terça-feira, 31 de agosto de 2021

5 538 - A memória do furriel Américo Rodrigues, que, de doença, faleceu há 3 anos!

O furriel Américo Rodrigues na Angola
de 1974/11975, Cavaleiro do Norte
da 1ª. CCAV. 8423 do BCAV. 8423

O Rodrigues e a esposa
no encontro de 2016

O furriel miliciano Rodrigues faleceu a 30 de Agosto de 2018 e o funeral realizou-se no dia seguinte, há 3 anos. Inesquecível e inesquecido, hoje aqui fazemos a sua memória.
Américo Joaquim da Silva Rodrigues foi atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV, 8423, a de Zalala, especializado na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e faleceu após prolongada e incurável doença, que o levaram a a sucessivos internamentos em hospitais do Porto e de Vizela.
Natural do lugar de Ribeira de Cima, freguesia de Vale de S. Cosme, no concelho de Vila Nova de Famalicão - cidade onde há muitos anos residia. Foi profissional do sector têxtil e estava aposentado e era grande animador do encontros dos Cavaleiros do Norte da Zalala - e de Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona. 

O furriel atirador que foi
Furriel Américo
J. S. Rodrigues
eficiente vagomestre !

A especialidade militar, não «evitou» que, pelo norte uíjano de Angola, exercesse outras funções, as de vagomestre, e de tal forma as exerceu que foi louvado pela «maneira eficiente e dedicada como desempenhou as funções, que estavam fora da sua especialidade, mas para as quais houve que ser nomeado».
O louvor proposto pelo capitão Davide Castro Dias, comandante da 1ª. CCAV. 8423, sublinha que o furriel miliciano Rodrigues «impôs-se à consideração da subunidade, o que leva a afirmar ter sido preciosa a sua colaboração, pelo muito que contribuiu para facilitar a acção do comando».
«Apreciado pela colaboração prestada aos seus superiores, não é menos verdade que de igual modo viu os seus serviços sempre desejados e compreendidos pelos seus subordinados, razões estas que, na mais elementar justiça, conduzem a público apreço das suas actividades militares», conclui o louvor, publicado na Ordem de Serviço nº. 165.
O Rodrigues era o companheiro e o amigo que todos queriam ter, colaborante, solidário e amigo, com a palavra crítica e fraterna no hora certa e a bonomia de sempre, de sorriso franco e lealdade permanente. Colaborador habitual deste blogue, ele recebemos muita informação e memórias do nosso colectivo, cultivava a amizade fácil, que partilhava de coração aberto e feliz. 
O Rodrigues deixou sentidas e imensas saudades, embrulhadas de emoção, que mandamos, em abraço solidário, para a sua amada Angelina, mulher da sua vida,  e seus dois filhos!
Até um destes dias, amigo Rodrigues! Havemos de nos encontrar um dia, para fazer memórias da nossa jornada africana de Angola! 
RIP!!!

Mendes de Zalala, 69
anos em Oleiros !

O soldado Carlos Alberto Lopes Fernandes Mendes, combatente da 1ª. CCAV. 8423, festeja 69 anos no dia 30 de Agosto de 2020.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar dos Cavaleiros do Norte da mítica Fazenda Maria João, a de Zalala, também jornadeou por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona - antes do período final, o de «hospedagem» no BIA do Campo Militar do Grafanil, nos arredores de Luanda.
Regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, fixando-se em Quartos de Oleiros, lugar da freguesia de Álvaro, concelho de Oleiros. Supomos que ainda lá residirá e para onde vai o nosso abraço de parabéns!

PSPA e Voluntários
no Sector do Uíge 

A remodelação militar «imposta pelo MFA» levou, a 31 de Agosto de 1974, há 47 anos, que as 3ª. e 4ª. Companhias da PSPA/ Guarda Rural a «passarem à dependência operacional do Comando do Sector do Uíge» - o CSU, instalado em Carmona.
A Organização Provincial de Voluntários de Defesa Civil de Angola (OPVDCA) também passou a depender do CSU, assim «deixando de estar na dependência do BCAV. 8423». A Polícia de Informação Militar (PIM), ainda no âmbito desta remodelação, «passou a ter a designação de Gabinete Especial de Informação» - o GEI. Há 47 anos!
Até aí e desde 14 de Junho de 1974, estava dependente do Batalhão de Cavalaria 8423, comandado por Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito, tenente-coronel de Cavalaria.

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

5 537 - A evacuação do soldado Raposo para Lisboa! Greve do... mar e Cavaleiros de avião!

O TRMS Rogério Silvestre Raposo e o furriel miliciano Plácido Queirós, com
um outro Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala (à direita, quem
será?). O Raposo foi evacuado para Lisboa há precisamente 42 anos

Sala de Operações do BCAV. 8423, na vila do Quitexe: 1º.
cabo Emanuel Santos, 1º. sargento João Barata e alferes
 miliciano António Garcia (falecido a 2/11/1979)
Rogério Silvestre Raposo,
TRMS da 1ª. CCAV. 8423

O soldado Rogério Silvestre Raposo foi evacuado de Luanda para Lisboa a 31 de Agosto de 1975. Há 46 anos!
Especialista de transmissões da 1ª. CCAV. 8423, de Luanda para Lisboa.
Cavaleiro do Norte, jornadeou pela mítica Fazenda Maria João, a de Zalala, seguindo-se Vista Alegre/Ponte do Dange e Songo, antes de Carmona e depois do Campo Militar do Grafanil. Tinha sido internado no Hospital Militar de Luanda «com problemas nas pernas». Antecipou-se ao regresso dos Cavaleiros do Norte e pôde reencontrar a filha Ana, que deixara bebé. Morava nas bandas de Sintra e ainda teve um casal de gémeos (o Ludjero e a Marisa, que viria a ser tenente da Força Aérea), tendo voltado a Angola para trabalhar como carpinteiro numa firma angolana de empresários portugueses.
O porto de Luanda (imagem da net)

Greve do... mar e
Cavaleiros de avião!

O dia 31 de Agosto de há 46 anos foi domingo e tempo de se saber da continuada luta reivindicativa dos trabalhadores dos portos, através do Federação dos Sindicatos do Mar, exigindo «subsídio de guerra a 100% do vencimento, proteção militar, subsídio de viagem superior a 60 dias e seguro de vida de 1000 contos por trabalhador».
O Ministério dos Transportes e Comunicações respondeu: «Não ao subsídio de guerra, sim à proteção militar, talvez ao subsídio de viagem e nunca ao seguro de vida». E justificava que «o Governo Português não reconhece Angola como zona de guerra» e que «o subsídio constituiria uma injustiça face ao povo angolano e à sua luta de libertação e aos portugueses que lá continuam a trabalhar sem para tal receberem qualquer subsídio».
Mal sabiam os Cavaleiros do Norte - não sabiam, de todo... - quanto isso iria influenciar o seu regresso a Portugal. Era para ser de barco, no «Niassa» a galgar o Atlântico fora, acabou por ser de avião.

Chegada dos Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423
à Fazenda Santa Isabel, a 11 de Junho de 1974

Brito de Santa Isabel,
70 anos em Lisboa!

O Brito de Santa Isabel, soldado atirador de Cavalaria da 3ª. CCAV. 8423, está hoje em festa: comemora 70 anos.
António Joaquim Faria Bacelar de Brito tem história curiosa, enquanto Cavaleiro do Norte: «(...) passa(ou) à situação de desertor» a 8 de Março de 1974, porque, segundo a Ordem de Serviço nº. 60 do RC4 (da véspera) «se encontra(va) na situação de ausência ilegítima sem licença desde 28 de Fevereiro de 1974».
O que se passou, entretanto, não sabemos, mas o o certo é que embarcou para Angola a 5 de Junho desse ano e de lá regressou a 11 de Setembro de 1975 - ao Pátio da Torrinha, em Lisboa (Avenida 24 de Junho). Mora(rá) agora nas Mercês (na Cruz de Morais) e para lá vai o nosso abraço de parabéns!

domingo, 29 de agosto de 2021

5 536 - A (não) viagem de regresso no navio «Niassa» ! Os insultos civis a militares!

Os furriéis milicianos Viegas e Neto no jardim do Quitexe. Há 46 anos e em Luanda,
foram nomeados para fazer a distribuição dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423
nas camaratas do navio «Niassa» que nos traria para Lisboa. Mas viemos de avião! 
O navio «Niassa», no qual o BCAV. 8423 esteve para
regressar a Portugal. Há 46 anos! Afinal, viajámos
 em aviões dos TAM, companhia a companhia e
em 4 viagens de Luanda a Lisboa


O capitão António Martins de Oliveira era oficial do SGE e comandante da CCS do BCAV. 8423. Tinha aquela «graça», pouco agradável, de «simpatizar» com os furriéis Neto e Viegas, a quem chamava judeus, por serem de Águeda.
E fôra de Águeda, da então Escola Central de Sargentos (futuro Instituto Superior Militar e agora Pólo da Universidade de Aveiro), que ele saiu em 1974, mobilizado para Angola e para comandar a CCS. 
Passou a jornada africana do nortenho Uíge de Angola a implicar connosco e, há 46 anos, em vésperas do então anunciada viagem de regresso a Portugal, nos destacar para, com outros (o 1º. sargento Luzia foi quem nos foi «abrir» a porta ) irmos ao navio «Niassa» (foto), que estava no porto de Luanda, fazer a distribuição do pessoal que, do BCAV. 8423, partiria de Luanda para Lisboa, a 8 de Setembro de 1975. 
E lá fomos! Numa altura em que o seu pessoal estava de greve!|
Isto aconteceu nos últimos dias de Agosto e não gostámos muito da incumbência e ainda menos do barco! Mas tinha de ser e, com alguém do «Niassa» (não me lembro bem como), ainda por lá andámos as ver porões e camaratas, cheios de papéis e de nomes na mão, para desarriscar do rol. 
Felizmente, a coisa deu para virmos de avião dos TAM (Transportes Aéreos Militares) e, quando o soubemos, só não pusemos foguetes por não os termos. Entre 8/9 horas de avião e 9/10 dias de barco, não era preciso vir o diabo escolher. Quem por nós decidira, decidira muito bem! 
O Machado (que ontem fez 69 aninhos, festejados na sua casa de Braga) também por lá esteve connosco numa das idas e, nessa, guiava um jeep militar.  Decidimos ir almoçar para a Mutamba e metemo-nos ao trânsito da cidade. Que não era tão fluído assim e nos «enrascou». Melhor dizendo, «enrascou» o Machado - que se viu em palpos de aranha para fazer uma manobra, por falta de «bracagem» da viatura. Íamos fardados e fomos brindados com uma monumental assobiadela e um rol de nomes bem pouco simpáticos.
A comunidade civil, na verdade - ainda que injustamente... -, andava revoltada com a tropa portuguesa, não poupava quem visse de farda e insultava. Foram assim muitos dos nossos últimos dias de Angola, em Agosto e até 8 de Setembro de 1975. 
Manuel Vilaça,
apontador de 

morteiros de Zalala

Vilaça de Zalala, 69
anos em Famalicão !

O soldado Manuel Joaquim Vilaça da Silva, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, festeja 69 anos a 29 de Agosto de 2021.
Apontador de morteiros dos «zalalas» do BCAV. 8423, integrou o grupo de combate comandado pelo alferes miliciano Pedro Rosa e regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, à sua natal Barroca, povoação da  freguesia de Outriz, em Vila Nova de Famalicão.
Lá continua a morar, agora já aposentado, e é frequentador permanente dos encontros dos «zalalas» do capitão miliciano Davide Castro Dias. Para lá e para ele, vai o nosso abraço de parabéns! 
Carlos Costa, de
Zalala, o Alfama

Costa, o Alfama de Zalala,
faria 69 anos. Morreu em 2015!

O soldado Carlos Alberto dos Santos Costa, da mítica Fazenda Maria João, a de Zalala, faria 69 anos a 29 de Agosto de 2020. Faleceu a 24 de Abril de 2015.
Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423 e especialista de transmissões, por lá era conhecido e muito mais popularizado como Alfama - da lisboeta Alfama era ele -, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, à sua casa da avenida 24 de Julho, na freguesia de Santos, em Lisboa.
O pouco que sabemos dele é de informação do furriel João Dias, seu superior hierárquico por terras angolanas: vivia em Azeitão, no concelho de Setúbal, onde faleceu há pouco mais de 6 anos. Supostamente, de doença.
Hoje o recordamos com saudade. RIP!!! 

sábado, 28 de agosto de 2021

5 535 - MPLA denunciou invasão sul-africana! Cavaleiros do Norte a fazer vésperas para o regresso!

 

Grupo de Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 no jardim das piscinas de Carmona, 
em 1975 e todos milicianos: alferes Pedrosa de Oliveira e furriéis Manuel Machado
 (que hoje faz 69 anos), José Lino, Nelson Rocha e António José Cruz
Cavaleiros do Norte, furriéis milicianos à entrada da Casa
 dos Furriéis do Quitexe: Grenha Lopes, Viegas, António
Fernandes (de bigode) e Delmiro Ribeiro (de óculos)


O dia 28 de Agosto de 1975, há 46 anos!..., foi tempo de o MPLA de Agostinho Neto, denunciar a invasão de Pereira d´Eça por forças militares sul-africanas.
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, a poucos dias dias de regressarem a Portugal e continuando como «unidade de reserva da RMA», aquartelados no Campo Militar do Grafanil, mantinham-se muito expectantes sobre a actualidade angolana e a riscar dias do calendário, para o do regresso a Portugal.
«Forças sul-africanas continuam a violar o território angolano», acusava o movimento presidido por Agostinho Neto, dando conta que a chegada a Pereira d´Eça acontecia depois de «terem destruído completamente um centro populacional civil».
A invasão passou pelo posto fronteiriço de Santa Clara, no dia 21 e repetido a 26, neste caso continuando em Namacunde, em direção ao Chieve.
«O que acontece neste momento na fronteira Sul não difere, na essência, do que acontece a norte, nas fronteiras do Zaire e do Uíge», referia o MPLA, aludindo, implicitamente, «a ingerências da República do Zaire nos assuntos internos de Angola».
O comunicado do MPLA chamava, depois, «a atenção das autoridades políticas e militares portuguesas para as responsabilidades que ainda lhe cabem, na condução conjunta do país» e protestava a África do Sul «por esta violação e agressão», exigindo das suas autoridades «a retirada imediata de quaisquer efectivos militares que se encontrem abusivamente em território angolano».

Angola poderia alimentar
50 milhões de pessoas !

Os arranjos da rede estradal do Uíge, e particularmente na ZA dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, continuavam um ano antes, pelos fins de Agosto de 1974.
A segurança dos trabalhadores da Junta Autónoma de Estradas de Angola (JAEA) era, recordemos e naquela área uíjana, assegurada «sob protecção de escoltas militares» dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
O dia 28 de Agosto de há 45 anos foi tempo de Tangisina Kuzayiladio, representante da FNLA, considerar em Budapeste (capital da Hungria) que «as riquezas de Angola e do seu território inexplorado poderão alimentar 50 milhões de pessoas». O que, precisou, não se poderia concretizar «enquanto Angola não se tornar independente».
Tangisina Kuzayiladio falava na Conferência Sobre a População Mundial, onde admitiu, todavia, que «enquanto Angola não se tornar independente, esses problemas deverão passar para segundo plano, a fim de que todos os esforços sejam desenvolvidos no sentido da obtenção da liberdade».
Amaral e a neta Inês

Amaral, sapador da CCS, 69
anos em Lordelo do Douro !

O soldado sapador Amaral, Cavaleiro do Norte da CCS do BCAV. 8423, festeja 69 anos a 28 de Agosto de 2021.
António José da Silva Amaral jornadeou pelo Quitexe e Carmona e regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, à Foz do Douro, no Porto. Trabalhou na área da construção civil e, já aposentado, mora agora no Bairro Nuno Pinheiro Torres, em Lordelo do Ouro.
O António Amaral não falta aos encontros anuais da CCS dos Cavaleiros Norte, infelizmente interrompidos pela pandemia, e para ele vai o nosso abraço de parabéns!!!

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

5 534 - Violação do território angolano! Julgamento popular e fuzilamento de 6 FAPLA´s!


Cavaleiros do Norte no jardim das piscinas de Carmona, em 1975: furriéis
António Cruz,  José Lino e Manuel Afonso Machado (que amanhã faz 69
anos, em Braga), alferes Pedrosa de Oliveira e furriel Nelson Rocha

O furriel Manuel Machado (primeiro, do lado esquerdo)
e o alferes António Cruz (de bigode) numa saída para
trabalhos de manutenção de material do BCAV. 8423.
Quem reconhece o furriel sentado (à direita), ao
 lado do condutor do Unimog?

A 27 de Agosto de 1975, um comunicado do MPLA deu conta que, na véspera, forças militares sul-africanas «voltaram a violar a zona de Santa Clara, prosseguindo desta vez a sua marcha para Namacunde, em direcção a Chieve». 
A primeiro violação do território angolano já teria acontecido no dia 21, pelo mesmo posto fronteiriço de Santa Clara, povoação que, relatava o Diário de Lisboa, «foi totalmente arrasada». A 27 de Agosto de há 46 anos e ainda segundo o comunicado do MPLA, «ameaçavam invadir Pereira d´Eça, capital do Cunene»,
distrito controlado pelo movimento
Invasão sul-africana de Angola, na imprensa
portuguesa de há precisamente 46 anos
presidido por Agostinho Neto.
O Conselho de Ministros português, presidido pelo coronel Vasco Gonçalves (o 1º. Ministro de então), já na madrugada desse mesmo dia 27 de Agosto de 1975 - e após uma reunião de 15 horas, começada na véspera... e em Lisboa - aprovou a «emissão de obrigações da dívida pública até 5 milhões de contos, relativas às deslocações e assistência aos retornados nacionais».
Era, segundo o comunicado do Conselho de Ministros, o valor dos encargos previstos para o ano de 1975, «a realizar ou já assumidas». Por essa altura, recordemos, uma histórica ponte aérea estava a, diariamente, transportar milhares de civis de Angola para Lisboa. Os chamados «retornados».
Notícia do Diário de Lisboa sobre o julgamento
e fuzilamento de 6 militantes do MPLA.
Há precisamente 46 anos!

Julgamento popular e 
fuzilamento de 6 FAPLA´s

O dia 27 de Agosto de 1975, já lá vão 46 anos..., fica para a história angolana como sendo o do primeiro julgamento de um tribunal popular, que condenou à morte 6 elementos das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA),o exército do MPLA.
O julgamento decorreu no bairro Sambizanga, um dos vários dos subúrbios da capital angolana, sendo os 6 elementos acusados de «violarem, roubarem e assassinarem 11 pessoas». O tribunal, cuja composição desconhecemos, segundo o Diário de Lisboa então reportou, «pronunciou-se contra os réus, que foram fuzilados em público».
O MPLA, sobre os factos, emitiu um comunicado em que alertou os seus militantes para «a necessidade de cumprirem, integral e conscientemente, as disposições contidas nas leis de disciplina das FAPLA» e, por outro lado, reafirmou «mais uma vez», que «toda a infração a esse lei será punida  com a justiça e a rigidez que ele permite e que a gravidade do caso impuser».
O furriel Machado,
doutor de Portugal,
desde Dezembro 2014

Doutor Manuel Machado, 
69 anos em Braga!!!

O furriel miliciano Machado, mecânico de armamento da CCS dos Cavaleiros do Norte, está em festa no dia 28 de Agosto de 2017: comemora 69 anos!
Furriel miliciano, ponto e vírgula: senhor doutor (por extenso) Manuel Afonso Machado, pois é doutorado em Ciências Empresariais pela Universidade Fernando Pessoa, desde 10 de Dezembro de 2014. A tese de doutoramento e foi «A avaliação da qualidade de serviço e da satisfação dos clientes da EDP Distribuição» - com a classificação máxima no grau pela Universidade Fernando Pessoa: aprovado por unanimidade do júri e com felicitações.
O Machado já era um dos primeiros a ter o grau de mestre pelo Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), de que é docente convidado, e o segundo antigo aluno Doutorado em Ciências Empresariais. É licenciado em Contabilidade, pós-graduado em Higiene e Segurança do Trabalho, especialista em Gestão de Empresas, Mestre em Gestão e Doutor em Ciências Empresariais.
Profissionalmente, é Técnico Superior de Higiene e Segurança do Trabalho, acreditado pela Autoridade das Condições de Trabalho (ACT). Tem publicados artigos da área da gestão, em revistas científicas da especialidade. 
Os parabéns dos Cavaleiros do Norte são expressão merecida para o indesmen
tível mérito deste companheiro da jornada africana do Uíge angolano, que nasceu em Covelo do Gerez (Montalegre), mora em Braga, amanhã faz 69 anos e se tornou Doutor de Portugal. Grande abraço, grande Machadinho!!! 

entejana Sines!
Os 1ºs. cabos Coelho, Jorge Silva e Lago 
Jorge Silva

Os 68 anos do Silva, 
1º. cabo de Zalala, 

O 1º. cabo Jorge Manuel da Silva, Cavaleiro do Norte  da 1. CCAV. 8423, a de Zalala, festeja 69 anos a 27 de Agosto de 2021.
Rádio-telegrafista de especialidade, Jorge Manuel da Silva regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, fixando-se no  Corvo, freguesia de Carquerê, em Resende, de onde é natural. 
A vida «mobilizou-o» para Lisboa onde, por mais de 30 anos,  foi recepcionista-chefe da Messe de Sargentos, na Rua Luciano Cordeiro. Agora já aposentado, divide-se entre o Cacém e a Ericeira, para onde vai o nosso abraço de parabéns pelos 69 anos que hoje comemora!

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

5 533 - Crimes monstruosos na Luanda de 1975! Prática de crime de autêntico genocídio!

 

Cavaleiros do Norte à porta do bar e messe de sargentos do Quitexe, todos furriéis
milicianos: Ribeiro, Capitão (falecido a 05/01/2010, de doença e em Vila Nova de
Ourém), Lopes (enfermeiro da CCS), Flora, Viegas, Rocha e Bento. Em baixo,
Reino, Lopes (atirador da 3ª. CCAV. 8423), Belo e Carvalho

Notícia do Diário de Luanda de 26/08/1975, sobre
as valas comuns de S. Pedro da Barra e Farol
das Lagostas. Recorte de Rodolfo Tomás 


Luanda e  Campo Militar do Grafanil. Terça-feira, dia 26 de Agosto de 1975, há 46 anos, exactamente duas semanas antes da partida dos Cavaleiros do Norte para Lisboa. 
A imprensa foi chamada à Fortaleza de S. Pedro da Barra e Farol das Lagostas para «verificar horrores que ultrapassam os limites do suportável».
O «Diário de Luanda» (imagem ao lado) falava de «crimes monstruosos cometidos pelos ocupantes dos Farol das Lagostas e da Fortaleza de S. Pedro da Barra». E acrescentava que «corpos humanos em adiantado estado de decomposição testemunham a prática de crime de autêntico genocídio».
Notícia do Diário de
Lisboa de 26/08/1975

O Diário de Lisboa, por sua vez, lembra(va) que de lá tinham sido evacuados recentemente os soldados da FNLA e que a 3 quilómetros do Forte os jornalistas encontraram «uma vala comum cheia de cadáveres em adiantado estado de decomposição e juncada de despojos humanos» .
«Outros corpos, empilhados em diversas outras valas, não puderem ainda ser exumados, visto a FNLA terminado o terreno», acrescentava  o Diario de Lisboa.
Diário de Lisboa de 26/08/1975

MPLA a «tomar»
território angolano

A cidade de Luanda estava estranhamente calma e no Caxito também não tinha havido alteração da situação militar, embora se verificasse «intenso movimento de forças do MPLA e da FNLA» o que, obviamente, fazia (deixava) «prever a possibilidade de confrontações, talvez as próximas horas».
O Lobito observava a saída das forças da FNLA, por mar e pela marinha portuguesa, para Santo António do Zaire Zaire. A UNITA já tinha saído e a área era controlado pelo MPLA. Tal como Moçâmedes, de onde também a FNLA estava para sair, negociando-se nessa altura a evacuação da UNITA.
Uma coluna militar portuguesa foi de Nova Lisboa ao Alto do Catumbela resgatar 1200 civis que estavam retidos junto à fábrica de celulose, «tendo regressado sem novidade». Pereira d´Eça, General Roçadas e Humbe, mais a sul, também ficaram controladas pelo MPLA.
Sá da Bandeira, que era «importante centro cafeeiro e rodoviário», estava desde a véspera «em posse de unidades do movimento de Agostinho Neto». «As forças da FNLA e da UNITA capitularam e comprometeram-se a abandonar a zona urbana no espaço de 24 horas e de toda a província da Huíla em 48 horas», reportou o Diário de Lisboa.

O comandante Carlos
Almeida e Brito

Almeida e Brito no
Comando de Sector

Um ano antes e para «contactos operacionais», o comandante Carlos Almeida e Brito foi do Quitexe a Carmona, onde reuniu no Comando do Sector do Uíge (CSU).
O tempo era de «não realização de acções ofensivas». Já, na verdade, não se faziam operações nas áreas dos quartéis IN e os Cavaleiros do Norte passaram a «apertar a malha dos patrulhamentos ao longo de toda a ZA» - assim garantindo «a segurança dos centros urbanos e a liberdade de itinerários».
O dia ficou na história por ser o da assinatura, em Argel, do acordo entre Portugal e o PAIGC, através do qual era reconhecida a independência da Guiné-Bissau - marcada para o dia 12 de Setembro desse ano de 1974. As tropas portuguesas, segundo o acordo, abandonariam o território até 31 de Outubro.

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

5 532 - Armamento para a FNLA em Carmona! Situação caótica em Nova Lisboa !

Grupo de Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa, com o furriel miliciano Jesuíno
suíno Pinto (destacado pela seta e falecido a 3 de Maio de 2017) a abraçar o
também furriel Carlos Letras (de bigode). 
Quem ajuda a identificar os restantes?


Os furriéis milicianos Viegas, Mosteias (falecido a 5 
de Fevereiro de 2013, de doença e em Santo André)
e Neto, na messe de sargentos de Carmona


As notícias de 25 de Agosto de 1975, há 46 e sobre Angola, não eram as melhores. Continuavam os «confrontos armados de Nova Lisboa, especialmente conduzidos por elementos da Facção Chipenda» e registavam-se «perseguições a militantes e simpatizantes do MPLA», atingindo «enorme violência».
Os seus tropas e dirigentes «refugiaram-se nos quartéis portugueses, 
Notícia do Diário de Lisboa
de 25 de Agosto de 1975
aguardando que um contacto entre MPLA e UNITA permita a sua saída da cidade e a troca de prisioneiros».
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 continuavam no campo Militar do Grafanil e, no meu caso (editor do blog) imensamente preocupado com a situação de familiares e amigos que lá viviam.
A  cidade capital do Huambo «encheu» com 70 000 refugiados oriundos de várias partes do território de Angola (40 000 brancos e 30 000 africanos) e rebentava pelas costuras. A maioria deles «exigia embarque Portugal». Isto, numa altura em que as evacuações a partir de Nova Lisboa e para Portugal ocorriam à média de «4000 pessoas por semana».
«Situação caótica em Nova Lisboa», titulava o «Diário de Lisboa», que citamos (ver imagem)
A cidade tinha falta de electricidade e produtos alimentares e era deficiente a assistência médica. Por esse tempo e a partir de Luanda, dezenas de vezes tentei contactos telefónicos com os familiares e amigos civis que lá viviam - e outros que lá chegaram da Gabela -, sem, porém, ter qualquer êxito. Não havia comunicações e já só em Portugal deles soubemos.
O BC 12, na saída de Carmona para o Songo,
a 24 de Setembro de 2019, quando por lá
passou o furriel Viegas da CCS

Armamento para a
FNLA em Carmona

A Carmona continuava o principal reduto da FNLA e lá chegava armamento transportado por aviões americano de bases da Alemanha Federal.
O MPLA, 
em comunicado, comentava que «aviões do tipo Skymaster estaria a realizar um vaivém entre Kinshasa (Zaire) e Carmona, onde estão concentradas importantes tropas» do ELNA - o Exército de Libertação Nacional de Angola, braço armado da FNLA. Dias antes, seria para a base do Negage, a 40 quilómetros, e o armamento incluía canhões de longo alcance.
O MPLA, no mesmo comunicado, denunciou «a presença de 200 instrutores chineses, perto do Caxito» - a uns 80 quilómetros a norte de Luanda. Além disso e ainda segundo o MPLA, «mercenários do Zaire, da Tunísia e afro-americanos combateriam ao lado da FNLA».


Jesuíno F. Pinto,
furriel de A. Viçosa

Furriel Jesuíno Pinto
chegou a Aldeia Viçosa

Um ano antes, precisamente, chegou a Aldeia Viçosa o furriel miliciano Jesuíno Fernandes Pinto, para reforço da 2ª CCAV. 8423. Faleceu a 3 de Maio de 2017, vítima de doença e em Parada de Gatim, sua terra natal, em Vila Verde.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, regressou a Portuga em data que não conhecemos (não veio com a 2ª. CCAV. 8423) e, ao longo da vida, teve várias actividades profissionais. Por exemplo, foi animador de rádio e viveu os seus últimos tempo de vida internado numa IPSS de S. José de Areias do Vilar, em Barcelos. RIP!!!
A CCS, aquartelada no Quitexe, também teve um «reforço»: o caixeiro Júlio S. Plácido. A 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, recebeu um militar: o 1º. cabo Miguel J. Garcia, para o respectivo grupo de mesclagem.