quinta-feira, 3 de novembro de 2022

6 975 - Proteção militar a trabalhos estradais no Uíge e Angola em véspera da independência!

A Estrada do Café, na entrada da vila do Quitexe e do lado de Luanda. Imagem
do dia 24 de Setembro de 2019, quando por lá passou o furriel Viegas, do PELREC
da CCS. do BCAV. 8423

O alferes miliciano Carlos Silva
oficial da 3ª. CCAV. 8423
Os alferes milicianos Jaime Ribeiro,
Augusto Rodrigues e José Alberto Almeida
A proteção aos trabalhos do pessoal da Junta Autónoma de Estradas de Angola (JAEA) era uma das tarefas dos Cavaleiros nos primeiros dias de Novembro de 1974.
Há 48 anos!
Os trabalhos decorriam quer na Estrada do Café, a que anda hoje liga a capital Luanda a Carmona (agora cidade do Uíge), entre Aldeia Viçosa e Ponte do Dange (a cargo dos Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423), quer do «arranjo da estrada Quitexe-Camabatela» (pela CCS e, essencialmente pelo PELREC e Pelotão de Sapadores).
A tarefa era aparentemente tranquila. Mas só aparentemente. Na verdade e mesmo num tempo em que a aproximação dos guerrilheiros dos movimentos de libertação era cada vez mais repetida, também não é  mentira que, desconhecendo-se uns dos outros, sempre aí se achavam dúvidas, intrigas e medos.
Ordem de serviços com as rotações de 2 grupos
dos Cavaleiros do Norte de Santa Isabel,
 de e para o Quitexe

Rotação de Cavaleiros
de Santa Isabel !

Ao dia 2 desse mesmo mês de há 48 anos, na véspera e no norte uíjano de Angola, houve troca de pelotões da 3ª. CCAV.,  a da fazenda Santa Isabel, em «missão de serviço» na sede do BCAV. 8423.
Ao Quitexe, a vila-sede sede do Batalhão comandado pelo tenente-coronel Almeida e Brito, oficial de Cavalaria, chegou o grupo do alferes miliciano Carlos Almeida e Silva, que integrava os furriéis milicianos Alcides dos Santos da Fonseca Ricardo e António Luís Barradas Mendes Gordo, e partiu o do alferes Augusto Rodrigues, com os furriéis Graciano Correia da Silva e José Fernando da Costa Carvalho.
A rotação total da 3ª. CCAV. 8423, de Santa Isabel para o Quitexe, seria em Dezembro seguinte - completando-se no dia 10.
Notícia do Diário de Lisboa de 3 de Novembro de
1975, sobre o não cessar-fogo em Angola

Vésperas de independência
sem cessar-fogo!

A 3 de Novembro de 1975, um ano depois (há 47!!!...) e já com o Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 em Portugal, as notícias que chegavam de Angola não eram as melhores. 
A independência de Angola estava marcada para o dia 11 e, quanto ao cessar fogo, não... havia!!! E o Governo Português fazia saber que não iria estar presente nas cerimónias comemorativas - embora se admitisse, ao tempo, que o Alto Comissário Leonel Cardoso «esteja em Luanda», segundo noticiavam as Agências Reuters, France Presse e ANOP, citadas pelo Diário de Lisboa.
O MPLA mantinha a sua intransigente posição de «não aceitar qualquer reconciliação» com a FNLA e a UNITA, que rotulava de «movimentos fantoches». O presidente Agostinho Neto reafirmou isso mesmo na 5ª.-feira anterior (30 de Outubro), em vésperas da Cimeira de Campala, convocada por Idi Amin (presidente da OUA e do Uganda).
Quanto à cimeira, foi reiniciada precisamente a 3 de Novembro de 1975 e confirmava-se o não cessar-fogo que chegou a ser anunciado para as 6 horas de 1 de Novembro. «A Luanda, chegam notícias de confrontações armadas nas três frentes, o que desmente a anunciada trégua em todo o território», noticiava o Diário de Lisboa.
A OUA decidiu convocar uma reunião de emergência, «afim, de discutir o conflito angolano». Idi Amin propôs o envio de «uma força de paz africana», mas tal foi recusado pelos três movimentos.

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