quinta-feira, 2 de setembro de 2021

5 540 - A chegada ao Liberato da CCAÇ. 209 do RI 21! A morte, por suicídio, do Simões de Santa Isabel!

Combatentes da CCAÇ. 209/RI 21, de Nova Lisboa, aquartelados na Fazenda do
 Liberato, onde chegaram a 2 de Setembro de 1973 e depois subunidade do BCAV.
 8423. Vêem-se NN (quem é?), furriel José Oliveira, capitão Victor Corrêa
e esposa, que era holandesa. Quem será o militar em primeiro plano?



O condutor Nogueira da Costa e o furriel José Oliveira,
ambos da CCAÇ. 209/RI 21, do Liberato, ladeando o
furriel Viegas, da CCS. Em 2012 e em Águeda

A CCAÇ. 209/RI 21 chegou à Fazenda do Libertato a 2 de Setembro de 1973, hoje se fazem 48 anos. Era comandada pelo capitão miliciano Victor Corrêa e estava na dependência do BCAÇ. 4211, que antecedeu o BCAV. 8423, os Cavaleiros do Norte do Quitexe - do qual passou a ser subunidade orgânica a partir de 14 de Junho de 1974. Lá esteve, no Liberato, até 8 de Novembro de 1974.
A CCAÇ. 209 era essencialmente formada por militares angolanos, principalmente por atiradores de infantaria de especialidade militar, formados no Regimento de Infantaria nº. 21, em Nova Lisboa, actual Huambo. Além, obviamente, de outras especialidades, por exemplo mecânicos,

Monumento aos combatentes mortos,
na fazenda do Liberato (Uíge)
condutores, cozinheiros, operadores de transmissões, entre outras. Com quadros europeus e alguns angolanos, nomeadamente nas classes de sargentos e oficiais, com especialidades específicas.

As classes de oficiais e
sargentos do Liberato!

O comandante do Liberato era o capitão Victor Corrêa de Almeida. E vagomestre era o furriel José Marques de Oliveira, natural do Caramulo e companheiro do blogger na Escola Industrial e Comercial de Águeda - onde reside e trabalhou como bancário. Foi ele quem nos recordou as «promoções rápidas» de Vitor Corrêa de Almeida, de alferes a tenente e de tenente a capitão, sempre miliciano.
Algumas notas sobre alguns dos quadros da CCAÇ. 209/RI 21:
- VICTOR. Victor Corrêa de Almeida, capitão miliciano e comandante da Companhia na altura dos Cavaleiros do Norte. Era algarvio e muito popular por cantar num grupo musical. Era casado com uma senhora holandesa (ver foto) e substituiu o capitão Parracho, que era do Quadro Permanente e estava colocado no RI21.
- SERENO. José Adalberto Sereno de Casto e Melo, alferes miliciano. Oriundo de família de Águeda profissionalmente deslocada em Angola, era engenheiro químico e morador em Nova Lisboa. Supõe-se que resida na área de Viseu.
- PEIXINHO. José Carlos Peixinho, alferes miliciano e engenheiro mecânico, natural do Lobito.
- PEREIRA: Nelson Pereira, alferes miliciano, natural de Sá da Bandeira.
- SPOSSEL. Carlos Manuel Morbey de Oliveira Spossel, alferes miliciano, filho de mãe americana e pai que era quadro superior dos Caminhos de Ferro de Benguela.
- OLIVEIRA. José Marques de Oliveira, furriel miliciano vagomestre. Natural do Caramulo e residente em Águeda, é aposentado da Caixa Geral de Depósitos. Fomos companheiros de turma na Escola Industrial e Comercial de Águeda mas, nas três ou quatro vezes que fui ao Liberato, nunca o encontrei - nem sabia que lá estava. Nem ele, quando ia ao Quitexe me «achou». Não sabíamos um do outro.
- NOGUEIRA: José Luís Nogueira da Costa, condutor do Liberato e natural de Tomar, foi criança para Angola e de lá regressou na altura da independência. É aposentado da Carris e só nos conhecemos em 2012, quando ele procurava companheiros do Liberato e se «achou» no blogue Cavaleiros do Norte.
A CCAÇ. 2019/RI 21 foi a unidade que, em Setembro de 1974, se revoltou no Liberato e tentou entrar em Carmona, tendo sido barrada pelos Cavaleiros do Norte da CCS, na estrada do Café e à entrada do Quitexe.

Cruz, 1º. cabo de Zalala,
71 anos em Barcelos !

O 1º. cabo Manuel Vieira da Cruz, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, festeja 71 anos a 2 de Setembro de 2021. 
Cavaleiro do Norte com a especialidade de apontador de morteiros, jornadeou também por Vista Alegre e Ponte do Dange, Songo e Carmona, antes de, a 4 de Agosto de 1975, voar para o Campo Militar do Grafanil, nos arredores de Luanda - onde, até 9 de Setembro desse ano, aguardou o regresso a Portugal e à sua terra da Boa Vista, da freguesia de Aldeia, no município de Barcelos.
Pouco mais sabemos dele, a não ser, por informação do furriel miliciano Manuel Dias, que vive(rá)  em Fragoso, também em Barcelos, e para ele vai o nosso abraço de parabéns!

Fernando M. Simões


Simões, 1º. cabo de Santa
Isabel, faria 69 anos !

O 1º. cabo Fernando Martins Simões, apontador de metralhadoras da 3ª. CCAV. 8423, faria 69 anos a 2 de Setembro de 2017. Faleceu, por suicídio, a 17 de Agosto de 1998.
Natural do Lourinhal, em Penacova, lá regressou a 11 de Setembro de 1975, no final da sua comissão por terras do norte de Angola. Por lá fez vida, trabalhou, casou e foi pai de uma filha, a Zaida Martins. Foi ela quem nos explicou a razão do seu (dele) enforcamento: «O meu pai pensava que tinha algum problema de câncer na cabeça, mas afinal sofria de esquizofrenia, doença que se manifestou pouco tempo antes».
Doença precipitou a fatal decisão do nosso companheiro de armas, que hoje o recordamos com saudade. RIP!!!

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