sexta-feira, 13 de maio de 2022

5 801 - O dia 13 de Maio e de Fátima na vida dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423!


José Gomes Coelho, no Quitexe, ao centro de bigode. Reconhecem-se os 1ºs cabos
 João Monteiro «Gasolinas» (à esquerda) e Soares (à direita). Os dois companheiros
 que ladeiam o José Coelho, quem são? Recordamos  os rostos, mas esquecemos os
 nomes. Quem os identifica?
Os alferes António Cruz (à esquerda), da CCS, e Mário
Jorge  Sousa (?), da 1ª. CCAV. à entrada de Zalala 



O místico dia 13 de Maio, o do ano de 1974, foi uma segunda-feira e, no calendário, a duas semanas de distância do dia marcado para o embarque da CCS do BCAV. 8423 para Angola.
O dia, para mim (furriel Viegas) foi tempo de actividades hortícolas, numa propriedade que é hoje minha mas, ao tempo, era uma das que minha mãe trabalhava ao longo do ano, na agricultura de subsistência que caracterizava os anos 70.
Era dia de Fátima e veio à baila as muitas promessas que se faziam, de ir em peregrinação apeada ao santuário, cumprir as promessas de os militares regressarem sãos e salvos.
A minha família é profundamente católica e estaria na mente de minha mãe tal promessa fazer por mim (pela minha ida para Angola e para a guerra).
«Olhe que se fizer promessa, é para ir você a pé!...», disse-lhe eu, enquanto semeávamos feijão e plantávamos couves, na horta do Subalo - com a capela de Santo António ali a 30 metros.
Se disse uma heresia (e julgo que isso terá pensado minha mãe, sem, porém, fazer quaisquer comentários sobre o pormenor), adiantou-me, todavia, que a questão era dela e eu o seu filho. Portanto, faria ela o que bem entendesse e lhe ordenasse a sua fé.
«Não foi essa a educação que te dei...», afirmou-me cheia de convicção, convicta como sempre foi na vida dela, e, naturalmente, condenando a minha dispensa da promessa.
Argumentei-lhe que havia a moda de prometer irem terceiros a pé (os beneficiados) e não só quem prometia e que isso era errado. Devia ir a pé quem prometesse. Só quem prometesse ir a pé.
A minha mãe, que faleceu já com mais de 100 anos e a 9 de Maio de 2021 (há um ano, que hoje vamos recordar e missa na Igreja de Santo Adrião de Óis da Ribeira, aqui esmo ao lado...) arrumou a conversa, com um seco «esse problema é meu...», mandou-me calar, acabámos as tarefas da horta e viemos embora.
Há alguns anos por lá passámos e o assunto veio à conversa:
«Nessas coisas sempre foste um bruto. Mas olha que rezei todos os dias por ti...», disse-me ela, sem me pôr os olhos em cima e do alto da autoridade dos seus então 91 anos!
Não prometeu e também não foi em peregrinação apeada a Fátima. Nem ela, nem eu, nem ninguém. Mas, além das suas orações (e sei lá mais o quê...), manteve uma vela acesa em lamparina de azeite, durante todos os 15 meses da minha comissão angolana.

José G Coelho,
soldado sapador

A morte do sapador
José Gomes Coelho

O soldado sapador José Gomes Coelho, que pelos Cavaleiros do Norte jornadeou pelo Uíge, faleceu há precisamente 15 anos: a 13 de Maio de 2007.
O Coelho integrava o Pelotão de Sapadores da CCS e comandado pelo alferes miliciano Jaime Ribeiro, e, regressado a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, voltou à sua terra natal de Oldrões da Calçada, em Penafiel.
Trabalhou na Universidade do Porto, como carpinteiro, nas a doença antecipou-lhe a reforma por invalidez.
«Teve um tumor cerebral. Nunca quis ser operado», disse-nos Ângela Coelho, uma das duas filhas. A viúva, Maria Elisa Sousa Ferreira, foi quem nos deu a notícia da sua morte, quando, em 2009 (já lá vão 13 anos), organizámos o encontro de Águeda da CCS do BCAV. 8423.
Faleceu aos 55 anos, ainda muito novo, e ainda teve a felicidade de conheceu dois netos. Hoje o evocamos com saudade. Até um destes dias, caro Coelho! RIP!!!
José C. Neves

Atirador José Neves
faz 70 anos em Sintra !

O soldado José Coutinho das Neves foi  atirador de Cavalaria do PELREC da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
Residente em Rio de Mouro, no concelho de Sintra, lá voltou a 8 de Setembro de 1975, quando terminou a sua e nossa jornada africana por terras uíjanas do norte de Angola - pelo Quitexe e por Carmona. 
Sofria de doença do foto epilético - o que não o auto-dispensava de querer participar em todas os patrulhamentos e operações do PELREC - e viverá, agora, na Quinta do Alemão, em Manique de Cima, também em Sintra. 
Infelizmente, não temos notícias precisas sobre ele, mas não lhe dispensamos o nosso abraço de felicitações. Um abraço, caro Neves!

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