domingo, 13 de dezembro de 2020

5 275 - E chegavam cartas e mimos de Natal !...

Oficiais milicianos dos Cavaleiros do Norte: os alfe-
 ares Jaime Ribeiro e José Alberto Almeida, da CCS;
 
ladeando Augusto Rodrigues (da 3ª. CCAV. 8423)


Há 46 anos, o dia 13 de Dezembro de 1974 foi sexta-feira, mas não foi de azares pelas terras do Uíge onde, ao tempo, se aquartelavam os Cavaleiros do Norte.
As quatro Companhias estavam aquarteladas  ao longo da Estrada do Café - a que ainda hoje liga Luanda e Carmona, actual cidade do Uíge: a CCS e a 3ª. CCAV. no Quitexe, a 2ª. CCAV. em Aldeia Viçosa e a 1ª. CCAV. em Vista Alegre e Ponte do Dange.
Notícia do Diário de Lisboa
Angola, pelo menos que se registassem na imprensa, não teve incidentes e a vida decorria aparentemente tranquila. Apenas se noticiavam despedimentos na Inforang, empresa de publicidade ligada à CUCA - que pertencia ao Grupo Vinhas, tal qual a Sociedade Central de Cervejas, tudo ligado ao Banco Português do Atlântico e ao Banco Comercial de Angola.
Os cerca de 15 trabalhadores em vias de despedimento na Inforang (depois de «uma primeira tentativa da entidade patronal», como relatava o Diário de Lisboa) eram publicitários, administrativos e contabilistas. A situação «agrava(va) ainda mais a crise de trabalho no sector da publicidade», depois de despedimentos na Leo Burnett, semanas antes.
Cartão de Natal e Ano Novo, deste género
 e parecidos, muito usados pelos militares.
Aqui, o condutor Canhoto Pereira, da CCS

E chegavam cartas
e mimos de Natal !...

As guarnições dos Cavaleiros do Norte preparavam-se para o seu primeiro (e único) Natal africano, sabendo-se que, como já aqui ontem lembrámos, as senhoras Amazonas do Norte se esmeravam a preparar os melhores pratos e doces de época.
Ao Uige angolano, chão africano por onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423,  chegavam aerogramas e cartas com mensagens natalícias, carreando e matando saudades - de naolradas, de mães, de familiares e amigos. Acabo de reler algumas e não pude evitar alguma emoção, nomeadamente ao dar com um «bate-estradas» do meu amigo Alberto Ferreira - companheiro de escola e ao tempo cabo especialista da Força Aérea em Luanda, na Base Aérea 9. E falecido, de doença, em 2006. Amigos até ao último dia, de e para sempre.
«Já que não temos neve nem frio, nem rabanadas e bilharacos, bacalhau e perú, nem os miminhos da mãe, ao menos que possamos estar juntos a festejar, para esquecermos um pouco esta m.... Não pode vir cá abaixo?...», perguntava-me ele, que tantas vezes foi companheiro, em Luanda, das loucuras noctívagas. 
«Arranjamos aí um programazinho, falo com o Nuno, aparece...», acrescentou, desafiando-me.
Não apareci, não pude, a noite e o dia de Natal foram vividos no Quitexe. Ele, com um casal familiar que fazia vida por Luanda - ela (prima direita dele), por lá professora; ele, o marido, gerente bancário e corredor de automóveis (o Carlos Alberto Santiago dos Reis, meu conterrâneo).
O 1º. cabo Manuel
Quaresma da Silva

Quaresma, 1º. cabo de Santa

Isabel,  faria 68 anos !

O 1º. cabo Manuel Quaresma da Silva, apontador de morteiros da 3ª. CCAV. 8423, faria 68 anos a 13 de Dezembro de 2020. Faleceu em 2004!
Natural de Cacia, freguesia do município de Aveiro, muito conhecida pela sua fábrica de celulose, lá voltou a 11 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar por terras de Angola - por Santa Isabel, Quitexe e Carmona, para onde partira a 5 de Junho de 1974. 
Resistiu à guerra e dela regressou são e salvo, mas foi impotente para a doença que lhe minou o corpo. Faleceu com 52 anos, a 6 de Fevereiro de 2004, deixando viúva e filhos, vítima de doença cancerosa.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!! 

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