terça-feira, 19 de abril de 2022

5 777 - Férias no Huambo angolano e os primeiros incidentes militares em Nova Lisboa...

O furriel Viegas em Nova Lisboa, na antiga Avenida da República e em frente ao
Hotel Bimbe, agora uma pastelaria e padaria huambana, centro da cidade que
agora é Huambo, capital da província do mesmo nome. Setembro de 2019


A Escola de Aplicação Militar (EAM), na cidade
de Nova Lisboa (Huambo) e em 1975


A 19 de Abril de 1975, há 47 anos, andávamos (os furriéis milicianos Cruz e Viegas) por Nova Lisboa em angolanas férias, desfrutando do cosmopolitismo de uma lindérrima cidade, fundada pelo Goverador Norton de Matos - que a quis fazer capital de Portugal.
Ao tempo e pelos uíges da nossa jornada africana do norte de Angola, repetiam-se incidentes entre militantes armados do MPLA e da FNLA. 
O planalto huambino, ao contrário e porém, parecia um paraíso. Estranhamente, na verdade e para mim, toda a gente tinha uma enorme confiança no futuro e nada de cultivar preocupações quanto ao futuro. O sul de Angola, na verdade, estava livre de problemas, não havia guerra, que era «coisa lá dos gajos do norte» - os da zona do café, do Uíge, nos Dembos, no Leste, embora, por esse tempo de há 47 anos, o sangue já há muito regasse as ruas de Luanda e outras cidades. 
Eu mesmo vivi esse clima de paz centro/sulista, nas viagens de milhares de quilómetros que se faziam sem necessidade de qualquer segurança - de Luanda à Gabela, a Nova Lisboa, ao Lobito, a Benguela, a Novo Redondo, Sá da Bandeira e Moçâmedes. Ou a Carmona, a Salazar. 
Todavia, num destes meus dias de Nova Lisboa registaram-se os primeiros incidentes e uma turba de angolanos armou escaramuça na avenida da República, pertíssimo do Ruacaná - onde eu fui ao cinema, com minha madrinha Isolina. E no bairro de Santo António, perto do RI 21 e da Escola Prática Militar de Nova Lisboa. 
Foram um «aviso» para o que se seguiria nos meses seguintes, pelos julhos e agostos fora, setembros e outubros de muitas dores de 1975, na guerra civil que arrasou a cidade e muitas outras. 
O furriel Viegas e a estátua
de Norton de Matos, há 47
ano e em Nova Lisboa
O furriel Viegas e a
estátua de Norton de
Matos, em Setembro
de 2019

A Páscoa europeia

em Nova Lisboa!

Ainda desses dias de Nova Lisboa, recordo a «hospedagem» no Bimbe da Família Neves Polido e com programa diário cheio da atractivos e... atracções. O Rafael Polido, o Manuel Viegas, o Sérgio, foram cicerones e anfitriões magníficos foram todos.
Recordo a muito especial noite na zona dos quartéis, 
em petiscadela que meteu moelas e moambas, no bar-restaurante que o Orlando Rino - um conterrâneo estabelecido no Bairro de Santo António, nas imediações do da Escola de Aplicação Militar de Angola e do RI21, ao Bairro de Santo António. 
Falámos intensamente do movimento revolucionário que incendiava Portugal, das consequências da próxima independência de Angola e de como, nesse quadro, seria a vida dos portugueses - os brancos! 
E também recordámos tradições pascais da nossa aldeia (somos conterrâneos), «encenadas» com marisco trazido do Lobito, fresquíssimo..., e regado a vinho verde branco.
Orlando Rino radicou-se, entretanto, no sul do Brasil, em Rio Grande, onde já nos encontrámos uma meia-dúzia de vezes e sempre recordámos aquela mágica noite huambana. Infelizmente, cegou há mais de uma dezena de anos, vítima de diabetes e doenças afins. E há pouco tempo soubemos, já com atraso, que faleceu em 2020! RIP!!!
1º. cabo Jorge Pinho

A morte, há 26 anos, do
1º. cabo Jorge Pinho !

O 1º. cabo Jorge Manuel de Sousa Pinho faleceu há 26 anos, no dia 19 de Abril de 1996 e na sua cidade natal - o Porto.
Cavaleiro do Norte da CCS do BCAV. 8423, com a especialidade de escriturário, jornadeou pela vila do Quitexe e cidade de Carmona, em toda a sua comissão em Angola e trabalhando na secretaria do Comando do Batalhão, entre 30 de Maio de 1974 (dia da chegada a Luanda) e 8 de Setembro de 1975.
Regressou neste dia ao lugar de Choupos, freguesia de Ramalde, na cidade do Porto, e ali morou no Bairro dos CTT. Faleceu, a 19 de Abril de 1996, há 26 anos e em vésperas de chegar aos 44 anos, que faria no dia 25 de Abril imediatamente seguinte. Partiu muito cedo, vítima de doença!
Hoje, aqui fazemos memória dele, militar discreto e competente, bom companheiro, recordando-o com saudade. RIP!!!


Carvalho de Santa Isabel
70 anos em Amares

O soldado Joaquim Fernandes de Carvalho foi Cavaleiro do Norte e soldado da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel e do capitão José Paulo Fernandes.
Condutor auto-rodas de especialidade militar, também passou pelo Quitexe e por Carmona, tendo regressado a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, no final da sua jornada africana do norte uíjano de Angola.
Fixou-se na sua terra natal, no lugar de Sobre a Igreja, freguesia de Fiscal, no município de Amares. É lá que, hoje mesmo, dia 19 de Abril de 2022, fará 70 anos e por isso o felicitamos. 
Parabéns!

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