quinta-feira, 1 de junho de 2023

7 187 - O trágico dia 1 de Junho de 1975..., o primeiro dos dramáticos incidentes de Carmona!


Refugiados de Carmona/Uíge na parada do BC12, já a serem evacuados. Os dias de há 48 anos foram
intensamente sofridos e o BCAV. 8423 acolheu mais de um milhar de civis da cidade, talvez mais de
 2000... e região uíjana,  
de todas as cores, políticas e credos
Mortos dos incidentes de Carmona, com combates começados
na madrugada de 1 de Junho de 1975. Há 48 anos!


A cidade de Carmona - a actual Uíge, capital desta província... - acordou ao som da metralha, do fogo e da morte espalhada pelos seus bairros e ruas, na madrugada de 1 de Junho de 1975.
Há 48 anos!
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 cedo foram mobilizados para, a todo o custo, o custo que custasse... - mesmo que o da vida fosse... -, defenderem pessoas e bens. Quaisquer que fossem as pessoas, de qualquer cor, qualquer etnia e religião, de qualquer política... 
O pânico estava semeado e levedava entre a comunidade civil, nomeadamente a europeia. E regado a sangue, levedando medos por toda a cidade e bairros envolventes, logo mobilizando os Cavaleiros do Norte do BCAV 8423.
Os grupos operacionais «invadiram» a cidade, protegeram os edifícios públicos, o aeroporto, o Banco de Angola, o hospital e o abastecimento de água. Acudiram a quem, desesperadamente, pedia socorro nas ruas da cidade, espreitando das janelas e portas e acenando por auxílio.
«Graves incidentes estalaram ontem em Carmona, entre tropas do MPLA e da FNLA, obrigando à intervenção, até agora sem êxito, de uma equipa militar 
mista composta apor forças integradas dos três movimentos de libertação», noticiava o Diário de Lisboa do dia seguinte.
O Diário de Lisboa de 02/06/1975 reportava
os graves incidentes da véspera, na cidade
 de Carmona, a actual Uíge

Imprecisões sobre os
trágicos incidentes da
cidade de Carmona !


A notícia tem uma grave imprecisão, pois a tropa que interveio foi apenas a portuguesa, unicamente os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
Nem, valha a verdade, sensatamente seria curial que as forças mistas se envolvessem em acções que pretendia anular a fúria insensata e mortífera dos militares dos dois movimentos. Frente a companheiros de movimento e misturados com o inimigo, o que fariam?
O jornal de Lisboa acrescentava que «(...) o recrudescimento das confrontações determinaram uma ordem de marcha, emitida esta manhã, para que segunda força militar integrada siga para Carmona e domine a situação».
Não há memória de que, alguma vez, tal força tenha chegado a Carmona.
Nem precisa, seria. A sua presença só iria aumentar a instabilidade da cidade e fazer medrar a insegurança que, brava e corajosamente, os Cavaleiros do Norte sustentavam e combatiam, horas atrás de horas, dias seguidos de dias. E noites! Sem comer e sem dormir.
«Mais uma vez, as NT procuraram minimizar o conflito, procurando o seu términus rápido e diligenciando por limitar os seus efeitos», lê-se no livro «História da Unidade», referindo também que «no rescaldo, ainda mais vincada ficou a hegemonia da FNLA».
«Tudo o que se possa considerar combatente ou simpatizante do MPLA foi expulso do distrito, no melhor dos casos, porquanto noutros há a citar algumas dezenas de mortos», acrescenta o HdU, também aludindo a «calma ainda mais fictícia e preocupante» que resultou dos graves incidentes.
O HdU também refere que a população pediu «a protecção das NT, a qual lhe foi dada, entrando no quartel um milhar e tal de refugiados», diríamos nós que aproximadamente 2000, o que (o apoio aos refugiados, principalmente do MPLA) «não encontrou receptividade da FNLA, considerando-a como discriminatória e partidária». Dessa posição da FNLA resultou, ainda segundo o HdU, «um período seriamente preocupante para o BCAV. 8423». Que iria «durar» por toda a semana!
O furriel Viegas e o engº. Eugénio
Silva a 28 de Setembro de 2019

Os trágicos dia (re)lembrados
por um então jovem estudante
«recolhido» no BC12 !

Hoje mesmo e na sua página oficial de facebook, o engº. Eugénio Silva, ao tempo estudante de Carmona e um dos refugiados do BC12, evoca o dia.
«Completam-se hoje 48 anos desde que a então cidade de Carmona acordou de madrugada sob intenso fogo, em sangue, dor, medo, suor e lágrimas», escreve(u) o agora aposentado da Sonangol, depois de uma vida dedicacaa à prspecção de petróleo, acrescentado que «estava todo o mundo em pânico, quando escutávamos aqueles rebentamentos, a que só os militares estavam habituados.
«Foi horrível...», comentou Eugénio Silva, 48 anos depois, e recuando ao seu tempo de então jovem estudante - quem, a 22 e 28 de Setembro e 18 de Outubro de 2019, tive o gosto de abraçar e com ele, por largas horas, fazer memórias dos trágicos primeiros 6 de dias de Junho de 1975, na cidade de Carmoa e chãos do Uíge.
Um abraço, Eugénio!!! Tudo de muito bom para Angola!!!
- Ver AQUI e AQUI

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