quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

5 723 - Adesão à FNLA da Facção Chipenda, dissidente do MPLA! Rendição de comandantes ao MPLA!


Cavaleiros do Norte do BCV. 8423 em Aldeia Viçosa, todos milicianos: alferes Carvalho de
Sousa, capitão José Manuel Cruz e alferes António Albano Cruz (da CCS), João Carlos
Periquito e, em baixo, Jorge Capela. Todos eles gente do alto!


A expectativa dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 aumentou nos últimos dias de Fevereiro de 1975, quanto ao seu futuro próximo. Iam para Carmona (e o BC12) ou para Luanda? 
A primeira hipótese era a cada vez mais provável e, pelo Quitexe - onde, desde 10 de Dezembro de 1974, também se aquartelava a 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel - seguia a rotina de serviços e a apresentação de vários elementos dos movimentos, nomeadamente da FNLA.
Foi na FNLA que, a 22 de Fevereiro de 1975, se integrou a Facção Chipenda, também identificada por Revolta do Leste. «A partir de hoje, colocamos as nossas tropas sob o alto comando do Estado Maior General da FNLA, com a condição de os nossos oficiais continuarem a comandar as nossas unidades», disse Daniel Chipenda, numa conferência de imprensa em Kinshasa, capital do Zaire.
A Facção era dissidente do MPLA e, em Luanda, estimava-se tivesse pelo menos 3000 homens armados, comandados por Chipenda, que tinha sido «oficialmente expulso» do movimento presidido por Agostinho Neto. Chipenda, e cito o Diário de Lisboa, «passa a ser representante no Governo de Transição pelo movimento de Holden Roberto» - a FNLA.
O MPLA reagiu em comunicado do seu Estado Maior General, anunciando que «renderam-se na Frente Leste, no passado dia 16, os comandantes Luhele, Katchukuchuku, Ácido e Muhongo Nabanka, que, até esta data estavam integrados nas forças imperialistas de Daniel Chipenda».
O comunicado acrescentava que «renderam-se na área do Cazombo e estão em processo de reintegração nas FAPLA», seguindo-se (a rendição) às dos comandantes Mafuta, Cow-Boy, Pela Virianga e Bala Direita, que «com as suas tropas, se tinham rendido em Janeiro» desse mesmo ano de 1975.


A apresentação do
alferes António Cruz!

O futuro alferes miliciano António Albano Araújo de Sousa Cruz apresentou-se no BCAV. 8423 a 24 de Fevereiro de 1974, já lá vão 48 anos. Como o tempo passa! É um instantinho!
O então aspirante a oficial miliciano era licenciado em engenharia mecânica e recém-casado com a médica dra. Margarida Cruz - que o acompanhou, com o filho Ricardo (foto) na jornada africana do Uíge angolano e por lá foi professora primária, na escola do Quitexe.

 

A formação e especialização militar tinha sido Escola Prática de Serviço de Material (EPSM), em Sacavém, e rodou para a Companhia Divisionária de Material Militar (CDMM), no Entroncamento de onde foi «despachado» para o Regimento de Cavalaria nº. 4, em Santa Margarida, «por ter sido nomeado para servir no ultramar, com destino à CCS do BCAV. 8423».
Os atiradores de Cavalaria, «grosso» da guarnição, e os respectivos quadros instrutores tinham entrado de licença de 10 dias, a chamada «licença especial», na sexta-feira anterior e, por isso mesmo, poucos futuros Cavaleiros do Norte lá encontrou. Apenas, e já na segunda-feira, alguns quadros profissionais e uns poucos especialistas. 
Os futuros «operacionais» apenas voltariam ao Destacamento do RC4 no dia 4 de Março seguinte, prosseguindo a preparação operacional que antecipava a 

 

partida para o teatro de guerra para que estavam mobilizados - para Angola. O que, no caso da CCS, só viria a acontecer a 29 de Maio desse ano de 1974.
Cavaleiros do Parque-Auto da CCS: 1º. cabo
Agostinho Teixeira, alferes António Albano
Cruz e condutor Américo Gaiteiro

Louvor ao Parque-Auto
do alferes António Cruz !

O alferes Cruz é natural de Santo Tirso, onde ainda actualmente reside, mas, ao tempo, vivia em Aldoar, no Porto, e em Angola comandou o Pelotão de Manutenção Auto-Rodas, que foi louvado por ser «equipa de trabalho com espírito de entreajuda e sacrifício, procurando tirar o maior rendimento do seu labor».
Ao mesmo tempo que, sublinha louvor proposto pelo capitão António Martins de Oliveira (SGE), comandante da CCS, «torneando dificuldades inerentes ao muito uso das viaturas e ás faltas constantes de sobressalentes, conseguindo que delas se obtivessem condições de utilização em tempo oportuno e muito aceitáveis»
Um abraço, alferes Cruz! E para todos os Cavaleiros do Norte do Quitexe, de Zalala, de Aldeia Viçosa e de Santa Isabel - santuários da nossa in esuqecível jornada africana do norte uíjano de Angola! Com Luísa Maria, Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona!

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