quarta-feira, 2 de julho de 2014

2 100 - Há 40 anos, novas responsabilidades operacionais...

Capela do Quitexe, em Março de 2014, foto do blogue Quitexe História. À direita, 
ficava o aquartelamento dos Cavaleiros do Norte. A vedação ainda parece a mesma, 
mas desapareceram as casernas. Não nos parecem ser as que ali se vêem

Há precisamente 40 anos, os Cavaleiros do Norte ainda se adaptavam ao cheiro da terra e ao sabor das coisas e jeito das pessoas do Quitexe, de Zalala, de Aldeia Viçosa e Santa Isabel. E, principalmente, às suas responsabilidades operacionais, numa área que tinha sido palco de milhares de mortes e de muitos lutos, desde os trágicoas dias de 1961.
O mês de Julho (1974) começou, leio no Livro da Unidade, com «a atribuição da responsabilidade operacional da OPVDCA do Dange e das 3ª. e 4ª. Companhias da PSPA/GR, respectivamente sediadas no Quitexe e Vista Alegre». Que «passaram ao comando operacional das forças militares em Subsector». 
Operacionalmente, completou-se a Operação Castiço DIH (começada às 4 horas da madrugada de 20 de Junho) e registou-se «novo contacto com o IN, na central do Negage, novamente sem consequências». 
Um outro encontro se registara no Tabi, «uma emboscada sem consequências» e, noutro, «alguns tiros de aviso». Mais grave foi o que aconteceu à 41ª. Companhia de Comandos, pois um seu soldado accionou uma mina anti-pessoal e perdeu um pé.
Tem este momento um facto curioso: a evacuação do militar foi feita pelo PELREC, para o Negage. Lá fomos, ao abrir do dia, e foi lá, na baixa do Mungage, que vim a conhecer um conterrâneo de Águeda. O furriel Dias, dos Comandos.
«Há aqui alguém de Águeda?!», perguntei.
Havia, dera o Dias. Que apareceu com o Valongo, outro furriel comando, mulato angolano, que tinha sido futebolista do FC do Porto e suponho que até internacional júnior. Ainda hoje, 40 anos depois, eu e o Dias nos refastelamos na memória, a lembrar este momento invulgar das nossas vidas. A reviver as circunstâncias bem especiais em que plantámos a semente da nossa amizade.
A 41ª. Companhia de Comandos acabou por retirar-se da operação 18 horas depois de a começar. Diz agora o Dias que «a malta não via razão para andar a arriscar vidas na mata». Estávamos nos primeiros dias de Julho de 1974. Abril tinha sido há pouco mais de dois meses!

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