segunda-feira, 4 de agosto de 2025

- Há 50 anos: O último dia de Carmona! Centenas de viaturas e o êxodo de milhares de uíjanos!

Militares portugueses com civis, na coluna de Carmona para Luanda, há 50 anos, no dia 4 de Agosto de
 1975: NN, 1º. cabo Manuel Mendes (atirador), 1º. cabo Deus (operaodor-cripto), soldado António Santos
(atirador) e furriel miliciano António Artur Guedes (atirador de Cavalaria). Alguém sabe identificar os civis?
 

A fachada principal do BC12, vista do lado de Carmona e de
onde, há 50 anos, saiu o BCAV. 8423. A 4 de Agosto de 1975!



O dia 4 de Agosto de 1975, há 50 anos, foi o último da presença militar portuguesa em terras do Uíge: de lá rodaram a 2ª. CCAV. 8423 e a 3ª. CCAV. 8423. Para o Campo Militar do Grafanil, nos arredores de Luanda.
A epopeica coluna saiu com reforço de uma Companhia de Comandos (desde o BC12) e outra de Paraquedistas (a partir do Negage) e, das vésperas, já se conhecia o desejo de êxodo dos civis.
«Começou a sentir-se que iriam acompanhar a nossa coluna centenas de viaturas, com alguns milhares de desalojados, que procuravam o refúgio protector das NT», sublinha o livro «História da Unidade», salientando que, por isso mesmo, «aumentaram as dificuldades e aumentaram as responsabilidades».
A posição dos Cavaleiros do Norte era, desde a primeira hora, a de defender as populações, a que preço fosse. Já o mesmo acontecera na dramática e sangrenta primeira semana de Junho e assim continuou. Até ao último instante!
«Há que entregar toda esta molde de gente são e salva em Luanda, há que contrariar os intentos da FNLA em reter essas populações, os seus bens e se calhar as suas vidas, há que salvaguardá-la do saque do poder popular», escreveu, na altura, o comandante Almeida e Brito.
A coluna partir de Carmona às 5 horas da manhã de 4 de Agosto de 1975, mas «pode dizer-se», refere o livro «HdU», que «a partir das 2 horas tudo se pôs a postos para que o horário fosse cumprido».
Efectivamente, às 5 horas da manhã, «toda a máquina se moveu». A coluna abriu com a Companhia de Comandos, seguindo-se as duas dos Cavaleiros do Norte. «Juntaram-se cerca de 700 viaturas, com alguns milhares de desalojados», anota o livro «História da Unidade».
A FNLA em Carmona

FNLA quis bloquear
os civis da coluna !


As primeiras dificuldades surgiram ainda na cidade capital do Uíge, quando «a incompreensão dos civis gerou o primeiro problema com a FNLA, que, bloqueando-os, não os quis deixar sair».
Viveram-se momentos muito tensos, com permanentes e agressivas ameaças dos combatentes do movimento de Holden Roberto, mas tudo se resolveu pelas 5,15 horas, quando finalmente arrancou a coluna para o Negage - pessoalmente liderada pelo tenente-coronel Almeida e Brito, comandante do BCAV. 8423. 
Este episódio, porém, foi apenas o primeiro de vários da epopeica coluna de Carmona para Luanda (pelo Dondo), pois «esta resolução iria dar azo ao segundo e mais grave incidente, pois todos os que fugiram para o Negage, foram impedidos de partir»
O problema, reporta o «HdU», «iria atrasar em cerca de 8 horas a marcha da coluna».
Posta a coluna em marcha, em Carmona, «passou o controlo da FNLA no Candombe» e por volta das 7,30 horas, o nevoeiro serrado provocou um acidente e o abandono de duas viaturas médias. Depois, e já no Negage, também uma viatura pesada.
No Negage, incorporaram-se as viaturas do Aeródromo Base 3 e as Companhias de Caçadores ali estacionadas. A coluna fechava com a Companhia de Paraquedistas.

Daniel Chipenda

Chipenda no Negage
para passarem civis!

O Negage «estava pejado de viaturas em toda a cidade», mas «a FNLA em peso quis impedir a sua saída, exceptuando as privadas da coluna militar»
E não era o caso das viaturas dos civis. Que as NT de modo algum iriam abandonar.
As negociações «foram improfícuas, tentadas plataformas várias, batendo-se sempre em falso». Refere o livro «História da Unidade» que «começou a odisseia dos civis, sentindo-se abandonados e entregues à sorte do querer da FNLA, convencidos que as NT os abandonariam», mas «assim não aconteceu».
«Após uma reunião com Daniel Chipenda, obteve-se a permissão para o trânsito da quase totalidade dos civis», sublinha o livro «HdU», sem especificar razões para os que ficaram.

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