domingo, 1 de outubro de 2023

7 312 - Portugal assumiu a descolonização de Angola! Partidos de colonos a «formar» exércitos!!!...

O que resta do aquartelamento de Vista Alegre, onde esteve a 1ª. CCAV. 8423, a
de Zalala. Imagem de 24 de Setembro de 2019, quando por lá passou o furriel
miliciano Viegas da CCS

Notícia do Diário de Lisboa de 2 de Outubro
de 1975, sobre a situação política e militar
de Angola, na véspera


Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, a 1 de Outubro de 1974, iam no seu quinto mês de jornada angolana do Uíge, quando chegaram ao Quitexe e embrulhadas em jornal, notícias frescas de Luanda.
Rosa Coutinho, presidente da Junta Governativa de Angola, falara na véspera (hoje se fazem 49 anos) à população angolana, através da rádio, e dera conta que o general Costa Gomes, Presidente da República, iria dirigir pessoalmente as negociações que levassem à independência de Angola. Já António Spínola dissera o mesmo, mas abdicara da presidência, semanas antes.
O MPLA, entretanto e a partir de Dar-Es-Salaam, anunciou que cancelara os seus planos para a reabertura das actividades, militares, após uma trégua de 4 meses. Isto porque, segundo o presidente Agostinho Neto, «Portugal continua a ser uma democracia, na linha do Movimento das Forças Armadas». O que, na sua versão, não acontecia com Spínola na presidência, já que «estava a fazer um jogo muito perigoso, cultivando e escutando fantoches e dirigentes de partidos políticos que não representam o povo».
Mais longe foi o dedo acusatório de Agostinho Neto: o general «apoia(va) activamente grupos de colonos portugueses em Angola» e também estaria disposto «a aceitar ali um governo minoritário».

Cavaleiros do Norte do PELREC. Atrás, 1º. cabo Hipólito,
furriel Monteiro e, já falecidos, os 1ºs. cabos Almeida e
Vicente. À frente, alferes Garcia e Leal (já falecidos),
furriel Neto e Aurélio (Barbeiro)

Partidos de colonos
a formar exércitos !


Ao avivar a memória nestas leituras, ocorre-me a preocupação com que no Quitexe - o Machado, o Neto, eu, o Garcia, o Cruz e outros... - observámos esta situação, embora a analisássemos de forma «imberbe» (eu diria...) e desprendida, digo eu agora.
Preocupante era também outra acusação de Agostinho Neto: soldados sul-africanos estariam a treinar angolanos brancos em três campos recentemente criados no territórios, com o objectivo de formarem um exército particular. Seriam campos organizados pelo Partido Democrático Cristão (PDC), pela Frente de Unidade de Angola (FUA) e pela Frente de Resistência de Angola (FRA), fundados por colonos portugueses, depois do 25 de Abril.
O presidente do MPLA acusou os três partidos de terem ligações com a UNITA - o único movimento de libertação que não tinha sido reconhecido pela Organização da Unidade Africana (OUA) - e de estarem «a organizar um exército para impedir que sejam satisfeitas as legítimas aspirações do povo angolano».
No Quitexe, lá continuávamos a nossa vida, a riscar os dias do calendário, sem futurar outra coisa que não fosse o nosso regresso a Portugal. Que, não sabíamos, mas estavam bem distante!

O furriel Barreto, ladeado pelo soldado
Santos (à esquerda) e pelo furriel José
Nascimento, em Angola (1974/75)
J. Barreto em
imagem recente

Furriel enfermeiro Barreto 
faria 72 anos. Faleceu há
 quase 3 anos!

O furriel miliciano Jorge Manuel Mesquita Barreto, enfermeiro da 1ª. CCAV. 8423, faria 72 anos a 1 de Outubro de 2021. Faleceu a 2 de Novembro de 2020, de doença súbita.
Cavaleiro do Norte de Zalala e natural de Mira, lá regressou a 9 de Setembro de 1975, seguindo carreira profissional na área da enfermagem civil, no Porto e como técnico e professor, residindo em Baguim do Monte, nomunicípio de Gondomar, onde faleceu.
Além de Zalala, jornadeou depois de Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona e tinha-se apresentado no BCAV: 8423, mobilizado para a 1ª . CCAV 8423, a 28 de Fevereiro de 1974, em Santa Margarida e rodando do Regimento do Serviço de Saúde (RSS), em Coimbra.
Não falhava a um encontro dos Cavaleiros do Norte da mítica Zalala, mostrando-se sempre de largo e franco sorriso, algo «escondido» nas fartas barbas brancas que era a sua imagem marca. 
Hoje o recordamos com saudade, ele fazendo memória. RIP!!!

António Coelho e José Borges em 2014,
em reencontro de memória e saudades
da jornada angolana do Uíge
Coelho e Borges
em Angola e 
em 1974/75

Borges e Coelho, 71 anos
em VF de Xira e Coruche!


Os soldados Borges e Coelho foram Cavaleiros do Norte  da 1º. CCAV. 8423, a subunidade de Zalala, e festejam 71 anos a 1 de Outubro de 2023. Hoje mesmo!
Ambos atiradores de Cavalaria de especialidade militar, António Pedro Coelho integrou o 2º. Grupo de Combate, comandado pelo alferes miliciano Carlos Jorge Sampaio e com os furriéis Plácido Jorge Queirós, Fernando Mota Viana (que depois saiu, rendido pelo João Rito) e Eusébio Martins. Fez vida profissional como motorista da Câmara Municipal de Coruche, cidade onde vive, agora já aposentado.
José Borges Martins também integrou o 2º. Grupo de Combate de Zalala e regressou à sua terra de Braços, freguesia de Arega, no concelho de Figueiró dos Vinhos. Vive agora em Castanheira do Ribatejo, onde, como empresário, trabalha na área comercial do calçado. 
Há 9 anos, calhou reencontraram-se para grande abraço de saudade e emoção (como a imagem documenta), fazendo memória da nossa jornada africana do Uíge angolano - por onde também passaram por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona.
Parabéns para ambos!

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