domingo, 26 de abril de 2020

5 039 - O dia seguinte ao 25 de Abril de 1974 para os Cavaleiros do Norte!

Os alferes milicianos João Machado e Carvalho de Sousa com o 1º. sargento Fernando Norte, chefe
 da secretaria da 2ª. CCAV. 8423, a do capitão miliciano José Manuel Cruz, que há precisamente
45 anos deixou o quartel de Aldeia Viçosa e rodou para Carmona 
Os furriéis milicianos Neto, Viegas e Monteiro, do PELREC
 da CCS do BCAV. 8423, já nos primeiros dias do Quitexe,
 há quase, quase... 46 anos!

Há 45 anos, uma sexta-feira e depois do 25 de Abril da véspera, os (futuros) Cavaleiros do Norte foram dispensados para fim de semana, depois do almoço.
Rapidamente viajámos para Águeda, no SIMCA 1100 do Francisco Neto - que em Coimbra «apanhou» um manifestação de milhares de pessoas, entre a ponte do rio Mondego e a avenida Fernão de Magalhães, a  certo ponto o povo conseguindo mesmo levantar a viatura,
O Diário de Lisboa de há 46 anos,
 dia 26 de Abril de 1974, anunciando
 a libertação dos presos da PIDE/DGS
quando nela descobriram militares. Nós, ali e quase envergonhados, ali transformados em heróis da revolução!!! Mal imaginávamos a popularidade ganha de um dia para outro!
Aqui, na aldeia e procurando minha mãe, achei-a a trabalhar na sacha de um campo.
«Estás cá, rapaz?!...».
Estava, claro que estava. 
«O que é que se passou lá por Lisboa? Vocês sempre vão lá para fora?...», perguntou-me.
A euforia popular levara a que muita gente pensasse, crédula, que mais ninguém iria para a guerra colonial. Fora o que ela ouvira falar, nas vozes da rua - pois, ao tempo, muito pouca gente tinha televisão, poucos tinha rádio e não havia as modernidades comunicacionais de hoje. 
«Segunda-feira, volto para o quartel. Vou na mesma para Angola...», respondi eu.
Ouviu-me em silêncio e sem retirar os olhos da sacha, continuou o trabalho e mandou-me ir ao cabeceiro da terra, buscar uma qualquer alfaia agrícola.

Angola disponível para 
negociar ou aumentar a luta!

O MPLA, a partir de Brazaville, fazia saber estar disponível rara negociar com Portugal, ou «aumentar a luta armada contra a tropa portuguesa, se a nova Junta Militar em Lisboa não modificar a sua política colonial»
O alto dirigente Lúcio Lara, falando à Agência Reuter disse mesmo que se não e registasse qualquer mudança política «aproveitaremos a vantagem de situação em Portugal para resolver a questão de Angola, vibrando ainda golpes mais duros no Exército Português».
Era para esta Angola que iriam seguir (e seguiram) os garbosos soldados, sargentos e oficiais do Batalhão de Cavalaria 8423! Faltava saber o dia!!! Um ano depois, era a vez do adeus definitivo a Aldeia Viçosa - onde a 2ª. CCAV. 8423, a do capitão miliciano José Manuel Cruz, de lá saída a 11 de Março, ainda mantinha um pequeno grupo operacional, nesta data se desactivando o quartel.
Serra, Joaquim Celestino (que hoje faz 68 anos),
furriel Morais e Gomes, cavaleiros do Norte
do Parque-Auto da CCS

Celestino, condutor da CCS,
68 anos em Leça do Balio !

O condutor Celestino, condutor-auto da CCS do BCAV. 8423, a do Quitexe, comemora 68 anos a 27 de Abril de 2020.
Joaquim Celestino Gonçalves da Silva, é este o seu nome completo, foi louvado porque «além de ter desempenhado os serviços da sua especialidade com a melhor eficiência, ainda se creditou como precioso auxiliar do pessoal encarregado da escrituração da secretaria do parque-auto». O louvor foi publicado na ordem de serviço nº. 181 e acrescenta que foi «militar muito disciplinado e correcto», o que o creditou como «merecedor de ser distinguido» por também «ser merecedor da estima de quem com ele privou». 
Regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, à sua casa de Perafita, em Matosinhos. Mora agora em Leça do Balio e atravessa um delicado período de saúde - a que desejamos evolução rápida e positiva - e enviamos-lhe um forte abraço de parabéns!

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