segunda-feira, 10 de julho de 2023

7 226 - Comandante do BCAV. 8423 no Quitoque e Quimassabi para «mentalizar as populações»!

Cavaleiros do Norte rádio-montadores, da CCS do BCAV. 8423: 1º. cabo Rodolfo Tomás, furriel
António José Cruz, 1º. cabo António Pais (que hoje festeja 71 anos em Atouguia da Baleia) e
e António Silva, na parada militar da vila do Quitexe

O 1º. cabo António Pais, o furriel miliciano Viegas e o 1º.
cabo Emanuel Santos (emigrado nos Estados Unidos),
no Bar do Rocha, no Quitexe 


O comandante Carlos Almeida e Brito reuniu-se a 10 de Julho de 1974, há 49 anos, com os povos do Quitoque e Quimassabi, no âmbito do programa de «mentalização das populações» para a nova realidade angolana - decorrente da revolução portuguesa, o 25 de Abril desse ano!
Quitoque e Quimassabi ficavam na Estrada do Café, imediataente na saída do Quitexe para Carmona, e foi numa delas que tive(mos) a «surpresa» de ver uma mulher negra a lavar roupa num riacho e a fumar, com a pirisca do cigarro virado para dentro da boca.
Já de relativamente avançada idade e de cabelos brancos, muito brancos..., 
Jovem mulher angolana com
o filho às costas (foto da net)
mostrava os peitos caídos por cima de um minúsculo trapo de roupa, de cinta nua..., e ria, ria, ria-se para nós, à gargalhada..., como que a desdenhar da nossa surpresa e espanto.
A passagem da tropa era-lhe perfeitamente indiferente!
Outra, entre várias outras mulheres, bem mais jovem, talvez com menos de 20 anos..., esfregava a roupa nas mãos e levantava-se a olhar-nos, mostrando-nos os seios nus, na maior das tranquilidades, depois abaixando-se no riacho e espreitando-nos de soslaio, sempre sorrindo de boca larga, de dentes de uma brancura surpreendente, mostrando o corpo aqui e ali adornado de colares e missangas. 
Lavava roupa mas, nas costas, pendurava uma criança - que se bomboleava aos balanços do corpo da mulher - certamente, a mãe! 
Tudo isto era estranho para nós, Cavaleiros do Norte do PELREC, idos da Europa e de outra civilização, lá chegados há um mês e ainda (e por muito mais tempo) a descobrir as duas gentes e os seus hábitos. 
Notícia do «Diário de Lisboa»
de 10/07/1974. Há 49 anos!


MPLA acusa a FNLA,
liceus de Angola ocupados!


O dia de há 49 anos, por Angola, foi tempo de o MPLA declarar «não estar disposto a negociar com a FNLA», enquanto este movimento, segundo Lúcio Lara, «não libertar cerca de 20 militantes detidos em Kinshasa».
Os militantes tinha sido detidos em Junho de 1973, na capital do Zaire de Mobuti Sese Seko (actual República Democrática do Congo), quando «tentavam a reconciliação entre os dois movimentos de libertação».
Lúcio Lara falava em Brazzaville e frisou que, neste quadro, «são impossíveis negociações reconciliatórias». Confirmou, todavia, que a FNLA «libertou 3 oficiais do MPLA, que seguiram para Lusaka».
Ao tempo e em Angola, «alastrava por todo o território» a greve dos estudantes, que ocuparam os liceus, «reclamando a reforma das presentes estruturas».
O movimento tinha apoio das associações de pais e os professores, segundo noticiava o Diário de Lisboa desse dia, «estão divididos, tendo enviado telegrama ao Presidente Spínola».

Pais e a sua «mais-que-tudo» no encontro 
de 2014, na Lomba de Gondomar

Pais, 1º. cabo rádio-montador,
festeja 71 anos em Peniche !

O 1º. cabo António Correia Lourenço Pais, da CCS do BCAV. 8423, no Quitexe, faz 71 anos a 10 de Julho de 2023.
Cavaleiro do Norte especialista de rádio-montagem, também passou por Carmona e é natural de Travassós de Baixo, na freguesia de Rio de Loba, em Viseu, e lá regressou a 8 de Setembro de 1975 - quando terminou a sua (e nossa) comissão pelas terras uíjanas do norte angolano.
Profissionalmente, foi electricista e picheleiro e lá viveu, até à aposentação - quando se «rodou» para Atouguia da Baleia, em Peniche - onde actualmete reside. É para lá que vai o nosso abraço de parabéns, embrulhado no desejo de muitos mais e bons anos de vida.
Daniel Chipenda


Daniel Chipenda
em Carmona !


A 10 de Julho de 1975, há 46 anos, Daniel Chipenda, ao tempo secretário geral da FNLA, deslocou-se a Carmona, onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, numa visita que, segundo a imprensa do dia, «poderia ser significativa».
A falta de pormenores, referia o «Diário de Lisboa» dessa tarde, devia-se ao «não funcionamento do sistema de comunicações com aquela zona, afectado desde os últimos incidentes e não mais reconstruído».
Daniel Chipenda visitou várias fazendas (estava-se na altura da apanha do café) e fez um comício no campo de futebol, com segurança feita pelos Cavaleiros do Norte e alguns elementos das Forças Militares Mistas. 
É desse comício um seu célebre grito: «Nós vai derrubar o estátua do branco?!!!», perguntava ele à multidão.
«Vaiiiiiiiiiiiiiiiii!!!....», gritava o povo, no estádio do Recreativo do Uíge.
«Nãããããããõoooooooo!!!!...», respondia ele. E explicava: «A estátua faz parte da nossa história....».
Anos mais tarde, tive ocasião, em Águeda, de estar com ele e de recordar este dia - de que se lembrava, embora, naturalmente, não tivesse a menor ideia da minha pessoa. 

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