quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

5 285 - Carta de Natal do Uíge para Viana do Castelo! Cavaleiros em Santa Margarida!

 


Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423, todos furriéis milicianos e na noite
 de consoada de 1974, no Quitexe: Rocha, Fonseca, Viegas, Belo (de óculos) e 
Ribeiro (de frente). De costas, Monteiro, Cândido, Machado e Dias

A parada da CCS do BCAV. 8423, com entrada 
do lado da Avenida do Quitexe. Ao fundo, as
bombas de combustível e as oficinas
Os tempos de véspera da Consoada e Natal de 1974, aos 23 dias de Dezembro, foram data de a ordem de serviço da CCS, escarrapachada na fachada da secretaria da CCS lá ter o nome do furriel miliciano Viegas como sargento de dia.
A escala de serviço para estes dias especiais era muito previsível, pelo que nem estranhei lá aparecer o meu nom - eu, o furriel Viegas. Repare-se que, de todos os furriéis milicianos da imagem da consoada natalícia do Quitexe sou o único de farda de serviço, o camuflado, na consoada de Natal. Bom, adiante!
O dia 23 de Dezembro era de segunda-feira, não havia correio de Portugal todas as segundas-feiras, mas havia correio a escrever, para o «puto». 
«Por aqui, não há os frios das meias de lã, nem a neve a esfiapar-se nos caminhos, ou entre as ervas e os nabais, e  falta-me o repenique dos sinos e o pão de ló do forno da minha mãe. Adivinho que amanhã à noite, enquanto o ti Gil e a ganapada estiverem a fazer o presépio da Igreja, mesmo ao lado, na cozinha lá de casa, deve ser um corropio, a bater os ovos e a farinha, a aquecer o forno e a levar-lhe as formas besuntadas com a massa levedada. Apetecia-me um bocado de broa  molhada no azeite do fundo do prato dos grelos com bacalhau e rapar o fundo da forma do pão de ló», escrevia eu, a minha prima Maria do Sameiro, ao tempo nos seus primeiros tempos de professora do ensino primário, lá pela minhota Viana do Castelo.
Furriéis milicianos José Querido, Victor Guedes
(já falecido), António Fernandes e Ângelo Rabiço
e, à frente, Agostinho Belo

O Governo de Portugal e os
movimentos de libertação !

Ao reler este correio - que ela mais tarde me de(volve)u e aqui guardo -, acreditem que se me rasgou um sorriso nostálgico, enroupado de saudade!
A esse dia 23 de Dezembro de 1974, mas em Kinshasa, no Zaire, consumava-se a reunião entre a delegação portuguesa e Holden Roberto, o presidente da FNLA, no âmbito, referia o Diário de Lisboa desse dia, das «diligências em curso para a próxima convocação, em Luanda, de uma conferência que reunirá os dirigentes portugueses e os chefes dos movimentos de libertação».
Sonhos de um tempo de franca alegria e (in)fundadas expectativas
O alferes Carlos Sampaio, ladeado pelos furriéis
Mota Viana e Eusébio Martins, à esquerda, e
Jorge Queirós, à direita


Alferes e furriéis milicianos
no BCAV. 8423 e no RC4 !

O dia 23 de Dezembro de 1973, um domingo de há 47 anos, foi tempo de apresentação de vários futuros Cavaleiros do Norte no RC4, em Santa Margarida, «nomeados para servir no ultramar, com destino ao BCAV. 8423».
Os seguintes:
- Alferes milicianos atiradores de Cavalaria Pedro Rosa e Carlos Sampaio (para a 1ª. CCAV.), João Periquito e Jorge Capela (2ª. CAV. 8423), Mário Simões e Carlos Silva (3ª. CCAV.).
- Alferes milicianos de Operações Especiais (Rangers) Mário Jorge Sousa (para a 1ª. CCAV.), João Machado (2ª. CCAV.) e Augusto Rodrigues (3ª. CCAV.).
- Furriéis milicianos Américo Rodrigues (para a 3ª. CCAV. 8423) e José Querido, António Flora (para a 3ª. CCAV.), todos atiradores de Cavalaria.

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