Manifestação em Luanda, exigindo a evacuação dos portugueses (foto
de Manuel Rios). Viegas e Albano Resende na ilha de Luanda (em baixo)
Os dias de Luanda, em finais de Agosto de 1975, lá se iam passando, com um vagar nada compatível com a nossa pressa de vir embora. Já sabíamos do dia da partida - a CCS a 8 de Setembro, no navio Niassa (o que não se viria a conformar) -, e eu, por mim, apressava com o meu amigo Resende (foto) uma combinação: ele, nos dez dias de viagem marítima para Lisboa, iria colocar correio que eu lhe deixaria, para que fosse chegando aos seus destinos e ninguém «desconfiasse» que estava a regressar. Queria chegar de surpresa. Como cheguei.
A 2 de Agosto, em Lisboa, o presidente Costa Gomes pediu auxílio aos Estados Unidos, para a necessária evacuação de portugueses que queriam deixar Angola. Calculava-se que seriam 330 000 e o Presidente da República solicitou ajuda americana para transportar 140 000. Ajudar os americanos ajudariam, mas Portugal (exigiam) teria de mudar de governo, que era liderado por Vasco Gonçalves. Levou tempo, o impasse!
Centenas de desalojados manifestaram-se em Luanda, exigindo a partida para Portugal. O alto-comissário interino, o general Ferreira de Macedo, falou-lhes da varanda do palácio do governo e garantiu que não seria esquecidos. E anotou que «a manifestação decorreu com ordem e civismo».
O jornal «A Província de Angola» publicou no dia seguinte (23 de Agosto) uma foto (de que, infelizmente não consegui cópia) que, em primeiro plano trazia o casal Mário e Benedita, meus conterrâneos (ambos ainda vivos) e que eu procurava há alguns dias. A pista deu para saber que, com centenas de pessoas, estavam alojados nas instalações da Sacor, onde ele trabalhava. Lá fui encontrá-los, satisfazendo um pedido da família (daqui).
Sem comentários:
Enviar um comentário