quarta-feira, 12 de agosto de 2015

3 219 - A ponte aérea e as últimas semanas de Luanda

Fátima e José Bernardino, com as filhas, Albano Resende, furriel miliciano 
Viegas e capitão Domingues, primo de Fátima e que esteve colocado no Comando 
de Sector do Uíge, no tempo dos Cavaleiros do Norte em
 Carmona. Em Luanda, há 40 anos!

O início da ponte aérea foi noticiado
na 1ª. página do Diário de Lisboa
de 12 de Agosto de 1975



Os Cavaleiros do Norte, por estes dias de há 40 anos, continuavam no Grafanil e aguardando o regresso a Lisboa. As comissões militares tinham sido reduzidas para 15 meses e nós já íamos precisamente nos... 15!! Faltava saber o dia do embarque e, até aí, esperar que tudo corresse sem problemas.
Por mim, o tempo livre era para «vadiar» pela cidade e achar-me com amigos civis que por lá faziam vida e se dividiam em dúvidas: ficar, ou regressar à Europa?   
O Diário de Lisboa de 12 de Agosto de 1975 noticiou, na primeira página, o início da ponte aérea - com a chegada, a Lisboa, de um avião de escala (de Luanda) e dois de Nova Lisboa. E um outro, ao princípio da tarde, «com gente a quem, muitas vezes, falta tudo, desde a roupa mais necessário, à comida e ao dinheiro para as primeiras voltas e a subsistência».
Em Luanda, seguindo o mesmo DL, «reina(va) a calma». Os últimos efectivos da FNLA foram desalojados do forte de S. Pedro da Barra e abandonaram Luanda por via marítima. O forte foi ocupado pelas tropa portuguesa. Os militares deste movimento que integravam as Forças Mistas estavam aquartelados no Grafanil e expectava-se a sua evacuação para o dia 12 de Setembro. 
A UNITA apenas lá tinha (em Luanda) um funcionário - que iria partir para Nova Lisboa. Aqui e «depois de violentas confrontações», era o MPLA que retirava. «As tropas da FNLA e da UNITA iniciaram uma verdadeira caça aos homens do MPLA», relatava o vespertino de Lisboa, sublinhando que havia «grande número de desaparecidos, saques e destruição de habitações».
Ao norte de Luanda, perto do Caxito, e em Moçâmedes (tal como em Nova Lisboa) «os três movimentos de libertação trava(va)m combates sobre combates, procurando alargar a sua zona de influência».
Instalados em Viana, na casa de Manuel Cruz (que já tinha voltado a Águeda e a deixara ao cuidado do amigo Gilberto Marques), saímos (eu e o Neto, que o Monteiro trabalhava na secretaria) em raides pela cidade, ao encontro dos prazeres e dos sonhos dos 22/23 anos. Por lá me encontrei com muitos conterrâneos: as famílias Resende (foto) e de José Martinho (PSP), Neca, Cândida e outras. 

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