quarta-feira, 8 de junho de 2022

5 827 - A instalação no Quitexe em 1974! Abastecimento de Carmona e evacuação de refugiados em 1975 !

A avenida do Quitexe, ou Rua de Baixo. À direita, o bar e messe da sargentos (casa verde) e casa
do comandante (a azul, destelhada e desabitada), a 24 de Setembro de 2019. À esquerda e também 
de azul, o edifício da enfermaria do BCAV. 8423, agora da Polícia Nacional (PN) de Angola, assim 
como a casa da Família Rei, a do telhado em forma de triângulo

Os furriéis milicianos Ricardo (que hoje festeja 70 anos, em
Loures), Viegas e Querido e, em baixo, o soldado Rebelo, a
21 de Dezembro de 2019 e em Odivelas

Os primeiros dias do Quitexe, há 48 anos..., foram de acomodação do pessoal, distribuição de equipamentos e serviços. 
A principal preocupação era fazer uma instalação tranquila e o mais possível ao encontro dos interesses da guarnição - na medida do que era possível, até porque o comodato era (ainda) com os homens do BCCÇ. 4211, que nós rendíamos.
Logo ouvimos histórias deles: os terrores das picadas, os perigos dos trilhos, os sustos das noites de cacimbo, a rádio do IN - na qual se ouviriam ameaças sanguinárias de uma tal Maria Turra, que seria a voz da FNLA, a partir de um qualquer sítio do vizinho Zaire e a falar pela noite dentro. 
Era tanta convicção com que nos falavam de Maria Turra, que chegámos a pensar tudo ser verdade. Gente houve que a terá ouvido, a vaticinar desgraças para ao nosso destino e «convidando» a tropa a desertar. 
Nunca ouvi! 
A passagem de missões foi-se fazendo gradualmente. Almeida e Brito, o tenente-coronel que era comandante do BCAV. 8423, já por lá jornadeara, conhecia a zona e o que nos dizia inspirava-nos confiança. 
Aos poucos, fomos conhecendo a comunidade civil, os bares, os restaurantes, a administração civil, o hospital. A adaptação foi serena e fácil. Afinal, nem estávamos na mata! O Quitexe era uma vila, pequena mas atraente! Rodeada de sanzalas e atravessada por uma estrada de asfalto, a ainda hoje Estrada do Café,  que nos levava à civilização - a Carmona, a Luanda!
A evacuação de civis refugiados na
parada do BC12, em Junho de 1975

Abastecimento de Carmona 
e evacuação de refugiados !

Um ano depois, Carmona recebeu abastecimentos por via aérea, que foram carregados em viaturas militares para o BC12.
As Forças Armadas Portuguesas, de seu lado, continuavam a evacuar cidadãos do aquartelamento dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, boa parte das vezes nas aeronaves de transporte de mantimento e também em autocarros para o efeito contratados (coo se vê na imagem de há 47 anos) e continuava a levar refugiados principalmente para Luanda.
O livro «História da Unidade» refere que «o mês decorreu sob forte tensão emocional, quer pelos alguns atritos que voltaram a dar-se, quer também porque estão se estão vivendo momentos de carências logísticas».
A UNITA de Jonas Savimbi, no fim de semana de 7 e 8 de Junho de 1975, envolveu-se nos incidentes que se vinham a repetir em Luanda, provavelmente, admitia o «Diário de Lisboa», «em consequência dos ataques que lhe foram dirigidos por parte das FAPLA» - as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, o exército do MPLA.
As Forças Armadas Portuguesas, nesse período, «foram obrigadas a reagir directamente contra delegações da FNLA e do MPLA, havendo a registar (...) a destruição de três delegações da FNLA e uma do MPLA, por se registarem ataques a partir daquelas instalações contra soldados portugueses».
Alcides Ricardo,
furriel Cavaleiro do
Norte, em 1975


Ricardo, furriel da 3ª. CCAV.
8423, faz 70 anos em Loures !

O furriel miliciano Alcides dos Santos da Fonseca Ricardo, Cavaleiro do Norte da 3ª. CCAV. 8423, festeja hoje 70  anos a 8 de Junho de 2022. É hoje e em Loures.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e é natural de Paipenela, freguesia do concelho da Meda, cedo «emigrou», tinha ele apenas 12 anos e com a família para a grande Lisboa, onde estudou e acabou por definitivamente se fixar.
Cumprida a jornada africana do norte de Angola, 
Regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, depois de cumprida a sua(e nossa) jornada africana do Uíge angolano e fixou-se em Loures, onde ainda vive.
Lá estivemos com ele e o Querido (furriel de Santa Isabel) e o Rebelo (da CCS), em Dezembro de 2919, pouco antes da pandemia, em Dezembro de 2019.
O Ricardo e a sua subunidade do BCAV. 8423, além de Cavaleiro do Norte da Fazenda de Santa Isabel, também passou pelo Quitexe e por Carmona (actual cidade do Uíge) e teve uma vida profissional na área administrativa, num laboratório da indústria farmacêutica. Agora já aposentado, continua a morar em Loures, para onde vai o nosso abraço de parabéns, neste dia dos seus 70 anos. 
Parabéns!


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