Quitexe, Estrada do Café: as casas de José Morais (agora Banco BIC) e do fazendeiro Carlos Gaspar. Imagem de 24 de Setembro de 2019 |
A 22 de Novembro de 1975, um sábado e já na terceira semana da tri proclamada independência de Angola, nada se sabia das Repúblicas anunciadas pela FNLA de Holden Robertoe pela UNITA de Jonas Savimbi. Mas Portugal «protestou junto do Governo sul-africano, pelo envolvimento das suas tropas, a partir da Namíbia».
O Diário de Lisboa noticiava
«Portugal contra a intervenção sul-africana em Angola», titulava o Diário de Lisboa de 22 de Novembro de 1975 |
tardiamente e depois da invasão estrangeira
estar consumada» e adiantava que «o protesto foi apresentado ontem à noite, perante a Assembleia Geral das Nações Unidas», pelo embaixador José Manuel Galvão Teles.
A África do Sul, porém e a partir de Pretória, fez lembrar que enviou tropas para Angola com «conhecimento prévio e aprovação do Governo Português, a fim de proteger o projecto hidro-eléctrico do Cunene, logo ao norte da fronteira».
O ministro da Defesa, Pieter Botha, acrescentou que «o envio de tropas fora feito no interesse do povo angolano e das pessoas que trabalham perto do projecto, uma empresa conjunta sul africana-portuguesa para abastecimento de energia eléctrica e água a Angola e ao Sudoeste Africano» - a Namíbia.
Ia assim a Angola recém-independente, há 44 anos!
Almeida e Brito e José Paulo Falcão |
Tranquilidade no Uíge,
um Governo para Angola !
Um ano antes e a 22 de Novembro de 1974, o capitão José Paulo Falcão voltou a participar na reunião do Comando do Sector do Uíge (CSU), no BC12, em Carmona. Exercia interinamente as funções de comandante do Batalhão de Cavalaria 8423 e, ao tempo, definiam-se estratégias operacionais da Zona de Acção (ZA).
Almeida e Brito, o tenente coronel que comandava o BCAV., estava de férias em Lisboa e, pela nossa Zona de Acção (ZA), ia tudo muito tranquilo, enquanto se ultimavam mais rotações.
O MPLA, entretanto e em Luanda, considerou «chegado o momento de declarar solenemente que está aberto a todas as funções que possam contribuir para a resolução dos principais problemas que afectam a vida nacional».
Lúcio Lara, o chefe da delegação local, disse mais: «Isto quer dizer que o MPLA está pronto a participar num Governo (...) que, com os movimentos de libertação, encontrem as fórmulas que se impõem para a continuidade política, económica e social de Angola».
Notícia do Diário de Lisboa de 22 de Novembro de 1974 |
Aliança contra
o MPLA !
Outra notícia do dia, no jornal Diário de Lisboa, que citamos, dava conta do que circulava em Luanda: «Segundo círculos geralmente bem informados (...), o encontro que amanhã se realiza em Kinshasa terá como objectivo a constituição de uma aliança contra o MPLA».
O encontro teria o patrocínio de Mobutu Sese Seko (presidente do Zaire) e envolveria dirigentes como Holden Roberto (presidente da FNLA), Jonas Savimbi (idem, da UNITA), Daniel Chipenda (da facção do seu nome) e Simão Toco (um líder religioso).
Isto enquanto, lá pelo norte uíjano, continuava o programa de restauração da redes estradal, a cargo da Junta Autónoma de Estradas de Angola (JAEA) - com protecção de escoltas dos Cavaleiros do Norte.
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