segunda-feira, 20 de setembro de 2021

5 558 - Rosa Coutinho em Lisboa e Cavaleiros do Norte a assegurar liberdade de trânsito no Uige!

Grupo de Cavaleiros do Norte da CCS, no Quitexe. Atrás, 1ºs. cabos Soares, Oliveira
 e Soares, furriel 
Rocha (de boina) 1º. cabo Estrela, Silva, alferes Hermida (de bigode),
 Zambujo, furriel Pires (TRMS), Felicissímo 
(de Zalala), 1º. cabo Mendes, Soares,
1º. cabo Pires (Fecho-Eclair, de mão no queixo) e NN. À frente, NN, 
Costa, 1º. cabo
 Salgueiro, furriel Cruz e 1º. cabo Tomás

Cavaleiros do Norte de Zalala na gruta do Quijoão: furriéis
 milicianos Jorge Barata (falecido a 11/10/1997, de doença
e em Alcains), José Louro e José António Nascimento


O almirante António  Rosa Coutinho, Alto Comissário de Portugal  em Angola, deslocou-se a Lisboa a  20 de Setembro de 1974, para «tratar com o Presidente da República alguns assuntos urgentes»Chegou pelas 9,20 horas da manhã e não prestou declarações à imprensa. 
Os chamados «assuntos urgentes» tinham a ver com  a situação política e militar de Angola e, ao tempo, os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423  garantiam, no norte uíjano do futuro país de Língia Portuguesa, a «liberdade de trânsito em todos os itinerários» da sua Zona de Acção (ZA), em dias sucessivos e sem descanso.
A situação
 agravou-se quando «foi solicitada ao BCAV. a cedência de 2 Grupos de Combate para reforçar o BC 12» - aquartelado em CarmonaSe já eram poucos, menos Cavaleiros do Norte ficaram para assegurar as suas tarefas.

Furriéis milicianos Plácido Queirós e José
António na ilha de Luanda, em Agosto de 1975

O processo de
descolonização

Rosa Coutinho, ainda assim e embora parco em palavras, na chegada a Lisboa,  procurou desanuviar as causas e os efeitos de uma reunião da véspera, no palácio do Governador Geral de Angola (em Luanda), envolvendo «todos os oficiais dos três ramos das Forças Armadas, em comissão de serviço naquela colónia».
O almirante seria portador de documentação para o Presidente da República (o general Costa Gomes), mas não abriu o livro, argumentando, isso sim e relativamente à reunião da véspera, que tratava de «uma moção de apoio político à Junta Governativa» - a que ele mesmo presidia.
Os militares teriam, segundo a Agência ANI (citada pelo Diário de Lisboa, «aprovado uma moção sobre o processo de descolonização de Angola».

Notícia do Diário de Lisboa de 20 de Setembro
de 1975 sobre a situação em Angola


UNITA apreendeu
avião da Força Aérea

Um ano depois, no dia 20 de Setembro de 1975 - há precisamente 46 anos!... -, assistia-se a «uma certa estabilização nas várias frentes de combate».
O marechal Idi Amin Dada, presidente do Uganda e da Organização de Unidade Africana (OUA), «teria convidado os dirigentes dos três movimentos de libertação de Angola para uma reunião em Kampala, ainda este mês», com conhecimento do general Costa Gomes. Kampala, no Uganda.
«A resolução do conflito torna-se extremamente importante, tendo em conta os problemas que advirão com a transferência de poderes, se os três movimentos (MPLA, FNLA e UNITA) não encontrarem um compromisso para a actual crise», reportava o Diário de Lisboa.
As notícias do dia davam conta de «mais um incidente envolvendo a UNITA», que, ainda segundo o Diário de Lisboa, «desta vez e na cidade da Jamba, apreendeu um Nord Altas da Força Aérea Portuguesa».
O avião deslocara-se àquela localidade, a pedido da Mineira do Lobito, para «evacuar pessoal civil a companhia». O incidente levou a que uma delegação militar portuguesa se deslocasse a Nova Lisboa para «conversações com os dirigentes do movimento» liderado por Jonas Savimbi.

Monumento em Odivelas que evoca os combatentes
 do concelho que morreram na guerra do ultramar.
Um deles é Joaquim Manuel Duarte Henriques,
que foi Cavaleiro do Norte de Zalala. Faleceu, de

doença e no Hospital Militar de Luanda, a 21
de Setembro de 1974. Há 47 anos. RIP!!!


Morte do soldado
Henriques de Zalala

O 21 de Setembro é dia de luto para os Cavaleiros do Norte: faleceu, de doença, em Luanda e em 1974, o soldado Henriques, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala.
Joaquim Manuel Duarte Henriques foi soldado atirador de Cavalaria e era residente em Odivelas - ao tempo pertencente ao concelho de Loures, nos arredores de Lisboa. O seu corpo para foi trasladado para o cemitério local.
Solteiro e filho de João Pedro Henriques e Delfina da Conceição Duarte, adoeceu em Zalala, repetidas vezes e, com cuidados que lá não podiam ser prestados, foi evacuado para o Quitexe e depois para Luanda, onde faleceu no Hospital Militar - a 21 de Setembro de 1974. Terá ainda passou pelo Hospital do Negage, como era usual nestas circunstâncias.
Hoje, 47 anos depois da sua morte, o recordamos com saudade. RIP!

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