Os furriéis milicianos Joaquim Abrantes, Cândido Pires e Viegas, com algumas crianças angolanas e na sanzala do Talabanza, na saída do Quitexe para Carmona, na Estrada do Café. O Papelino é quem está com a roda e os paus |
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Furriéis milicianos da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa: Rebelo, Martins, Mourato e Mário Matos, que amanha festeja 70 anos em Anadia |
Sempre me interessei pela etnografia e culturas populares. E pouco percebendo disso (ainda hoje!...), não me dispensei de, em Angola, aproveitar tempos «mortos» do nosso dia-a-dia para conhecer alguns hábitos e tradições locais - as mais tribais que pudesse.
A foto onde apareço com o Abrantes (furriel de Castelo Branco, na altura acidentalmente colocado no Quitexe) e o Pires do Montijo foi tirada numa sanzala dos arredores da vila, num qualquer dia de Setembro de 1974, quando fomos querer saber porque é que os familiares de um morto faziam festa, com danças, músicas e cantares, em vez de luto. O luto que nós conhecemos por cá!
Poupando palavras, que aqui até viriam a despropósito, era esse o ritual da tribo - e devo confessar que todos ficámos algo chocados com tal tradição. E intrigados!
O Pires, que era bonacheirão e generosamente bem vivido lá pelos lados do Montijo e Lisboa, provou nesse dia uma aguardente de palma (ou era de cana?), fortíssima, da que se bebia a rodos na festa do luto. E de tal modo bebeu que veio a cambalear para o quartel e teve de levar soro na enfermaria. Dormiu essa noite, e depois, para aí umas 16/17 horas seguidas.
«Ó Viegas..., o que é que me aconteceu, pá?!...». - perguntou-me ele, batendo-me à porta do quarto, já depois do jantar do outro dia.
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Agostinho Papélino |
O Papélimo que eramascote do Quitexe!
Não se lembrava de nada, nem do piscar de olhos que na véspera repetidamente fizera a uma cabo-verdeana de encher a alma e o desejo, por quem se andava a deixar pingar de amores.
O miúdo com o pneu era o Agostinho, Agostinho Papélino... Com uma mangueira de jardim tocava o hino nacional, todos os toques da tropa e o raspa. Uma maravilha!!! Fazia de engraxador para ganhar a vida, mas não engraxava coisa nenhuma...
Órfão, comia todos os dias no quartel e era um espécie de mascote dos bravos Cavaleiros do Quitexe!!! Quis vir comigo para Portugal. Não veio e quando o procurei, a 25 de Setembro de 2019, quando passei pelo Quitexe, foi-me dito que ja teria falecido «há alguns anos».
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Furriel Mário Matos (que amanhã festeja 70 anos), o 1º. cabo Pimpim (já falecido) e o furriel João Brejo, da 2ª. CCAV. 8423 |
Matos, furriel de Aldeia
Viçosa, 70 anos em Anadia !
O furriel miliciano Matos, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, festeja amanhã 70 anos. Dia 25 de Abril de 2022. Mário Augusto da Silva Matos, de seu nome completo, era tirador de Cavalaria de especialidade militar, mas, além disso, desempenhou funções administrativas na secretaria dirigida elo 1º. sargento Norte - já falecido.
Foi louvado porque «sempre demonstrou as melhores qualidades militares no desempenho de todas as missões que lhe foram determinadas», nomeadamente quando «chamado a ajudar o 1º. sargento da sua subunidade (...) rapidamente se adaptou a essas funções», para além de sempre se ter mostrado militar disciplinado e cumpridor».
Regressou a Portugal a 10 de Setembro de 1975, esteve emigrado nos Estados Unidos e, agora já aposentado, mora em Anadia. Para lá e para ele, vai o nosso abraço de parabéns.
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