terça-feira, 2 de março de 2021

5 355 - O dia do adeus da CCS dos Cavaleiros do Norte ao uíjano Quitexe!

A avenida do Quitexe. À direita, o edifício do Comando do BCAV 8423, o imbondeiro
e os pavilhões no espaço das casernas, oficinas, cozinhas, refeitório e balneários dos
praças dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423. A 24 de Setembro de 2019

A avenida do Quitexe, na saída para Camabatela. À esquerda,
vê-se o edifício do Comando (com roupa a secar) e o espaço
da porta d´armas do quartel, antes da casa cor de laranja

Os Cavaleiros do Norte da Companhia de Comando e Serviços (CCS) do Batalhão de Cavalaria 8423 (BCAV. 8423) deixaram a vila do Quitexe a 2 de Março de 1975. Um domingo de há precisamente 46 anos e rodando para Carmona - a actual cidade do Uíge, capital da província angolana do mesmo nome.
Foi o dia do adeus!

O momento desse dia foi quase nostálgico, seguramente muito emotivo, na altura deixando para trás uma terra que nos recebera em Junho anterior e da qual levávamos um coração já cheio de saudades! E pouco importa, agora, fazer memória dos momentos de desventura, de medos e de riscos que foram aos 9 meses em que, galgando os trilhos e as matas uíjanas, nas escoltas e nos patrulhamentos que são memória desse tempo, sempre arriscando a vida, nos entregámos à missão que a Angola nos levou. Nisso temos honra!
A azáfama começara nas vésperas deste dia de deus: a preparação da coluna militar, o carregamento de haveres, a mobilização de tarefas para que a rotação fosse feita tranquilamente. Tudo como devia ser. Por lá ainda iria ficar a 3ª. CCAV. 8423, a dos Cavaleiros do Norte da Fazenda Santa Isabel, comandada pelo capitão miliciano José Paulo de Oliveira Fernandes - que de lá rodou, também para Carmona, a 8 de Julho de 1975.
Os furriéis milicianos Farinha (falecido),
Neto e Viegas, com o inesquecível
«engraxador» Agostinho Papélino

Agostinho Papélino
O último olhar, o do
adeus ao Quitexe!

A manhã desse domingo e em cima de uma Berliet, na avenida principal do Quitexe, à frente da messe de oficiais, foi tempo de olhar a vila, da igreja ao parque-auto, ao posto 5 que se via à entrada, do lado de Luanda, as messes, à administração civil e às casas «militarizadas», os bares e restaurantes, a enfermaria e o bar dos soldados.
 E olhar o olhar triste do Papélino, o adolescente/criança engraxador que fazia as nossas delícias e tanto queria vir para Portugal. Escondeu-se de nós, atrás de uma enorme bananeira da xitaca, espreitando de olhos grandes por entre as folhas gigantes que tapavam os cachos. 
Alguns civis, olhavam-nos com alguma ironia, até com desdém, e rodavam outros avenida acima, avenida abaixo, buzinando e como que escarnecendo de nós. Ainda hoje penso que nem sonhavam o que seria o seu futuro próximo. A hora de marcha chegou e nesse momento senti que um dia voltaria ao Quitexe. E voltei! A 24 e 25 de Setembro de 2019!
José Almeida
alferes capelão


Capelão José Almeida
faleceu há 26 anos !

O alferes capelão José Ferreira de Almeida, alferes miliciano dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, faria 76 anos a 13 de Julho de 2020, mas faleceu, de doença cancerosa, a 2 de Março de 1995, aos 50 anos e quando era professor em Viseu.
Natural de Vila, freguesia de Silvã de Cima, no Sátão, a nasceu a 13 de Julho de 1944, filho do segundo casamento de Firmino Seixas de Almeida, viúvo, e de Maria do Carmo Ferreira. Foi ordenado sacerdote a 23 de Julho de 1967, aos 22 anos e por D. José Pedro da Silva, ao tempo Bispo de Viseu.
Oficial miliciano, foi capelão militar de várias unidades que serviram no norte de Angola e, a partir de Junho de 1974, do BCAV. 8423, sediado no Quitexe, até Dezembro do mesmo ano, quando, em final de comissão, regressou a Portugal. Pouco depois abandonou o sacerdócio e casou. 
Hoje o recordamos com saudade. RIP!! - Ver AQUI
Jorge Capela, alferes
miliciano (1974)
Jorge Capela
em 2017

Capela, alferes de Aldeia
Viçosa, 69 anos em Oeiras

O alferes Jorge Manuel de Jesus Capela, da 2ª. CCAV. 8423, festeja 69 anos a 2 de Março de 2021.
Oficial miliciano dos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa e atirador de Cavalaria de especialidade militar, regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975 e fixou-se em Lisboa, na Rua Fernão de Magalhães - a sua residência desse tempo revolucionário que «incendiava» Portugal.
Profissionalmente, é técnico oficial de contas e participante sempre activo e bem presente nos encontros anuais dos «aldeia-viçosas». Vive e trabalha em Oeiras, para lá e para ele, indo o nosso abraço de parabéns!
A. Florêncio
em 1974/75
A. Florêncio
em 2009

Florêncio, atirador do PELREC
da CCS, 69 anos no Sardoal !


O soldado Augusto Florêncio foi atirador de Cavalaria da CCS do BCAV. 8423, a do Quitexe, e festeja 69 anos a 2 de Março de 2021.
Cavaleiro do Norte do PELREC, regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) jornada africana do Uíge angolano, a Monte Cimeiro, freguesia de Santiago de Montalegre, no Sardoal. Trabalhou na construção civil e, com vários problemas de saúde (ao nível da coluna), já está aposentado e vive no Sardoal, para onde vai o nosso abraço de parabéns! 

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