quarta-feira, 6 de agosto de 2025

- Há 50 anos: A odisseia de milhares de civis, 570 kms. e 58,45 horas de viagem, de Carmona ao Grafanil!

 

Paragem da coluna dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, em Salazar (actual N´Dalatando). Imagem da
épica rotação de Carmona para Luanda, com milhares de civis incorporados


Notícia na imprensa de Luanda de há 50 anos



Dondo, cidade do Quanza Norte e a 6 de Agosto de 1975, uma quarta-feira! 
Há 50 anos!
A coluna dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, comandada pelo tenente-coronal Almeida e Brito,  ia já no terceiro dia de viagem e, às 7 horas da manhã, estava pronta para a última etapa da épica rotação para Luanda, desde Carmona.
Faltavam 174 quilómetros até ao campo Militar do Grafanil - onde se irão juntar à CCS e 1ª. CCAV. 8423, no BIA.
A BBC, de Londres, viajou para Angola e, integrada na cobertura aérea da parte final da comuna, fez seguir uma equipa de reportagem. Às 10,20 horas, a coluna seguia em estrada de asfalto e foi sobrevoada por um helicóptero (com a BBC) e dois Fiat´s - caças bombardeiros da Força Aérea Portuguesa.
Passou-se Catete, a terra de Agostinho Neto, por volta das 11 horas e ao meio dia «começaram a chegar ao Grafanil», onde, ansiosos e expectantes, os esperavam os companheiros que, três dias antes, tinha viajado de avião. 
O tempo de escoamento foi de 45 minutos.
«Terminou assim, às 12,45 horas, o movimento do BCAV. 8423 de Carmona para Luanda, nos 570 quilómetros de itinerário e no tempo de 58,45 horas, trazendo cerca de 700 a 800 viaturas», relata o livro «História da Unidade».
A impremsa angolana do dia seguinte (ver à frente) falava de 1500 viaturas na coluna.
O mesmo livro, de que nos socorremos, sublinha que «terminou, assim, a odisseia de milhares de civis que, à chegada a Luanda» e acrescenta que esta «teria sido a missão mais difícil do BCAV., mas também aquela em que bem demonstrou o seu «querer e saber querer», conduzindo uma operação que forçosamente terá de ser um pilar bem marcante da sua história».
Notícia do «Diário de Lisboa» de 07/08/1975

Dezenas de mortos ao
longo das estradas...


A imprensa luandina do dia seguinte, como se vê na segunda imagem, refere que «chegou do Uíge uma coluna de civis e militares» de Carmona e do Negage.

«A coluna compreendia cerca de 1500 veículos, muitos dos quais de carga, com mobílias, electrodomésticos e outros bens, pertencentes aos europeus residentes naquelas zonas e que, pelos vistos, tencionam abandonar o país, em virtude do que ali está a acontecer e da retirada tropa portuguesa», lia-se na reportagem.
«Muitas destas pessoas», ainda segundo o jornal (supomos que o «A Província de Angola», na altura já «Jornal de Angola», «nasceram naquelas terras ou lá viviam há muito tempo». «Disseram que devem ser raros os europeus que lá ficaram, apesar de Daniel Chipenda ter estado o Negage a tentar demovê-los de partirem», referia o jornal.
O «Diário de Lisboa», por seu lado (imagem ao lado) e citando alguns civis da coluna, dava conta de «grandes recontros ao longo da estrada que de Luanda e Malanje se dirige a Negage a Carmona, principais centros militares da FNLA».
O jornal, de resto, anotava «dezenas de mortos caídos ao longo das estradas» e adiantava que «existem fortes suspeitas de que a FNLA teria introduzido aviões e helicópteros no Negage, antiga base aérea portuguesa».

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