terça-feira, 3 de novembro de 2020

5 236 - Protecção a trabalhos estradais e Angola em véspera da independência!



Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, todos furriéis milicianos:
António Fernandes, Victor Guedes (falecido a 17 de Maio de 1998, de doença e em Lisboa)

Alferes milicianos Jaime Ribeiro, Augusto Rodrigues
e José Alberto Almeida na messe do Quitexe
 

Os primeiros dias de Novembro de 1974, já lá vão 46 anos e para além dos serviços operacionais de ordem, envolveram também tarefas de protecção aos trabalhos do pessoal da Junta Autónoma de Estradas de Angola (JAEA).
Os trabalhos decorriam quer na Estrada do Café, a que anda hoje liga a capital Luanda a Carmona (agora cidade do Uíge), entre Aldeia Viçosa e Ponte do Dange (a cargo dos Cavaleiros do Norte 
Alferes miliciano Carlos Silva
da 2ª. CCAV. 8423), quer do «arranjo da estrada Quitexe-Camabatela»
(pela CCS e, essencialmente pelo PELREC e Pelotão de Sapadores).
A tarefa era aparentemente tranquila. Mas só aparentemente. Na verdade e mesmo num tempo em que a aproximação dos guerrilheiros dos movimentos de libertação era cada vez mais repetida, também não é  mentira que, desconhecendo-se uns dos outros, sempre aí se achavam dúvidas, intrigas e medos.
A 2 desse mesmo mês, na véspera e no Quitexe, houve troca de pelotões da 3ª. CCAV., em «missão de serviço» na sede do BCAV. 8423, Chegou o grupo do alferes Carlos Silva, que integrava os furriéis milicianos Alcides Ricardo e António Luís Gordo, e partiu o do alferes Augusto Rodrigues, com os furriéis Graciano Silva e José Fernando Carvalho. A rotação total da CCAV. 8423, de Santa Isabel para o Quitexe, seria em Dezembro seguinte - completando-se no dia 10.
Ordem de serviços com as rotações de dois grupos
dos Cavaleiros do Norte de Santa Isabel, de e para o Quitexe

Vésperas de independência
sem cessar-fogo!

A 3 de Novembro de 1975, um ano depois (há 45!!!) e já com o Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 em Portugal, as notícias não eram as melhores. 
A independência de Angola estava marcada para o dia 11 e quanto a cessar fogo, não... havia!!! E o Governo Português fazia saber que não iria estar presente nas cerimónias comemorativas - embora se admitisse, ao tempo, que o Alto Comissário Leonel Cardoso «esteja em Luanda», segundo noticiavam as Agências Reuters, France Presse e ANOP, citadas pelo Diário de Lisboa.
O MPLA mantinha a sua intransigente posição de «não aceitar qualquer reconciliação» com a FNLA e a UNITA, que rotulava de «movimentos fantoches». O presidente Agostinho Neto reafirmou isso mesmo na 5ª.-feira anterior (30 de Outubro), em vésperas da Cimeira de Campala, convocada por Idi Amin (presidente da OUA e do Uganda).
Notícia do Diário de Lisboa de 3 de
Novembro de 1975, sobre o não
cessar-fogo em Angola
Quanto à cimeira, foi reiniciada precisamente a 3 de Novembro de 1975 e confirmava-se o não cessar-fogo que chegou a ser anunciado para as 6 horas de 1 de Novembro. «A Luanda, chegam notícias de confrontações armadas nas três frentes, o que desmente a anunciada trégua em todo o território», noticiava o Diário de Lisboa.
A OUA decidiu convocar uma reunião de emergência, «afim, de discutir o conflito angolano». Idi Amin propôs o envio de «uma força de paz africana», mas tal foi recusado pelos três movimentos.



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