Vista Alegre, vista da vila, com o aquartelamento militar em grande
plano. Em baixo, a mítica Zalala, «a mais rude escola de guerra»
Sabem os amigos Cavaleiros do Norte, o que se passou há 40 anos, lá pelas bandas do Uíge e na ZA do BCAV. 8423? A 19 de Novembro de 1974? Os zalala´s da 1ª. CCAV. 8423 faziam malas para a viagem que os levaria para Vista Alegre. Arrumavam as quitangas para o adeus definitivo à mítica «mais rude escola de guerra».
Vista Alegre, justamente nesse dia, recebia a Companhia de Caçadores 4145/74, comandada pelo capitão Gabriel Gomes, um oficial do Grupo das Caldas (16 de Março), que pouco tempo lá esteve. Ia substituir a CCAÇ. 4145/72 e, segundo o que leio no Livro da Unidade, «saiu do subsector a 20 de Novembro». Apenas um dia em Vista Alegre? Deve haver alguma confusão, que talvez algum dia possamos esclarecer.
Sobre a 4145/72, a companhia independente dos nossos companheiros de Vista Alegre, contou (o seu alferes miliciano) Adão Moreira que era comandada pelo capitão Raúl Alberto Sousa Corte Real. Mobilizada pelo RI1, da Amadora, partiu para Angola em Março de 1973 e de lá regressou em Dezembro de 1974.
Adão Moreira, o alferes miliciano «mais velho», comandou-a durante os períodos de doença e férias do capitão Corte Real e, neste dia de há 40 anos, já estava em Luanda.
«Fui mais cedo, com cerca de 50 homens da incorporação angolana, para processar a desmobilização deles», disse o antigo oficial miliciano de Vista Alegre - que por lá jornadeou com os também alferes Rosa (que comandou o 1º. pelotão), Fonseca (o 3º.) e Aguiar (o 4º.).
Já agora, Rosa, de Setúbal (como Adão Moreira), substituiu o alferes Dias (despromovido a furriel) e é aposentado das Finanças. Fonseca, é advogado em Lisboa. Aguiar, provavelmente também residente na capital, substituiu alferes Damas - que conseguiu a desmobilização, ainda em Portugal.
A 19 de Novembro de 1974, em Luanda, aguardava-se a chegada de Melo Antunes para, segundo a imprensa do dia, «criar uma frente comum, para acelerar, de forma pacífica, o processo de descolonização». As diferenças entre os três movimentos/partidos acentuavam-se e a FNLA, «dona» das terras uíjanas por onde jornadeavam os Cavaleiros do Norte e, ao tempo, já com «dezenas de de homens armados em Luanda», era acusada de não ter perdido «as características tribalistas e racistas que se reconheciam na UPA, de que é originária».
O MPLA, a braços com dissidências internas - de que eram exemplo a Facção Chipenda e a Revolta Activa, de Pinto de Andrade - assumia-se politicamente e em comissões de bairro, nos musseques luandinos. A imprensa do dia dava conta que «tem contribuído para uma acentuada melhoria da situação na capital angolana».
A UNITA aguardava «a chegada de um contingente armado (...), para colaborar na segurança da delegação» e Wilson Santos (o chefe da dita), em conferência de imprensa num luxuoso hotel da cidade, «sugeria a possibilidade de eleições entre Maio e Agosto» de 1975.
Melo Antunes era esperado em Luanda mas, nesse memso 19 de Novembro de 1974, estava em Argel, a negociar com Agostinho Neto.
Negociavam o quê? A formação de um governo de transição, com os três movimentos. Mas havia diferenças. Por exemplo, o MPLA negava-se a colaborar com a UNITA, que acusava de «cumplicidade com o exército colonialista português». Muito menos com a FUA, que Agostinho Neto considerava «um movimento representativo dos sectores mais reaccionários da população branca de Angola».
A norte, o BCAV. 8423 riscava dias no calendário, fazendo contas para o regresso. Que só aconteceria em Setembro de 1975.
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