Cavaleiros do Norte em pose fotográfica. Atrás, Miguel Teixeira (o terceiro), Grácio (5º.), Messejana (7º.), alferes Ribeiro (8º. de braços cruzados) e furriel Pires (a seguir). À frente do Grácio, o Florindo. Em baixo, o Carpinteiro (meio sentado e apoiado no braço direito) e o furriel Mosteias (atrás dele, de bigode e boina), E os outros, quem conhece e identifica? Foto de baixo, o aeroporto de Carmona
Os Cavaleiros do Norte, há precisamente 39 anos, preparavam a viagem para Luanda, antecipando o desejado regresso a Lisboa e ao chão e cheios das suas terras, mas, em Carmona, mesmo já nas vésperas, mantinham-se em guarda e prontos para o que desse e viesse.E o que estava a dar, lamentavelmente, era uma série de saques e assaltos a residências de civis europeus, nomeadamente. Muitas vezes a tropa foi chamada, para acudir a gente que via outra gente a entrar-lhes, armada, pela casa dentro, roubando e carregando o que lhe convinha e apetecia.
Não foi fácil, mesmo com as NT de moral relativamente alta, por saberem estar próxima a saída. Mas, naturalmente, pouco interessadas em novas «guerras». Mais interessadas, isso sim, em antecipar o prazer alegroso de acabar a jornada angolana, sem os constrangimentos que poderia suscitar-se de qualquer envolvimento em confrontações. Tê-os-íamos, se tivéssemos de ter - e algumas vezes, nos últimos dias de Carmona, tivemos de apontar armas... -, mas sempre neutrais, civilizados e solidários com a gente que sofria na terra uíjana.
A propósito de sofrimentos, a imprensa de Lisboa, a 29 de Julho de 1975, noticiava que havia fome no Uíge. “40 pessoas morrem diariamente no distrito, no Norte de Angola, relatam viajantes chegados a Luanda”, lê-se no Diário de Lisboa desse dia.
O jornal precisava que “a escassez de alimentação tornou-se desesperada, com a chegada de mais de 300 000 angolanos que regressaram do Zaire, onde se haviam refugiado durante a guerra de independência”.
300 000?! Não creio!
Sabia-se, por Carmona, que estavam muitos angolanos a chegar do Zaire e a falar francês - por isso suscitando dúvidas sobre as suas verdadeiras identidades. Mas não há ideia que fossem tantos (nem perto) e muito menos de tanta fome, como a que o jornal reporta. Nem pouco mais ou menos.
A Carmona, por esse tempo, chegavam também muitos elementos da FNLA, fugidos dos combates de Luanda, e as estradas, como temos lembrado, estavam bloqueadas - ora porqaue se ia de uma área da FNLA para a do MPLA, ou ao contrário.
Os abastecimentos, por isso, eram principalmente feitos por via aérea e está na nossa memória a chegada (diria diária e até mais de uma vez por dia) de aviões da Força Aérea carregados de mantimentos, ao aeroporto de Carmona.
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