
 de 1975 sobre a situação em Angola

 3000 combatentes da FNLA», que se tinha in-
filtrado em Luanda para, e citamos o Diário de Lisboa de 8 de Agosto de 1975, «ocuparem o poder pela força, iniciando essa operação com  o domínio de pontos estratégicos».
A notícia foi divulgada em Brazzaville, por Iko Carreira, da Junta Política do MPLA e numa conferência de imprensa durante a qual denun-ciou que «as províncias do Zaire e do Uíge tinham sido invadidas por forças da FNLA», assim como, acrescentou, «a atitude de malvadez de alguns países africanos em relação do problema de Angola».
O Uíge era de onde dias antes tinham vindo os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, depois de 14 meses de jornada por terras de Quitexe, de Aldeia Viçosa e Vista Alegre, do Songo e de  Carmona, ou fazendas como Zalala, Santa Isabel, Luísa Maria e outras.
Iko Carreira desmentiu que «forças da FNLA estivessem a avançar sobre Luan-
da», precisando que  «o MPLA se oporá ao invasor oferecendo a resistência popular generalizada». Haveria algum avanço da FNLA, haveria..., por certo, pois o mesmo Iko Carreira, na mesma conferência de imprensa, disse que «traziam na vanguarda tanques de origem estrangeira».
«Tanques que nunca se viram na guerra colonial mas que esperaram pela independência», disse o dirigente do MPLA, depois observando, sobre a UNITA de Jonas Savimbi, que «tem-se mantido neutral, mas é tempo de tomar uma decisão e quanto mais cedo melhor»

Cavaleiros do Norte de Zalala: o furriel Nas-
cimento, o alferes Sousa e o soldado João Gon-
çalves - o Bigodes, o Cigano!
.


Almeida e Brito
em Zalala !

Um ano antes, precisamente, o comandante Almeida e Brito deslocou-se à Fazenda Zalala, onde se aquartelava a 1ª. CCAV. 8423 e no âm-
bito das «normais visitas às subunidades».
Os Cavaleiros do Norte ali instalados eram co-
mandados pelo capitão miliciano Davide de Oliveira Castro Dias e ali tinham chegado a 7 de Junho de 1974. De lá saíram a 2 de Novembro do mesmo ano, rodando para Vista Alegre e Destacamento da Ponte do Dange.
Estes dois aquartelamentos foram desactivados a 24 de Abril, quando os «za-
lala´s» se mudaram para o Songo e com um destacamento temporário em Ca-
chalonde. Finalmente, a última rotação aconteceu a 6 de Junho de 1975, quan-
do foram para Carmona. Daqui, a 3 de Agosto «voaram» para o Grafanil, com a CCS, e ali estiveram até 9 de Setembro, quando regressaram a Portugal.


1 comentário:

  1. Tenho andado a pesquisar Blogs de antigos combatentes no Ultramar, muito especialmente em Angola. Deparei-me com este dos Cavaleiros do Norte, Achei muito interessante. A certo momento li uma parte que muito me diz é ela a Morte de um Homem que eu muito apreciei, pela sua postura e forma de encarar a vida, refiro-me ao meu camarada Comissário Fernandes, que, referido como pertencendo à OPVDCA, o que, há data da sua morte, não corresponde à verdade, porque efectivamente, ele pertencia à Polícia de Segurança Pública de Angola, muito embora, oriundo da referida Organização. As populações sempre nos conheceram por Voluntários, contudo, a partir de 1966, só uma pequena parte ficou a pertencer à OPVDCA, tendo a grande maioria sido integrada na PSPA, passando a chamar-se Guarda Rural.
    Era só este esclarecimento.

    A OPVDCA, por esse tempo, ia à Chandragoa buscar cerca de 20 kgs. de peixe de 15 em 15 dias. «Era eu que as apanhava com uma tarrafa, nos 5 tanques de produção que tínhamos, feitos em terra e com 100x80x1,5 metros cada», acrescentou Zeca Silva, precisando que o falecido comandante (Fernandes?) da OPVDCA, «tinha estado na fazenda a comer tilápias grelhadas, dois ou três dias antes do trágico acidente com uma granada».

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