sábado, 4 de junho de 2022

5 823 - Os dias de Carmona ferro e fogo, com mortos civis e combatentes angolanos!

Alferes Garcia, de G3 na mão (a amarelo) e furriéis Viegas (de lado e meio tapado) e Machado (a 
branco), na parada do BC12, junto de um helicóptero, nos dias sangrentos e dramáticos da cidade 
de  Carmona, há 47 anos anos! 
Um helicóptero da Força Aérea Portuguesa (FPA) a 
poisar na parada do BC12, em Carmona, deixar
 mantimentos e levar refugiados em 1975



O «Diário de Lisboa» de 3 de Junho de 1975 e como aqui já falámos, dava conta terceiro dia dos combates de Carmona, ainda que deficientemente  informado, e do «êxito das ultimas diligências conjuntas para o restabelecimento da ordem em Carmona, teatro de incidentes sangrentos nos últimos dias».
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 que o digam, pois por lá sentiram na pele, e na alma, as dores dos momentos trágicos de uma guerra fratricida, de irmãos a matar irmãos.
«As duas equipas  militares integradas nos movimentos de libertação, enviadas anteontem para Carmona e que não puderam por termo às confrontações entre tropas da FNLA e MPLA, recorreram ao apoio político de uma delegação de altos representantes dos três movimentos e do Exército Português, que parece ter tido êxito na sua missão», refere o DL de 3 de Junho de 1975.
Não temos memória dessas duas equipas militares internadas, como ainda ontem aqui comentámos.
Na véspera, dia 2 de Junho, era expectado um encontro entre uma força do ELNA, proveniente do Zaire, e as forças mistas, formadas por tropas dos três movimentos e do Exército Português, numa coluna que, segundo o DL, «avança para norte, para suster as forças de Holden Roberto, cujas intenções não são claras, apesar das notícias de que viria apenas render a guarnição de um quartel onde, na última semana, se travaram acesos combates»
Qual quartel? 
O jornal não diz e a minha memória não chega lá.
Porém, em data que não é possível precisar, segundo o livro «História da Unidade», um incidente na Ponte do Dange, «serviu de espoleta» para outros, que se estenderam a Carmona (e são estes de que vimos falando) e, logo depois, o Quitexe (onde continuava a 3ª. CCAV. 8423) e Negage, em, e cito, «avalanche de gravíssimos confrontos entre ELNA e FAPLA». 
Não indo a força do ELNA para estes aquartelamentos, iriam para qual e onde? Não sei. Ninguém deverá saber.
Os dias de Carmona, entretanto, continuavam a ferro e fogo, com imensos (quantos?) mortos civis e entre combatentes da FNLA e do MPLA. Feridos, mais ou menos graves, eram ás centenas.
Os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, os de Zalala, já no Songo desde 24 de Abril - idos de Vista Alegre e Ponte do Dange -, começaram a rotação para Carmona a 6, concluindo-a a 12 de Junho (ontem se passaram 39 anos). Também não era para o Songo que se dirigi(ri)a a força do ELNA.
Cavaleiros do Norte da CCS no RC4, a 3/6/2017. À frente, Amaral, Coelho (Buraquinho). Vicente (com o estandarte), alferes Ribeiro, 
1º. cabo Domingos (de vermelho), Caixarias, Marcos (a espreitar), Aurélio (Barbeiro), capitão Luz, 1º. cabo Grácio (meio
 tapado pelo
Lopes), furriel Lopes, 1º. cabo Monteiro, Delfim Serra (de bigode branco), Carlos Ferreira, Serra,
furriéis Morais,
Viegas e Rocha (de óculos), Abílio, Dias, Gomes, Afonso e Esgueira, Atrás, Caetano (de casaco branco
e óculos),
furriel Neto, Grácio (de verde e meio tapado), Pereira (cabelo branco), furriel Monteiro (de castanho), Zambujo (de óculos e cabelo
branco), Simões, Albertino (de bigode), furriel Cândido Pires, 1º. cabo Teixeira e Nogueira (do Liberato)




O tenente-coronel Celso Braz mostrando a peça de cerâmica de
Águeda oferecida pela CCS. Está ladeado pelo alferes Jaime
Ribeiro e condutor Vicente, o organizador do encontro (à esquerda),
tenente Nuno Barreira (oficial de dia da unidade) e o furriel Viegas

A CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 voltou ao RC4, as nossa unidade mobilizadora, no dia 3 de Junho de 2017. 
Há 5 anos e de onde, a 29 de Maio de 1974, partiu para Angola.
O dia foi um grande dia, cheio de emoção e regado da saudades e sentimentos muito vivos e diversos.
As honras da casa foram tenente-coronel Celso Braz, comandante da Companhia de Carros de Combate, que, na sala principal do Museu, fez a recepção e explicou a história e as alterações da Brigada Mecanizada - a unidade que foi o (nosso) RC4
«Sintam-se em casa, estão em vossa casa...», disse o oficial de Cavalaria, franqueando o quartel que, há 48 anos, foi a casa dos jovens Cavaleiros do Norte que se preparavam para a épica jornada africana do do Norte de Angola.
O momento foi aproveitado para a entrega, ao oficial comandante Companhia de Carros de Combate, de uma recordação da CCS - um prato em cerâmica de Águeda. 
O alferes Ribeiro, o furriel Viegas e o condutor Vicente Alves, organizador desse encontro de 2017, sob aplausos, entregaram a peça, que diz «Batalhão de Cavalaria 8423 ||| CCS ||| Cavaleiros do Norte ||| Encontro de 2017 no RC4 ||| Recordação ao Comandante da Unidade ||| Santa Margarida 03/06/2017».
Um dia para não esquecer!

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