sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

5 658 - A noite de passagem de ano de 1974 para 1974 !


Quitexe, na passagem de ano de 1974 para 1975, furriéis milicianos na entrada da messe e
bar de sargentos: Ribeiro e Fernandes (de mãos dadas), Viegas, Belo, Grenha Lopes (meio
encoberto). Costa (morteiros) e Flora. À frente, Rabiço (enfermeiro, de bigode e cigarro na
mão), Graciano e Abrantes (de cachimbo)

Jorge Grácio, o Spínola,
vencedor da S. Silvestre
do Quitexe de 1974

C. Pagaimo, o
2º. classificado
BCAV. 8423

A noite de passagem do ano de 1974 para 1975, há 47 anos e lá pelas do Uíge angolano, foi de fortes bátegas de água. Por lá jornadeavam os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 e foi tempo de Corrida de S. Silvestre.
O «rancho» do dia até foi foi melhorado e a malta fora das escalas de serviço procurou os melhores programas possíveis, dentro dos condicionalismos que se viviam numa guarnição militar em situação 100% operacional.
Havia, sempre, que ter cuidados!
Messes cheias, cantina e bares militares cheios, garrafas a abrir nas casernas da parada, onde quer que estivesse um soldado dos Cavaleiros do Norte, não faltou sede para «matar» nesse tempo de festa e de saudade dos chãos de Portugal.
A noite foi intensamente chuvosa, mas não suficientemente forte para atemorizar os valentes atletas-militares que se prepararam para «a tradicional corrida de S. Silvestre no Quitexe» - corrida que, como sublinha o livro «História da Unidade», procurava «marcar a passagem do ano de 1974/75 em convívio fraterno e de paz, tal como as famílias do Quitexe fizeram, tendo no seu seio as famílias de militares, aqui presentes, por impossibilidade de juntar todo o BCAV.».

O Pagaimo em Outubro de 2019, ladeado
 pelos furriéis Viegas, à esquerda, e Neto

Spínola e Pagaimo na frente
da Corrida de S. Silvestre!

A intensa chuva que caiu não foi suficientemente forte para atemorizar os atletas-militares que se prepararam para «a tradicional corrida de S. Silvestre no Quitexe» - corrida que procurava «marcar a passagem do ano de 1974/75 em convívio fraterno e de paz, tal como as famílias do Quitexe fizeram, tendo no seu seio as famílias de militares, aqui presentes, por impossibilidade de juntar todo o BCAV.».
Chuva civil não molha militar!
A prova viria a ser ganha, e com todo o mérito, por Jorge Custódio Grácio, soldado atirador de Cavalaria da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, e por lá (e depois pelo Quitexe) imortalizado como Spínola. O segundo lugar foi do 1º. cabo Celestino Pagaimo, do Pelotão de Morteiros 4281.
O Jorge Grácio (Spínola) viria a ser vítima mortal de um trágico acidente de motorizada, quando, sozinho, embateu na rotunda da entrada de Carmona. Faleceu a 2 de Julho de 1975 e o seu corpo veio para Portugal no avião que transportou a 3ª. CCAV. 8423, a 11 de Setembro do mesmo ano. Está sepultado na sua terra natal, o Casal das Raposas, em Vieira de Leiria. 
Hoje, o recordamos com saudade. RIP!!!
O 1º. cabo Celestino de Jesus Pagaimo fez carreira militar nas Brigadas de Trânsito (BT) da GNR e, já aposentado, mora em Montemor-o-Velho - onde recentemente esteve confinado, devido ao efeito da pandemia COVID 19.

O 1º. cabo Alfredo Coelho (o Buraquinho), que
 (não) venceu a S. Silvestre do Quitexe, de 1974
 para 1975. Na foto, com o maqueíro Joaquim
 Moreira (o Penafiel), um dos seus «cúmplices»
(com o 1º. cabo Gomes) da falsa corrida 

A (não) S. Silvestre
do Alfredo Buraquinho

A corrida da S. Silvestre teve partida na Estrada do Café, para Carmona, onde se cortava para a picada de Zalala. Seguia para o Quitexe e virava no Bar do Rocha, à esquerda, para a avenida - a Rua de Baixo. A meta estava instalada em frente à messe de oficiais.
Resolveu o 1º. cabo Alfredo Coelho (o Buraquinho) fazer das dele. E fazer o quê? Ele mesmo conta: «Como os enfermeiros tinham de acompanhar a corrida, combinei com o Gomes e Moreira (o Penafiel) que quando a corrida começasse, eu isolar-me-ia e entraria na ambulância, sem que fosse detetado».
Assim foi e ninguém deu por nada. As noites de África, como sabemos, são muito cerradas e a chuva «ajudou». Ao momento oportuno, o Buraquinho saltou da ambulância e começou a correr. «Íamos a passar próximo da casa do administrador, onde estava este e vários oficiais a verem a corrida, e, ao verem-me, entusiasmaram-me, gritando «força, Buraquinho, és o primeiro!!!...».
Era, mas não era e... fez-se justiça: «Cometi um erro, ao virar para a avenida, deveria ser na rua do Rocha e eu cortei antes», explicou ele, agora e lembrando que «cheguei à meta em primeiro, até fui vitoriado pelo capitão Oliveira, por eu ser da CCS, como ele, mas quando chegou o segundo classificado, este foi naturalmente o primeiro, o vencedor». Era o Grácio, mais conhecido por Spínola, da 3ª. CCAV. 8423 mas ao tempo já no Quitexe. 
«Denunciou a minha chegada forjada e, pronto, foi declarado vencedor, como tinha de ser», recorda o Alfredo Buraquinho, a sorrir-se desta sua «notável» proeza atlética de há precisamente 47 anos. 





quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

5 657 - Um Governo de Transição para a Angola Independente! Futebol no pelado do Quitexe!

A parada do BCAV. 8423, no Quitexe e vista do lado da porta d´armas


 José António Nascimento, furriel Cavaleiro do 
Norte de Zalala, mas aqui já em Vista Alegre
O dia 30 de Dezembro de 1974, há 47 anos e lá pelo uíjano Quitexe, por Aldeia Viçosa e Vista Alegre/Ponte do Dange, terras angolanas do norte por onde jornadeava o BCAV. 8423, preparava-se a corrida de S. Silvestre.
A actividade fecharia o ano da sede do batalhão, em ambiente desportivo e no âmbito do plano de acção psicológica, coordenado pelo alferes miliciano José Leonel Hermida.
Os outros aquartelamentos, outras actividades de lazer tiveram.
Quanto ao dia a dia, ia igual e sem problemas. A grande novidade do de 30 de Dezembro desse já distante 1974, tinha a ver com a data (anunciada) da realização da Cimeira dos três movimentos de libertação com o Governo de Portugal: 10 de Janeiro de 1975 «algures, em Portugal». Até lá, disse Jonas Savimbi em Lusaka, UNITA, MPLA e FNLA «realizarão uma cimeira para concordarem numa plataforma comum, para apresentarem nas conversações com o Governo Português». Isto, numa altura em que, segundo as agências noticiosas France Press e a Reuters, se registavam «progressos recentes na melhoria das relações entre os três movimentos de libertação angolanos, através da assinatura de acordos».
Notícia do Diário de Lisboa de há 47 anos,
sobre a Cimeira dos movimentos angolanos
com Portugal

Um Governo de Transição
para a Angola Independente!

Observadores internacionais, em Lusaka e citados pelo Diário de Lisboa, afirmaram que 
«essa cimeira apresenta-se como uma gigantesca evolução no caminho do entendimento dos três movimentos, para se encontrar a adequada solução angolana de independência»
«O nosso objectivo é ter em Angola um Governo de Transição antes do fim de Janeiro e a independência dentro de 9 a 12 meses», afirmou Jonas Savimbi, o presidente da UNITA- enquanto o Diário de Lisboa escrevia que «foi dado um passo em frente pela solução do problema de Angola, o maior território colonial português em África».
Equipa do Pelotão-Auto. De pé e da esquerda para a direita,
1ºs. cabos Teixeira (estofador), Malheiro, Frangãos (Cuba)
 e Marques (Carpinteiro), Pereira (condutor), Gaiteiro e 1º.
 cabo Teixeira (pintor). Em baixo, 1º. cabo Monteiro (Gaso-
linas), Pereira (mecânico), Celestino  Gomes (condutores),
1º. cabo Mendes e Miguel (condutor)
Futebol no pelado do Quitexe
e na 1ª. divisão nacional !


O domingo de há 447anos foi tempo de futebol, no duro pelado do campo do Quitexe, e com um jogo entre pelotões da CCS. Quais? Sabe-se lá, hoje quais, já perdidos na memória.
O futebol era uma da «artes» da acção psicológica do BCAV. 8423, que, por essa altura festiva, também promoveu a projecção de filmes e também a já dita corrida de S. Silvestre, na noite de 31 de Dezembro.
Mais a sério e em Lisboa, o Sporting recebeu e venceu (1-0) o Belenenses, para o nacional de futebol de 1ª. divisão, enquanto o Porto foi ganhar (2-0) a Espinho e o Benfica empatou (0-0) em Tomar. Outros resultados: Oriental-Olhanense, 1-0; CUF-Académico(a) de Coimbra, 0-0; Boavista-Vitória de Guimarães, 3-0; Leixões-Vitória de Setúbal, 2-0; Farense-Atlético, 4-1.
Comandava o FC do Porto, com 26 pontos; 2º.-Benfica, 23; 3º.-V. Guimarães, 21; 4º.-Sporting, 20; 5º.-Boavista, 17; 6º.-Farense, 16; 7º.-Belenenses, 15; 8º.-Leixões, 14; 9º.-V. Setúbal e CUF, 13; 11º.-União de Tomar, 12; 14º.-Atlético e Olhanense, 11; 16º.-Espinho, 10; 17º.-Oriental, 9; 18º.-Académico de Coimbra (a actual Académica), 7.



quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

5 656 - O Natal de 1974 do BCAV. 8423 e as botas emprestadas para jogar futebol !

Militares do Pelotão-Auto da CCS do BCAV. 8423. Atrás, NN, Canhoto, Miguel,
 NN (mecânico), Gaiteiro e NN. A seguir, Picote (mãos nas ancas, a rir), Teixeira
(pintor), NN (atrás), Serra (mãos no cinto), NN (mecânico?), 1º. sargento Aires
(de óculos), lferes miliciano Cruz (de branco), Frangãos (Cuba), furriel miliciano
Morais (de óculos), Joaquim Celestino (condutor), NN (condutor), NN (condutor)
e Vicente.  Em baixo, Domingos Teixeira (estofador), Marques (Carpinteiro),
Madaleno (atirador) e Pereira (mecânico)


Cavaleiros do Norte do Parque-Auto: NN (condutor)
1º. cabo Malheiro (com Ricardo, filho 
do alferes Cruz,
ao colo), 1º. cabo Monteiro  
(Gasolinas), furriel
Machado e Canhoto



A 29 de Dezembro de 1974, há 47 anos e a um domingo, realizou-se no campo do Quitexe mais uma renhida partida de futebol, neste caso entre uma equipa da CCS e outra de civis da vila (e arredores). 
Não faço a menor ideia de qual foi o resultado (ganharam os militares...) mas é seguro que nesse já longínquo dia fui «internacional» com umas botas emprestados pelo José Canhoto Pereira, irmão do Alípio Canhoto Pereira.
O Alípio era condutor da CCS e companheiro quitexano da nossa jornada africana do Uíge. O José era atirador de Cavalaria da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, rodada para o Quitexe a 10 de Dezembro imediatamente anterior.
O melhor que recordo desse jogo (em que alinhei a defesa central, o lugar da minha formação futebolística) foi de o José, através do Alípio, me ter emprestado as botas e de ter como adversário directo um possante civil, com rótulo de craque e fama de marcador de golos, que me deu baba pela barba mas que  exemplarmente «sequei», não sem levar e dar umas valentes pantufadas. Estes jogos, diria,  eram pouco «amigáveis». 
A história foi-me lembrada pelo Alípio Canhoto Pereira, que vive em Colmeal da Torre (em Belmonte), de onde é natural, e lá trabalhou numas bombas de gasolina. Agora já aposentado, depois de, há uns pares de anos, ter sido notícia televisiva - devido a um assalto em que foi vítima.

«Pedi-as ao meu irmão, para você jogar...», recordou-me ele. 

Alípio Pereira e furriel Viegas
em 2018 e em Belmonte
Os irmãos Canhoto
dos Cavaleiros do Norte

Os irmãos Canhoto Pereira são nativos de Colmeal da Tor
re, em Belmonte  - o José e o Alípio (o mais novo).
Não era muito vulgar, pelo contrário, dois irmãos serem contemporâneos do mesmo batalhão da guerra colonial, mas era este o caso destes dois Cavaleiros do Norte.
O José era atirador de Cavalaria da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel. Nascido em 1949, estava emigrado para França e, numa das visitas de férias, foi «apanhado» para o serviço militar. Cumprida a jornada africana, a 11 de  Setembro de 1975, voltou a França e por lá fez vida. Teve duas filhas e separou-se, casando-se de novo - em Chaves. Faleceu «há uns 6 anos», vítima de doença cancerosa, disse-nos o Alípio.
O Alípio foi condutor-auto da CCS e também regressou a Colmeal da Torre, em Belmonte - a 8 de Setembro de 1975. Por lá fez vida e trabalhou numa estação de abastecimento de combustíveis -  agora já aposentado, pai de duas raparigas e avô de dois netos.
Ambos, como se vê, Cavaleiros do Norte da BCAV. 8423, embora de Companhias diferentes - juntas, todavia, a partir de 10 de Dezembro, no Quitexe.
O 1º. cabo Gabriel Mendes

Gabriel dos Sapadores
a festejar 69 anos !

O 1º. cabo sapador de infantaria Gabriel Alves Mendes está hoje em festa: comemora 69 anos.
Natural da Covilhã, regressou a a Portugal a 8 de Setembro de 1975 e logo voltou para França. «Já trabalhava antes da tropa, achei o blog na net e tive de vos ligar» disse-nos ele, depois, acrescentando de ter andado a «cuscar» este espaço de memórias dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423. 
«Encontrei fotografias de tanta gente daquele tempo, ai quantas saudades eu sinto daquela malta toda...», disse ao blogger.
«Foi supervisor na Oxford, da Wagon, agora já estou aposentado», contou-nos, de sorriso rasgado e feliz, por reencontrar parte da sua família militar de Angola. Por lá e para além das funções de sapador de infantaria, as da sua especialidade militar, foi também padeiro e cantineiro, no bar dos praças. Além de tocador de viola, chegando a fazer coros instrumentais na Igreja de Santa Maria de Deus do Quitexe, a do padre Albino Capela!!!
«Estou reformado e foi acabar os meus dias nas Cortes do Meio. Lá vou voltar», disse-nos o Gabriel Mendes.
Grande abraço! Parabéns!!!

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

5 655 - Tempos calmos no BCAV. 8423 de há 47 anos! Facção Chipenda expulsou Agostinho Neto do MPLA !


Zalala, equipa da 1ª. CCAV. 8423. a de Zalala. De pé, Fião (motorista), 1º. cabo
Carlos Ferreira, Alegre (motorista, o Montalegre, o Mamarracho, já falecido),
furriel Barreto e Rocha (motorista). Em baixo: Almeida (o Espinho, motorista),
Orlando Oliveira (o Almeida, 
motorista), César Rocha (1º. cabo padeiro),
Famalicão (Agra), Lago (Tó, de transmissões) e furriel Nascimento

Futebol no Quitexe: Lopes (furriel enfermeiro), 1º.s cabos Gomes
Gomes e Grácio, Mosteias (furriel), Alves (morteiros) e  NN. Em
baixo: Monteiro (furriel), Covilhã (morteiros), Teixeira (1º. cabo),
 Miguel (furriel paraquedista) e Botelho


A 28 de Dezembro de 1974, um sábado de há 47 anos, soube-se pelas bandas da uíjana vila do  Quitexe e outros chãos da terra nortenha de Angola, que a Facção Chipenda «decidira expulsar o dr. Agostinho Neto do MPLA».
Por lá jornadeavam os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 e a afirmação foi de Luís de Azevedo, encarregado das Relações Exteriores da tendência liderada por Daniel Chipenda e no decorrer de uma conferência de imprensa em Paris, durante a qual também denunciou os acordos de cooperação assinados no Luso pelos presidentes do MPLA (Agostinho Neto) e da UNITA (Jonas Savimbi) e censurou a posição do Alto Comissário Rosa Coutinho para a conclusão do acordo.
Recordemos que Daniel Chipenda tinha, tempos antes, sido expulso do MPLA, precisamente por Agostinho Neto. Mais tarde passaria para a FNLA e, já ma Angola independente, reingressou no MPLA (em 1992).
Antes da actividade política e enquanto estudante da Universidade de Coimbra foi titular da equipa principal de futebol da Associação Académica (anos de viragem da década de 50 para a de 60), distinguindo-se como ponta-de-lança e goleador. Antes jogara no Benfica.

Campo de futebol do Quitexe, anos 70 do século XX,
palco de grandes partidas entre Cavaleiros do Norte

Tempos calmos
no BCAV. 8423

Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, por estes tempos finais de 1974, continuavam a sua jornada africana do Uíge angolano em tempos de acalmia - embora continuando as sempre delicadas missões de patrulhamentos e escoltas, nomeadamente ao longo da Estrada do Café - ora para o lado de Carmona, ora para Aldeia Viçosa.
A preparação da corrida de S. Silvestre era um dos assuntos da agenda do gabinete de acção psicológica do Batalhão, então ao cuidado do alferes miliciano José Leonel Pinto de Aragão Hermida, de Transmissões. Assim como a realização de jogos de futebol, entre pelotões e subunidades.
Realizavam-se no campo da vila e sempre muito disputados, por vezes até com excesso de entusiasmo mas sempre suscitando grandes rivalidades.


Barros de Zalala, 69
anos em Coimbra !

O 1º. cabo Barros, atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423, comemora 69 anos a 29 de Dezembro de 2021.
Rui António Ferreira Barros foi Cavaleiro do Norte do 2º. Grupo de Combate de Zalala, comandado pelo alferes miliciano Carlos Sampaio. O seu nome não consta da relação do pessoal da 1ª. CCAV. 8423 que a 9 de Setembro de 1975 desembarcou no aeroporto de Lisboa, vindo de Angola. Nem nas de qualquer  uma das restantes três Companhias do BCAV. 8423. Desconhecemos as razões. Tanto quanto julgamos saber, residirá na área de Coimbra. Onde quer que esteja, para ele vão os nossos parabéns!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

5 654 - O alferes miliciano capelão José Ferreira de Almeida deixou o Quitexe há 47 anos!


O capelão militar José Ferreira de Almeida, nos
anos 1978/79, já depois da sua jornada angolana
BCAV. 8423


O padre capelão José Ferreira de Almeida, alferes miliciano dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, deixou o Quitexe nos últimos dias de 1974. 
Há 47 anos. Como o tempo voa!!!
Sacerdote católico, era natural de Vila, lugar da freguesia de Silvã de Cima, no município de Sátão, Diocese de Viseu, onde nasceu a 13 de Julho de 1944.
Era filho do segundo casamento de Firmino Seixas de Almeida, viúvo, e de Maria do Carmo Ferreira. 
Estudou e foi ordenado sacerdote católico a 23 de Julho de 1967, aos 22 anos e por D. José Pedro da Silva, ao tempo Bispo da Diocese de Viseu.
Oficial miliciano no tempo da sua jornada africana por terras do Uíge, com a patente de alferes miliciano, foi capelão militar de várias unidades que serviram no norte de Angola e, a partir de Junho de 1974, do BCAV. 8423, sediado no Quitexe, até Dezembro do mesmo ano, quando, em final de comissão, regressou a Portugal.
AQUI o recordámos a 27 de Dezembro de 2017, ainda desconhecendo o que acima historiamos, mas evocando o seu recato sacerdotal e social e de ser  relativamente jovem, talvez na casa dos 30 anos. E de muitas vezes termos em longas e avulsas conversas (nada de confissões...) com os jovens Cavaleiros do Norte, principalmente com os praças. 
Estávamos certos, sem saber : tinha mesmo 30 anos.
A torre da Igreja de Santa Maria de
Deus do Quitexe, vendo-se a vila em fundo

Conforto psicológico,
 moral e religioso

As suas estadias no Quitexe eram alternadas com as três companhias operacionais do BCAV. 8423 - as de Zalala, de Aldeia Viçosa e e Santa Isabel, já capelão de outras, antecessoras, as do BCAÇ. 4211.
O alferes capelão José Ferreira de Almeida, no exercício da sua capelania militar, foi conforto psicológico e moral para muitos Cavaleiros do Norte que na fé procuravam respostas para as suas dúvidas e desassossegos. Muitas vezes o vimos na avenida do Quitexe, e na parada do quartel, fosse onde calhasse, a conversar com os rapazes da CCS.
Regressado a Portugal, no final da sua jornada africana do Uíge angolano, viria a abandonar o sacerdócio em 1978/1979 e casar em 1992 com Conceição Isabel Rodrigues da Silva, depois Conceição Isabel Rodrigues da Silva Ferreira de Almeida, que era técnica administrativa do Centro de Saúde de Viseu e agora tem 71 anos. Depois de um longo processo canónico.
Os caminhos da vida levaram a que enveredasse pelo ensino, tendo sido professor de Português em várias escolas do distrito de Viseu, cidade onde sempre viveu e onde está sepultado.
Faleceu quando se preparava para iniciar o doutoramento e foi sempre muito apaixonado pelo estudo da literatura, especialmente Aquilino Ribeiro e Miguel Torga, que, ironicamente, conheceu no IPO de Coimbra, quando ambos estavam às portas da morte.

A Igreja do Quitexe  e o
furriel Viegas a 24/09/2019

O capelão que
chegou a capitão!

David José da Silva Ferreira de Almeida é filho de José Ferreira de Almeida e quadro superior da Direcção Geral de Cultura do Norte, na cidade do Porto, onde reside.
Falou-nos dele: «Lembro-me da minha Mãe dizer que o cantor Nuno da Câmara Pereira tinha cumprido o serviço militar com o meu Pai em Angola, mas não sei onde nem quando», acrescentando também se recordar de o pai «ter contado (divertido) que tinha ido ao DRM de Viseu e lhe terem anunciado que era capitão».
A situação teria a ver, naturalmente, com a sua passagem à reserva: «Julgo que teve a ver com isso e com alguma graduação final», comentou David Ferreira, fazendo memória de seu Pai e nosso capelão militar pelas terras nortenhas de Angola.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!
Os furriéis Fernan-
des e Reino (2017)

Furriel Reino, «Ranger» de Santa
Isabel, nasceu por ... 2 vezes!

O furriel miliciano Reino, da 3ª. CCAV. 8423, faz 70 anos amanhã - dia 28 de Dezembro de 2017. Nasceu nesta data do já distante ano de 1952, mas só foi registado no dia 1 de Janeiro de 1953. 
Dir-se-ia, afinal, que «nasceu» duas vezes.
O Reino foi furriel miliciano de Operações Especiais (Rangers) dos Cavaleiros do Norte da Fazenda de Santa Isabel e instruendo do CIOE, em Lamego, de outros «Rangers» do BCAV. 8423, que eram do curso anterior ao dele: o Monteiro, o Viegas e o Neto. E Cavaleiro do Norte continuou depois depois no Quitexe e em Carmona. Cumprida a sua jornada africana de Angola, regressou às suas origens - em Aldeia do Bispo, no Sabugal.
Profissionalmente fez carreira na GNR, de que está aposentado, e de novo voltou ao Sabugal, para onde vai o nosso abraço de parabéns. Pelo dia 28 de Dezembro de 2021, que é amanhã, e pelo dia 1 de Janeiro de 2022 - quando, em ambos, festejará 70 anos! 
Não é para todos. Parabéns!

domingo, 26 de dezembro de 2021

5 653 - A mensagem de Natal do Comandante do CSU! Comandante Almeida e Brito na Polícia Militar !

O 1º. cabo Carlos Alberto Serra Mendes, bate-chapas da CCS dos BCAV. 8423,
na parada do BC 12, em Carmona. Faz hoje 69 anos, em Abrantes

O coronel Carlos Carreiras comandou
o CSU na cidade de Carmona


A 26 de Dezembro de 1974, pelas bandas da terra uíjana do Quitexe angolano, o comandante Almeida e Brito deslocou-se uma vez mais a Carmona, para reunião no Comando de Sector do Uíge (CSU)  e Zona Militar Norte (ZMN).
Retribuía, pessoalmente, a mensagem de Natal do Comandante do CSU, publicada na ordem de serviço e lida em formaturas de parada, nomeadamente referindo que «não é ainda para nós que, neste Natal de 1974, terminará a velada de armas  iniciada há 14 anos em Angola».
«Fiquemo-nos com a certeza de estar a cumprir uma alta missão, ajudando a construir, em paz, um novo país de expressão portuguesa», sublinhava a mensagem, que recordo do livro «História da Unidade».
O comandante do CSU era o coronel-tirocinado Carlos Maria Bastos Carreiras (falecido a 11/02/2012) e a mensagem frisava (...) «a consolação de encontrar no seio do Exército uma segunda família, a mesma camaradagem diária de combatente para combatentes, comungando os mesmos princípios, vivendo os mesmos bons e maus momentos».
1º. cabo Serra Mendes

Serra Mendes, 69
anos em Abrantes!

O 1º. cabo bate-chapas Mendes, da CCS do BCV. 8423, comemora 69 anos a 26 de Dezembro de 2021.
Carlos Alberto Serra Mendes, de seu nome completo, integrou a equipa do Parque-Auto comandado pelo alferes António Albano Cruz e é natural e então residente no Pátio Joaquim Pedro, da freguesia de S. João Baptista, em Abrantes. Lá regressou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) comissão militar em Angola. Vive agora no Bairro Ca-
troga Gaio, também em Abrantes, para onde vai um abraço de parabéns!
Almeida e Brito

Almeida e Brito
na Polícia Militar

O tenente-coronel Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito foi comandante do BCAV. 8423 e regressou a Portugal  a 8 de Setembro de 1975. A 26 de Dezembro do mesmo ano - hoje se fazem 47 anos! - foi colocado como comandante da Polícia Militar (PM) em Lisboa.
A nomeação foi conhecida em decreto lei dessa data e o 2º. comandante de Almeida e Brito, curiosamente (ou talvez não...) foi outro oficial do BCAV. 8423: o major José Luís Jordão Ornelas Monteiro, que era o 2º. comandante (na formação do BCAV. 8423, em Santa Margarida) mas não chegou a partir para Angola, por ter sido «desviado» para a Guiné, por ordem do MFA.
Almeida e Brito, já com a patente de general, faleceu a 20 de Junho de 2003, subitamente e no decorrer de um passeio turístico a Espanha. Hoje o recordamos com saudade. RIP!!!

sábado, 25 de dezembro de 2021

5 652 - O Natal 1974 dos Cavaleiros do Norte de Vista Alegre/Ponte do Dange e Aldeia Viçosa!


O Natal de Almeida Viçosa, no almoço de 25 de Dezembro: De frente e meio tapado, o alferes Carvalho de Sousa, depois o capitão José Manuel Cruz (comandante da 2ª. CCAV. 8423), comandante Almeida e Brito, alferes João Machado e Jorge Capela e furriel Melo. De costas, o 1º. sargento Norte (já falecido)

O Natal de 1974 em Vista Alegre e na 1ª. CCAV. 8423.
O bolo-rei chegou de Luanda e, imagine-se, à... boleia!
Levado pelos furriéis Américo Rodrigues e P. Queirós

Oficial de Cavalaria e comandante do BCAV. 8423, o tenente-coronel Carlos Carlos Almeida e Brito deslocou-se a Vista Alegre (com um «salto» a Ponte do Dange) e Aldeia Viçosa, onde almoçou e jantou, respectivamente, festejando o dia Natal de 1974 com os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423 e da 2ª. CCAV. 8423.
Companhias operacionais dos Cavaleiros do Norte, respectivamente comandados pelos capitães Davide de Oliveira Castro Dias José Manuel Romeira Pinto da Cruz, ambos milicianos.
A noite da véspera, a da consoada, festejara-se no Quitexe e cheia do calor africano e embrulhada em recordações 
Natal de 1974 na 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, mas
aqui já em Vista Alegre. Há 47 anos!
dos frios e fogueiras da velha Europa, com duas Companhias dos Cavaleiros do Norte: a CCS e a 3ª. CCAV. 8423.
O almoço de Natal dos «zalalas» de Castro Dias incluiu uma deslocação ao Destacamento da Ponte do Dange, onde estava destacado um grupo de combate da 1ª. CCAV. 8423. 
O almoço de Vista Alegre teve a particularidade de, à última da hora, se ter dado pela falta do bolo-rei. Havia o bacalhau e bom vinho, havia tudo... - quando o furriel Rodrigues (o homem da logística) deu por falta do... bolo-rei. E só havia bolo-rei na Intendência Militar, em Luanda.
Lá se tinha de ir, mas o capitão Castro Dias não autorizou que fossem em viatura militar e, recorda o Rodrigues (infelizmente falecido, de doença, a de Agosrto de 2018, em Vila Nova de Famalicão), «fomos à boleia» - ele e o Queirós.  Arranjaram os bolos-reis e o regresso foi feito em cima da carga de um camião que ia para Carmona.
«Chegámos mesmo à queima-roupa, o bacalhau, as batatas e as hortaliças já estavam prontas e o pessoal preparado para a consoada, mas aguardaram a nossa chegada com  bolo-rei», recorda o furriel Américo Rodrigues.

Furriéis de Aldeia Viçosa: Matos, Guedes e
Melo (de pé), Letras, Gomes e Cruz

Jantar de Natal
em Aldeia Viçosa


O Natal da guarnição dos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa foi «consoado» no jantar na cantina, com o comandante Carlos Almeida e Brito - que regressou ao Quitexe na mesma noite e sem escolta.
A partilha da consoada dos Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423 foi íntima e participadíssima, em sentida e emotiva comunhão de afectos, entre oficiais, sargentos e praças! Cada qual a vivendo à sua maneira, na festa natalícia «matando» saudades próprias!
O então alferes miliciano João Machado - quem nos arranjou a foto de abertura deste post -, lembra-se que «a refeição foi servida no refeitório dos praças, com toda a companhia». Quanto à ementa é que, disse este oficial miliciano de Operações Especiais (Rangers), «não me recordo o que constava no menu, mas com naquela idade... tudo «marchava»
Pudera! Era o que viesse, desde que bem regado. E assim fi!!!
Cavaleiros do Norte de Santa Isabel:
Castelo e Cabecinha (de pé), Romão,  
Raúl Ferreira e Diamantino Tobias, 
que hoje festeja 69 anos em Leiria

Tobias e António de Santa Isabel
festejam 69 anos em Dia de Natal !

Os Cavaleiros do Norte António e Tobias, ambos da 3ª. CCAV. 8423 e ambos atiradores da Cavalaria da Fazenda Santa Isabel, festejam 69 anos no dia de Natal de 2021.  Hoje mesmo!!!
António Joaquim da Silva António regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, a Alfragide, no município de Oeiras. Julgamos saber que mora agora no Pragal, em Almada.
Diamantino Rodrigues Tobias também regressou no mesmo dia mas a Pernelhas, lugar da freguesia de Parceiros, em Leiria, onde ainda reside.
Sempre integrados na 3ª. CCAV. 8423, ambos passaram também pela vila do Quitexe (onde chegaram a 10 de Dezembro de 1974, rodando de Santa Isabel)  e pela cidade de Carmona (onde chegaram a 8 de Julho de 1975), aquartgelano.se no BC12.
A sua jornada africana do Uíge angolano teve daqui saída a 4 de Agosto de 1975. quando, integrando famosa coluna militar e sempre sob o comado do capitão miliciano José Paulo Fernandes, rodaram para o Campo Militar do Grafanil, nos arredores de Luanda, até ao dia de volta a Portugal! 
Parabéns para ambos!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

5 651 - A noite de Natal de 1974, no chão de Angola, lembrada 47 anos depois!

Natal de 1974, consoada no Quitexe: furriel Reino, comandante Almeida e Brito,
 clarim Armando e capitão Falcão. De costas, o capitão Oliveira, comandante da CCS.
Um Natal com ementa confecionada pelas Amazonas da CCS do BCAV. 8423
Amazonas do Quitexe, mães natais da consoada de 1974: Margarida
Cruz, Graciete Hermida, a esposa e filha do capitão Oliveira e esposa
do tenente Mora. Ao colo, está Ricardo, filho do alferes Cruz


O inimitável e inesquecível Pires, o furriel Cândido dos Sapadores da CCS, acabou de nos ligar, saudando o Natal de amanhã e fazendo memória da noite de consoada de 1974, no Quitexe.
«Aquilo é que foi uma noite, pá...», lembrou-se. E acrescentou: «No fim, já todos mito bem tratados..., 
Natal do Quitexe, em 1974. Na fila de trás e à direita, o Gaiteiro
 (o primeiro, de bigode), Serra, de NN (boina no ombro) e do
Aurélio (Barbeiro). A olhar, de frente e de bigode, em baixo,
o Monteiro (Gasolinas) e a seguir o Cabrita, o Calçada e o
Coelho (sapador)? O sétimo é o Florêncio. E os outros,
quem ajuda a identificar?
ainda fomos beber e dançar com malta daquela família cabo-verdiana da avenida, em frente à messe».
O que não nos espantou nada!
A consoada natalícia de há 47 anos, por terras quitexanas do Uíge angolano - a nossa primeira única em tempos de guerra... -, teve participação activa das esposas e família dos oficiais da CCS, com a sua arte e saberes de cozinha, que surpreendeu toda a gente. E de que maneira!!!
As compridas mesas do refeitório encheram-se de regalos gastronómicos, saciando o apetite devorador dos jovens Cavaleiros do Norte da CCS (a do Quitexe) e da 3ª. CCAV. 8423 (a de Santa Isabel), então na força da sua juventude e ali
emocionados e cúmplices de momentos muito especiais.
A ementa foi carinhosamente tratada pelas Amazonas do Norte e doces e aletrias, rabanadas, mexidos e sopas, frutos secos, queijos, arroz-doce, leite creme e outros acepipes, tantos outros acepipes..., não faltaram na farta mesa do refeitório do Quitexe - onde comungaram, em partilha solidária, cúmplice e amiga, oficias, sargentos e praças das duas companhias, sem distinção..., todos irmãos da noite tão especial como aquela. Noite que nunca tínhamos vivido foram das nossas lareiras e do conforto e intimidade das nossas famílias.
As bebidas foram para todos os gostos, sem abusos, muito embora os bravos e emocionados, diríamos que nostálgicos Cavaleiros do Norte não se tenham feito rogados a... mais um gole. E, vamos lá, até um ou outro tenham abusado. Nada de mal ou execessivamente a mais. Ou talvez não!
Noite de Natal no Quitexe, em 1974. Do canto esquerdo para a direita,
 os furriéis milicianos Rocha (de bigode), Fonseca (a fumar), Viegas,
Belo (de óculos), Ribeiro e...? Da direita, Monteiro, Cândido Pires (de
 bigode retorcido),  Machado (de cigarro) e Costa (dos Morteiros, a rir).
Entre ele e o Machado, está o Lajes, o barman do bar dos sargentos


Noite de emoções
e lágrimas de saudade

Os alferes milicianos Jaime Ribeiro e António Albano Cruz recordam-se bem dessa saudosa e sentida noite de Natal de há 47 anos e lembram que «era tanta a quantidade e a variedade» de comidas e de... bebidas, que «alguns até entraram de gatas nas suas casernas e quartos». 
«Acho que isto tudo, esta vivência muito particular, afinal, até nos ajudou a criar a nossa personalidade, a nossa maneira de ser e estar e a ter forças nos momentos difíceis que por lá atravessámos, tanto jeito ou falta nos faziam», comentou o alferes Cruz, que teve a mulher, a dra. Margarida, médica,  como um das cozinheiras.

José Alberto Almeida, o alferes miliciano de reabastecimentos, recorda ter encontrado o alferes Manuel Garcia, de Operações Especiais (os Rangers), recolhido no canto do bar de oficiais, em momento de choradas saudades da família, enquanto no refeitório o «povo» do BCAV. 8423 continuava a festejar a data e fartava a fome das ementas de época, bem regadas a cerveja e também vinho - que vinho houve, sem faltas..., nessa nossa consoada de há 47 anos!!! Vinho e mimos, muitos mimos..., que nos encheram o corpo e o espírito! E parece que tudo isso foi ontem à noite!!!

Os furriéis milicianos Monteiro, Viegas e Neto
apresentaram-se no RC4 na véspera do Natal de 1974

Três furriéis «Ranger´s» da
CCS e apresentados no RC4!

Um ano antes, precisamente, a uma segunda-feira de véspera de Natal de 1973, apresentaram-se em Santa Margarida e no RC4, os três futuros furriéis milicianos de Operações Especiais (Rangers) da CCS do BCAV. 8423.
A Ordem de Serviço nº. 301, do RC4, de 26 de Dezembro de 1974, dá conta que a 24 de Dezembro (desse ano), às 11 hora, se apresentaram, «vindos do CIOE, 
Ordem de Serviço do RC4, de 26/12/1973,
 com a apresentação, no RC4, dos futuros
furriéis Neto, Monteiro e Viegas,
por terem sido nomeados para servir no ultramar, com destino às companhias que se indicam, do BCAV. 8423/73/RC4/RMA».
E lá estão os nomes: Neto, Monteiro e Viegas,  «pagos até 22 de Dezembro e abonados de alimentação até 23 de Dezembro, portadores da relação modelo 9 de fardamento e aumentados ao Regimento e ao BCAV. 8423». Nem mais! O oficial de dia ainda «brincou» connosco - teríamos de «entrar de serviço às 14 horas», o que significava lá passarmos a noite de Natal. O Neto, porém, logo «sentenciou» o nosso destino próximo: «Vamos embora, castigo maior que o de ir para Angola, já não nos pode acontecer».
Saímos do RC4, no SIMCA 1100 dele, chegámos a Águeda e o Monteiro telefonou para Fornos, em Marco de Canaveses, para um irmão o ir buscar ao Porto. Em Águeda, ainda chegou a tempo de apanhar a carreira para a capital do norte e foi passar a noite de Natal a casa.
* Noite de Natal de1974, ver AQUI