quarta-feira, 2 de setembro de 2020

5 169 - A viagem que era para ser de barco e passou a ser de avião...

Os furriéis milicianos Neto e Viegas do PELREC da CCS do BCAV. 8423, com os conterrâneos
Gilberto Marques (civil) e Carlos Sucena, 1º. cabo de Nambuangongo e Luanda, nos últimos dias de
Angola, em Viana e em Setembro do ano de 1975
Cavaleiros do Norte do PELREC. De pé, 1º. cabo Hipólito,
furriel Monteiro e 1ºs. cabos Almeida e Vicente. Á frente,
 alferes Garcia, Leal, furriel Neto e Aurélio (barbeiro),
Almeida, Vicente, Garcia e Leal já faleceram. RIP!!!


A 2 (ou 3) de Setembro de 1975, os Cavaleiros do Norte tiveram uma inesperada e excelente surpresa: afinal, a nossa viagem para Lisboa seria de avião. No mesmo dia 8, a 2ª. feira seguinte. 
A notícia foi recebida com euforia. Imagine-se!!! Dez dias de viagem passavam a ser meras 8 horas, mais próximos ficávamos do regresso ao colo das nossas famílias, aos cheiros das nossas terras, ao sabor da cozinha das nossas mães!!! Mais depressa saíamos da balbúrdia perigosa em que estava transformada a cidade de Luanda. E já lá iam 15 meses e alguns dias de Angola! 
O encantamento da notícia provocou, porém, um pequeno constrangimento: como trazer os caixotes em que muitos de nós tinham embalado as imensas coisas que viriam no «Niassa»?! 
Não era o meu caso, pois a minha tarefa mais difícil era o transporte da «adega» de bebidas que tinha em stock. Lá resolvi a questão com a cumplicidade de amigos da Base Aérea de Luanda e com o sábio conselho do Alberto Ferreira, mandado já de Águeda: «Mete 100 ou 200$00 no bolso dos soldados que andam a carregar as malas e logo vês que te arranjam as etiquetas...»
Assim foi!!! 
Neste dia, baldámo-nos (eu e o Neto) do Grafanil, depois de, ao fim da manhã e no porto de Luanda, nos terem confirmado, do «Niassa», que íamos de avião. Fomos para o Baleizão, matar as fomes do estômago e as sedes da garganta, de coração a saltar de alegria, e só de passagem estivemos no batalhão, ao fim da tarde! 
Voltámos a Luanda, idos de Viana e à civil, mas com as nossas coisas mais importantes à guarda da pessoa amiga dos Correios. Não fosse assaltada a casa! A cidade luminosa pareceu-nos diferente nessa noite. O seu bulício, os seus cheiros, os apetites que nos faziam nascer e crescer, tudo foi diverso. 
A jantar no Mutamba, com o Albano Resende, dei-lhe nota dessa diferença e de que já não era necessário que pusesse as cartas no correio, mas ele já tinha posto algumas. 
As cartas relativas ao tempo da viagem de barco! De volta a casa, peguei na minha cassete preferida, a que me matava as saudades e gerava força moral, ouvindo-lhe os repeniques da igreja de aqui ao lado e sentindo-me como se estivesse no adro, a respirar os ares de Óis da Ribeira.
Fernando M. Simões
1º. cabo de Santa Isabel

Martins de Santa Isabel
faria 68 anos !

O 1º. cabo Fernando Martins Simões, da 3ª. CCAV. 8423, faria 68 anos a 2 de Setembro de 2019. Faleceu a 17 de Agosto de 1998.
Cavaleiro do Norte da Fazenda de Santa Isabel e com a especialidade de apontador de metralhadoras, regressou a Portugal a 11 de Setembro de 1975, fixando-se no Lourinhal, em Penacova. Foi motorista profissional e uma grave doença do foro psíquico levou-o, infelizmente, ao suicídio, por enforcamento - deixando viúva e uma filha.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!
A Fazenda de Zalala

Cruz de Zalala, 68 
anos em Barcelos !

O 1º. cabo Manuel Vieira da Cruz, da 1ª. CCAV. 8423, festeja 68 anos a 2 de Setembro de 2020.
Apontador de morteiros de especialidade militar, da companhia de Zalala, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975 e fixou-se na aldeia da Boa Vista, freguesia de Aldeia, do concelho de Barcelos. Mora agora no Fragoso, também em Barcelos, para onde vai o nosso abraço de parabéns!

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