Mulher angolana com um filho nas costas (em cima)
e mapa da zona do Quitexe, de João Garcia (em baixo, clicar na imagem)
A 10 de Julho de 1974, o comandante Almeida e Brito reuniu com os povos do Quitoque e do Quimassabi, mesmo à saída do Quitexe, na estrada para Carmona.
Terá sido numa destas aldeias (a memória já não lembra tudo) que pela primeira vez vimos mulheres negras de peitos nus, o que nos encheu os olhos e a alma de desejos. Éramos rapazes novos, insaciados e muito enciados. O que para aquela gente era muito natural, era para nós cousa bem diferente. Adiante.
A reunião era uma das muitas que então se faziam, com os povos indígenas, comerciantes e fazendeiros, autoridades tradicionais e população, no geral, mentalizando-as para os novos tempos, os nascidos da revolução que se fizera em Lisboa.
Já com mais de um mês do Quitexe e algumas operações, patrulhamentos e escoltas no nosso diário de guerra, a terra angolana ainda era para nós um mistério e todos os dias uma surpresa. E também um medo, que sobrevoava nas memórias, recordando a terra vermelha e ensaguentada pelos massacres de 1961, que nós tão bem víramos em imagens de homens esquartejados, serrados e incendiados, mulheres e crianças violadas, bens destruídos e sabe-se lá o que mais, emergido a (e depois de) 15 de Março. E era nessas terras que estávamos, armados, em missão deferente, de paz!, mas sujeitos aos perigos de uma guerra subversiva e de inimigo que não mostrava a cara.
Cito José Freire Antunes, sobre os incidentes de Março de 1961, de 15 a 18, e no seu livro «A guerra de África - 1961 - 1974»: «O Norte de Angola é avassalado por uma onda de brutalidade tribal, assassínios em massa, incêndios, destruição e rapina de haveres, violações de mulheres e crianças. Os tumultos espalham-se às plantações de café isoladas, aos postos de abastecimento e às vias de transporte».
Era nessa terra, mas 13 anos depois, que os Cavaleiros do Norte faziam o se «debute» de guerra. Há precisamente 38 anos!
Sem comentários:
Enviar um comentário