quinta-feira, 13 de julho de 2023

7 230 - Relações tensas com a FNLA, cerco no Negage e ataque ao quartel de Salazar!

Combatentes da FNLA nas ruas da cidade de Carmona, agora Uíge. Os dias de Julho de 1975 foram
de continuadas provocações e ameaças da FNLA aos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, que, porém 
e corajosamente, controlaram, sem quaisquer baixas, a situação militar

Cavaleiros do Norte da CCS, ambos 1ºs cabos: o Joaquim
Breda, condutor (a tocar viola) e Victor Vieira, o Sacristão,
que hoje faz 71 anos na Vidigueira

O dia 13 de Julho de 1975, um domingo, foi tempo de, em Carmona, se realizar um comício da FNLA, com o seu ELNA, no qual se proferiram afirmações que ainda mais fragilizaram a confiança, já de si bem ténue, mesmo muito frágil, dos comandos e das NT, generalizadamente, na FNLA - que desabridamente acusava a tropa portuguesa de apoiar o MPLA.
O dia teve outras «marcas»:
1 - A FNLA impediu a saída de um MVL para Luanda (e tal repetiu no dia 21) - o que motivou enorme desconforto entre a guarnição e motivou mesmo uma reunião de um grupo de furriéis milicianos - quem, no terreno e hora a hora e dia a dia, vinha a comandar as NT, com alguns alferes milicianos - reunião com o comandante Almeida e Brito.
2 - A mesma FNLA que, recordemos, se achava a «dona do Uíge» procurou, sem efeito, fazer «imposições aos comandos militares de Carmona». Era o que faltava.
3 - A mesma FNLA, bem perto de Carmona, no Negage, cercou o quartel das NT e pediu as armas da CCAÇ. 4741, sem que tal se concretizasse.
A FNLA, tanto quanto nos era dado a perceber, mais que se achar «senhora do Uíge«, tentava evitar a crescente ascensão territorial do MPLA e, por isso mesmo, pressionava e ameaçava as NT.
A imprensa do dia 13 e Julho de 1975 relatava que, e citamos o Diário de Lisboa, «essa possibilidade poderia colocar em risco algumas unidades portuguesas estacionadas no distrito do Uíge com efectivos bastante pequenos». Bem entendido e disso não tínhamos dúvidas: colocar em risco os Cavaleiros do Norte e as subunidades que lhe estava adidas.
O quartel do Negage

Cerco à CCAÇ. 4741
e ataque ao Quartel de
Salazar (N´Dalatando)


O dia 13 de Julho de 1975 foi também o dia do do cerco ao quartel do Negage, onde estava instalada a CCAÇ. 4741. Tinha estado em Santa Cruz e Sanza Pombo e dela tinha feito parte o furriel João Peixoto. Para ela tinha sido transferido, em Outubro de 1974, o «nosso» furriel Mota Viana, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala.
A FNLA queria armas, mas a situação foi rapidamente controlada pelas NT - sem que se registassem quaisquer baixas.
Em Salazar, não muito longe da cidade de Carmona, as tropas MPLA bombardearam as posições do ELNA (tropa da FNLA) - cujos os elementos tiveram de se «refugiar no quartel das forças portuguesas».
A cidade (actual N´Dalatando) registou «bombardeamentos durante largo período de várias zonas da cidade, a partir de bases do MPLA». O próprio quartel das NT, foi alvo de «três granadas de morteiro», sem que, porém e felizmente, «tivessem provocado vítimas».
José Ferreira
de Almeida


O padre capelão José Ferreira
de Almeida faria hoje 79 anos!
Faleceu em 1995, aos 55!

O alferes miliciano José Ferreira de Almeida foi capelão dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 e faria hoje 79 anos, dia 13 de Julho de 2023. Faleceu, de doença cancerosa, a 2 de Março de 1995, aos 50 anos e quando era professor em Viseu.
Capelão militar de várias unidades que serviram no norte de Angola também foi, a partir de Junho de 1974, do BCAV. 8423, no comando no Quitexe e até Dezembro do mesmo ano, quando, em final de comissão, regressou a Portugal.
Natural de Vila, lugar da freguesia de Silvã de Cima, no município de Sátão, lá nasceu a 13 de Julho de 1944, filho do segundo casamento de Firmino Seixas de Almeida, viúvo, e de Maria do Carmo Ferreira. Foi ordenado sacerdote católico a 23 de Julho de 1967, aos 22 anos e por D. José Pedro da Silva, ao tempo Bispo da Diocese de Viseu.
AQUI o recordámos a 27 de Dezembro de 2017, evocando o seu recato e de muitas vezes o observarmos em conversas com os jovens Cavaleiros do Norte, principalmente com os praças. Estávamos certos: tinha mesmo 30 anos.
Abandonou o sacerdócio em 1978/1979 e casou em 1992, depois de um longo processo canónico, com Conceição Isabel Rodrigues da Silva, técnica administrativa do Centro de Saúde de Viseu, agora com 73 anos. Professor de Português em várias escolas do distrito de Viseu, cidade onde sempre viveu e onde está sepultado, faleceu quando se preparava para iniciar o doutoramento. Sempre muito apaixonado pelo estudo da literatura, especialmente Aquilino Ribeiro e Miguel Torga, que, ironicamente, conheceu no IPO de Coimbra, quando ambos estavam às portas da morte.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!
Victor Vieira, o Sacristão, com
a esposa e um neto


Vieira, o Sacristão, 71
anos na Vidigueira !


O 1º. cabo Victor Manuel da Cunha Vieira, auxiliar de serviços religiosos (sacristão) da CCS do BCAV. 8423, está hoje em festa dos seus 71 anos!
Natural da Vidigueira, no Alentejo - onde nasceu a 13 de Julho de 1952 -, lá regressou a 8 de Setembro de 1975 e lá faz vida profissional, em actividades ligadas à restauração.
Há cerca de 20 anos, teve um problema de saúde (um AVC), do qual recuperou suficientemente - de modo a poder continuar normalmente a sua vida pessoal, social, familiar e profissional. E é o que fez o Vieira - Cavaleiro do Norte que, pelo Quitexe, também era conhecido por Vidiguêra (o nome da localidade, com sotaque alentejano) - , a este nível, no café-bar da sede da Junta de Freguesia da vila.
Agora já aposentado, hoje comemora 71anos na sua Vidigueira natal. Parabéns e muitos mais, bons e felizes anos de vida!



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