segunda-feira, 6 de junho de 2022

5 825 - O dia da chegada, há 48 anos, da CCS ao Quitexe! O fim dos piores dias de Carmona!

A entrada do Quitexe, a 24 de Setembro de 2019, quando por lá passou o furriel
 Viegas. À direita, o icónico posto de vigia. Ao fundo e ao centro, cor de rosa, o
 Bar do Rocha, que agora é uma farmácia

A viagem da CCS, do Grafanil ao Quitexe e
pela chamada Estrada do Café

A 6 de Junho de 1974, a CCS do BCAV. 8423 chegou ao Quitexe, a terra do nosso destino da jornada de África que nos fez irmãos dos angolanos!
Ao Quitexe, «a  vila-mártir dos ataques e 1961» e que o livro «História da Unidade» retrata como «terra promissora de Angola, capital do café». Vila que seria (e foi), «o primeiro local onde o BCAV. 8423  iria estabelecer-se em Sector, com vista a dar consecução ao problema de paz que o MFA pretende obter».
Hoje se fazem 48 anos!
Saímos do Grafanil, ainda de madrugada, vimos a Luanda imensa fugir aos nossos olhos e lá fomos, em estrada de asfalto, galgando quilómetros atrás de quilómetros. Logo à frente, o Cacuaco, depois o Caxito (com breve stop, sem sair das viaturas) e depois nova paragem, em Úcua - onde o destino me fez encontrar com um conterrâneo, o Neca Taipeiro. Trabalhava num bar e o achamento foi casual.
Depois, lá continuámos nós, em marcha incómoda de camião, a espreitar a paisagem quente que nos enchia os olhos, a descobrir a terra vermelha que iria ser chão dos nossos passos no norte angolano. A ver a espuma dos nossos dias militares a fazer-se e desfazer-se na alma. 
Quitexe, a entrada do lado de Carmona (Uíge),
a 25 de Setembro de 2019  

Eis o Quitexe, a
6 de Junho de 1974!

Quitexe? 
Como seria, naqueles dias portugueses do pós-25 de Abril, a vila-mártir de 1961 e anos seguintes? Quem lá encontraríamos, como nos receberiam, como nos adaptaríamos? Eram perguntas a que a nossa marcha de camião não respondia, por mais quilómetros de asfalto que galgássemos. 
Sempre asfalto. 
O que era uma surpresa. Boa.
Não se viam as picadas que tanto ouvíramos falar e que tanto nos levedavam os medos. Teríamos de chegar lá! Úcua, terra dos Dembos, Ponte do Dange, aí estávamos nós em terra do Uíge! Depois, Vista Alegre, Aldeia Viçosa e... Quitexe! 
Faz hoje 48 anos! E chegámos! A foto de cima mostra a nossa primeira imagem do Quitexe, actualizada a 2019! Aí estávamos nós, recebidos pelo Batalhão de Caçadores 4211, que íamos render. Bem recebidos! Muito bem recebidos! 
E por lá ficámos até 2 de Março de 1975, quando rodámos para o BC12, em Carmona.
O comandante Almeida e Brito, tenente-coronel, e o capitão José Paulo Falcão (oficial adjunto) já lá tinham estado no dia 27 de Maio, para «contactos com o comandante do BCAÇ. 4211», que íamos substituir. Contactos que, segundo o livro «História da Unidade», «foram muito superficiais».
O Quitexe já nem era, aliás, «novidade» para o tenente-coronel Carlos de Almeida e Brito, que lá tinha sido oficial de operações em 1968, era major de patente e oficial-adjunto do BCAV. 1917.
Cavaleiros do Norte com refugiados de
Carmona, há 47 anos e na parada do BC12

Evacuação de MPLA´s e 1ª. CCAV. 8423
 do Songo para Carmona, cidade sem abastecimentos !

Um ano depois, também e ainda em tempo dos trágicos acontecimentos de Carmona, a cidade começava a serenar, depois dos agitados primeiros dias do mês.
«Em Carmona, outro ponto quente dos combates desta semana, as tropas do ELNA e das FALA/UNITA dominam a cidade, tendo sido evacuados os membros do MPLA que sobreviveram aos ataques. A cidade, porém, continua sem abastecimentos», noticiava o Diário de Lisboa.
O dia 6 de Junho de 1975 foi o início de rodagem da 1ª. CCAV. 8423, a do capitão Davide Castro Dias, do Songo para Carmona,  e «indo ocupar o aquartelamento da extinta ZMN». 
Os Cavaleiros do Norte de Zalala já tinham estado, recordemos, em Vista Alegre e Ponte do Dange e concluíram a rodagem a 12 de Junho, nesta data «entregando os quartéis da área do Songo às AA, de acordo como determinado».
Os piores dias de Carmona estavam a acabar, sem quaisquer baixas entre as NT e depois de mil perigos. Ufff!!!..., que alívio.

Manuel Barroso
Barroso e Pimenta (falecido
 7 de Janeiro de 2020), dois
 «zalalas» de Vila do Conde 
Barroso de Zalala, 70
anos em Vila do Conde !

O soldado Barroso, atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Maria João, em Zalala, comemora 70 anos a 6 de Junho de 2022.
Cavaleiro do Norte atirador de Cavalaria, Manuel Joaquim Faria Barroso - e este o seu nome completo - passou depois por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, sempre integrando o grupo de combate do alferes miliciano Mário Jorge de Sousa, especialista de Operações Especiais (Rangers), com os furriéis milicianos Victor Costa e os já falecidos José Carlos Évora Soares e José Manuel Baldy Pereira. 
Regressou a Portugal e a Vila do Conde no dia 9 de Setembro de 1975 e fixou-se em Vila do Conde, a sua terra natal e onde, profissionalmente, foi comerciante de legumes e frutas. É para lá e para ele que vai o nosso abraço de parabéns! Grandes e bons 70 anos! E venham muitos mais e bons!

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