sábado, 30 de janeiro de 2021

5 323 - Alferes Machado já «descovidado»! Motim em Luanda, calma no Uíge !

Os alferes miliciano João Machado (já com alta e «descovidado») e Carvalho de Sousa,
com o 1º. sargento Fernando Norte (já falecido). Cavaleiro do Norte da 2ª. CCAV. 8423
do BCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa

Há 46 anos, o alferes Machado fazia turismo
angolano: de Aldeia Viçosa até às famosas Quedas
do Duque de Bragança


A notícia do dia tem a ver com o alferes miliciano João Machado: já está em casa e «descovidado». Ainda que em tratamento de recuperação.
Atacado pelo vírus, esse inimigo invisível e traiçoeiro que está a enlutar o mundo, esteve internado em Lisboa e ventilado durante 10 dias, passou aos cuidados continuados do Montijo, perdeu massa muscular, teve de ser operado no hospital do Barreiro e, ala que se faz pare, pôs-se ao fresco e na sua casa da Amadora.
«Ando na fisioterapia e consultas médicas. Um gajo dá em maluco, mas sinto-me bem, com a esperança de recuperar fisicamente», disse-nos João Machado, ao telefone e a falar da sua casa da Amadora, onde comunga os prazeres do lar e os partilha com a família próxima. O melhor «remédio» para este tempo de incertezas e lutos.
«Carambas, pá... Crescemos com o Salazar e o estigma da guerra, apanhámos com o 25 de Abril, a descolonização, o desemprego, os FMI´s e as troikas, as crises e os desgovernos do país e agora aparece-nos esta coisa, que nem vemos nem sabemos o que é...», comentou o João Machado.
Grande abraço, tudo de bom..., grande Machado. Não há vírus que abata o cerne de um Machado que foi Cavaleiro do Norte do BCAV. 8423! 
Aerograma de Alberto Ferreira, da Força
Aérea, com notícias de Luanda para o
furriel Viegas, da CCS. Tinha o nº.
 31. Eram numerados !

Véspera do Governo de
Transição de Angola !

Há 46 anos, o dia 30 de Janeiro de 1975 foi uma quinta-feira, dia de véspera da tomada de posse do Governo de Transição de Angola e, lá pelo Uíge, fervia a curiosidade por saber quem seriam os seus membros.
A imprensa angolana (escrita) que chegava ao Quitexe e ao norte de Angola (geralmente jornal «A Província de Angola», que se publicava em Luanda e nem sempre la chegava no mesmo dia) pouco adiantava e muito menos a de Lisboa - que chegava muito mais tarde, quando chegava.
Era o meu saudoso amigo Alberto Ferreira, aquartelado na Base Aérea de Luanda, quem, por aerograma, me dava algumas dicas: «Consta que no Colégio Presidencial pelo MPLA vai estar Lopo do Nascimento, José N´Dele pela UNITA e Johnny Eduardo da FNLA, mais uma série de ministros cujos nomes pouco conheço...», escrevia-me ele, a 28 de Janeiro desse ano de 1975, em correio que recebi a 30 - hoje se passam 46 anos.
O ministro da Economia, e isso já era certo, seria o português Vieira de Almeida. Tinha sido ministro da Economia e Finanças do 1º. Governo Provisório que se seguiu ao 25 de Abril, em Lisboa.
Edifício do Comando do BCAV. 8423, mo
Quitexe. A porta mais à direita era a do
gabinete do comandante A. Brito

Motim em Luanda,
calma no Uíge !

A noite da véspera, em Luanda, fora tempo para um motim na Cadeia Civil. 
Soldados portugueses dispararam para o ar, durante a insurrecção, e também acudiram patrulhas da FNLA e do MPLA «para controlar a situação». O incidente provocou ferimentos em em dois reclusos e a evasão de uns quantos (um número desconhecido).
A cidade, ainda assim, estava calma e os presos reclamavam «uma amnistia, por altura da tomada de posse do Governo de Transição» - no dia seguinte.
Calma ia também a ZA dos Cavaleiros do Norte, remetida a aquartelamentos na zona do asfalto, na Ponte do Dange e Vista Alegre (onde estava a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, comandada pelo capitão miliciano Davide Castro Dias), em Aldeia Viçosa (operacionalmente dependente da 2ª. CCAV., do capitão miliciano José Manuel Cruz) e Quitexe - onde estava o Comando do Batalhão (do tenente coronel Almeida e Brito), a Companhia de Comando e Serviços (CCS, do capitão SGE António Oliveira, e a 3ª. CCAV. a de Santa Isabel, do capitão miliciano José Paulo Fernandes.

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