sábado, 16 de junho de 2018

4 158 - Os primeiros contactos, há 44 anos, dos Cavaleiros do Norte com a mata...

Cavaleiros do Norte do PELREC, momentos antes da saída para mais uma operação militar em terras do
 Uíge. De pé, o 1º. cabo Almeida (falecido a 28/02/2009, de doença e em Penamacor), Messejana (f. a
27/11/2009), de doença e em Lisboa),  Neves, 1º. cabo Soares, Florêncio, Botelho (?), Marcos, 1º. cabo Pinto,
Caixaria e 1º. cabo Florindo (enfermeiro). Em baixo, 1º. cabo Vicente (f. a 21/01/1997, de doença e em Vila
 Moreira, Alcanede), furriel Viegas, Francisco, Leal (falecido a 18 de Junho de 2007, de doença e em

 Pombal),  1ºs. cabos Oliveira (TRMS) e Hipólito, Aurélio (Barbeiro), Madaleno e furriel Neto
Cavaleiros do Norte do PELRECO, 4 deles já falecidos:
 1º. cabo Hipólito, furriel Monteiro (à civil), 1ºs. cabos Al-
meida (a 28/02/2009) e Vicente (a  21/01/1997). Em
baixo, alferes Garcia (a 02/11/1979), Leal (a 18/06/2007),
furriel Neto e Aurélio (Barbeiro)


Os três movimentos de libertação de Angola reuniram-se em Nairobi, a 16 de Junho de 1975, para analisar a situação política do país que estava para nascer. A grande novidade era a participação de Daniel Chipenda como elemento da FNLA - tinha sido alto dirigente e co-
mandante do MPLA.
A memória permite lembrar que Chipen-
da estava desentendido com as cúpulas do movimento presidido por Agostinho
Viatura civil destruída pelo fogo, no ataque a
madeireiros na zona de acção dos Cavaleiros
do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia
Viçosa e do capitão José Manuel Cruz
Neto, de que fôra quadro de cúpula e cuja liderança contestava e chegou a assumir - embora não reconhecida. Dirigiu, de resto, a chamada Revolta do Leste - que chegou a ter exército próprio.

Desinteressado e leal desejo
de cumprir a missão !

A esse tempo de há 43 anos, os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 jornadeavam por terras do Uíge e, de acordo com o livro «História da Unidade», estavam «verdadeira-
mente imbuídos do sentido de grandeza próprio  do consciente, desinteres-
sado e leal desejo de cumprir a missão que lhe está sendo imposta no pro-
cesso de descolonização» - que estava em fase delicada.
Foram, de resto e como refere e enfatiza o HdU, «momentos difíceis, preocu-
pantes em todos os aspectos, mas que valeu a pena viver, dadas as certezas que tais militares deram em reais provas, unânimemente reconhecidas supe-
riormente e pelas próprias populações». Era, foi, uma missão muito difícil e perigosa, mas que se cumpriu com coragem e sem hesitações, sem olhar a riscos e sacrifícios.
Viegas e Rocha, furriéis milicia-
nos da CCS, na sua primeira
foto do Quitexe

Os primeiros contactos
com a mata uíjana !

Um ano antes, os Cavaleiros do Norte - das suas 4 Com-panhias do BCAV. 8423 - tinham «os primeiros contactos com a mata» e, implicitamente, no decorrer de patrulha-
mentos, escoltas e operações, identificava-se «um co-
nhecimento das reacções humanas».
A preparação do Campo Militar de Santa Margarida, a partir do Destacamento do RC4, ia agora dar provas do que valia. E valeu bem! Nunca a bravura se apeou!
Os operacionais do BCAV. 8423, do Quitexe, de Zalala, de Aldeia Viçosa e Santa Isabel (mais as subunidades do Liberato e de Vista Alegre, já veteranas no chão uíjano...) adaptaram-se às novas exigências, em teatro real de guerra, e não hesitaram um momento, mesmo quando as mais inóspitas circunstâncias lhe poderiam sugerir alguma vacilação.
A Baixa do Mungage, e sítios outros da terra uíjana, se falar pudessem, segu-
ramente identificariam a determinação e coragem com que, galgando picadas e trilhos que lhes eram absolutamente estranhos, não hesitaram e muito me-
nos viraram a cara e a alma a eventuais perigos.
Manuel Leal da Silva
atirador do PELREC

Leal de PELREC,
faleceu há 11 anos!

O soldado Leal, atirador de Cavalaria da CCS do BCAV. 8423, faleceu há 11 anos: a 18 de Junho de 2007.
Manuel Leal da Silva, de seu nome completo, era de Caixa-
ria, freguesia de Carriços, em Pombal, e já era casado e pai quando partiu para Angola - a mulher ficando grávida da se-
gunda filha. Lá voltou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) jor-
nada africana do Uíge angolano, e teve mais um filho (um rapaz).
Por lá fez vida, criou família (e netos) e, a 18 de Junho de há 11 anos, ao prin-
cípio da tarde, sentiu-se indisposto, falou com a mulher e deitou-se. Pouco de-
pois, levantou-se e acercou-se da mulher, que lhe perguntou do desejo de to-
mar um chá para combater a indisposição. Que não, não precisava e não que-
ria o chá, e, a falar com ela, caiu fulminado. Já falecido, aos 55 anos.
O Leal e a esposa, filhos e netos participaram no segundo encontro do BCAV. 8423, em 1996 - o do Barracão, em Pombal. Foi a ultima vez que o vimos, muito feliz e radiante, e nos abraçámos. Agora, quando, a 18/06/2018, se passam 11 anos da morte deste nosso companheiro, aqui o recordamos com saudade!

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