sexta-feira, 6 de março de 2015

3 051 - Adaptação a Carmona e desaparecimento de jornalista

 O BC12 fica(va) na saída de Carmona para o Songo. Em baixo, uma capa da revista «Notícia»




Os Cavaleiros do Norte lá se foram adaptando à realidade urbana que era a cidade de Carmona, aonde a CCS e um pelotão da 2ª. CCAV. 8423 chegaram a 2 de Março de 1975 - aquartelando-se no BC12 (foto), que ficava na saída para o Songo.
Os tempos eram calmos, apesar da visível animosidade de boa parte da comunidade civil europeia (os brancos), e os militares, aos poucos, iam conhecendo alguns locais de culto da cidade: os Cinemas Moreno e do Recreativo do Uíge, restaurantes e bares (o Escape, o Gomes, o Eugénio, o Chave de Ouro, o Xenú, o Pinguim e outros...) e clubes nocturnos (o Doiamante Nergro...), por onde foram vadiando as noites de lar e de cio que por lá se viviam.
O director do semanário «Notícia», que se publicava em Luanda, desapareceu a 6 de Março de 1975 e o Sindicato dos Jornalistas admitia que «tenha sido raptado ou preso em segredo». Falamos de João Fernandes.
O jornalista tinha sido visto pela última vez, na manhã da véspera. Dois homens tinham ido buscá-lo a casa, num carro. O mesmo informador do DL admitia que «tenha sido levado para Lisboa, por ordem das autoridades portuguesas, devido à publicação de editoriais contra o MFA» e também de «uma carta aberta do jornalista brasileiro Carlos Lacerda, dirigida ao presidente Costa Gomes, em que se critica a actual situação política portuguesa».
Ao mesmo tempo, em Lisboa, o Governo aprovou um decreto lei que dava competência ao Governo de Transição para, e cito, «ordenar a mobilização militar de quaiquer instituições, serviços e empresas de natureza pública ou privada, por períodos prorrogáveis de três meses» e subordinadas ao comando da Comissão Nacional de Defesa, por intermédo do Estado Maior do Comando Unificado.

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