quinta-feira, 10 de outubro de 2013

1 821 - A fuga de trabalhadores rurais do Uíge...

Eira de café, para secar (em cima). Apanha de café, em baixo. Era uma 
tarefa essencialmente desempenhado por bailundos, contratados no sul de Angola (em 
baixo). Fotos da net.


Os dias de Outubro de 1974, pela área do Quitexe, foram de algumas preocupações, relativamente à próxima colheita do café - prevista para depois de Janeiro. A fuga dos trabalhadores rurais, principalmente bailundos, provocou o fecho de algumas fazendas, nomeadamente nas áreas de Zalala, Vista Alegre e Canzundo. E, em outras, a paragem da laboração.
O Livro da Unidade dá conta de «provas absolutas de que é a FNLA que impõe a saída dos trabalhadores, sob coação de morte se tal não fizerem». E o café era a principal riqueza do Uíge, o seu grande motor económico. Na altura em que se encontravam os trabalhos agrícolas, a esse tempo, «não trará grande afectação à futura colheita», como refere o LU, mas temia-se que «se a situação se mantiver a partir de Janeiro de 1975, então já se verificarão fortes prejuízos ao poderio económico local».  
Noutro âmbito, Agostinho Neto, presidente do MPLA, denunciava «múltiplas manobras mistificadoras» que, do seu ponto de vista, fragilizavam o processo de descolonização de Angola.
«Não tem vindo a ser encarado à luz dos mesmos princípios que deram lugar ao aparecimento de dois novos estados em África, na medida em que o problema angolano tem sido ultimamente objecto de múltiplas manobras mistificadoras, à quais não são alheias as potencialidades e a situação geográfica e estratégica», dizia o presidente do MPLA, lembrando que o movimento «ainda não depôs as armas, nem as deporá enquanto não forem estabelecidas negociações com a vanguarda revolucionária do Povo Angolano e, consequentemente, resguardadas as legítimas aspirações do Povo Angolano, particularmente das suas camadas mais exploradas».

2 comentários:

  1. Nesta época, não foi só a FNLA que forçou, com ameaças de morte, a saida dos Bailundos de todo o norte de Angola tambem o movimento do Galo Negro a UNITA de Jonas Savimbe, forçou e incentivou a saida de todos os trabalhadores das terras do Uige. Creio que todos se lembram das camionetas de gado a sair do Quitexe carregados de gente mas sempre a cantar e a encantar com os seus canticos.

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  2. Caro Tomaz:
    Tenho sérias dúvidas que, nesta altura, a
    UNITA já tivesse chegado ao Uíge.
    Foi bem mais tarde.
    A zona era da FNLA e com algumas (poucas) franjas do MPLA,
    mais para o lado de Luanda.
    Abraço.
    CV

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