sábado, 2 de maio de 2015

3 107 - Os primeiros dias de Maio de há 40 anos, em 1975!!!

Cavaleiros do Norte em pose fotográfica: António Cruz (residente na Póvoa de Santo 
Adrião), Cândido Pires, o do Montijo (em Nisa), Luís Mosteias (falecido a 5 de Fevereiro 
de 2013), Francisco Neto (Águeda), José Pires (Bragança) e Nelson Rocha (em Valadares, 
Gaia). Em baixo, à esquerda e há 40 anos, Viegas na Ilha de 
Luanda, com o conterrâneo Albano Resende (civil)



Os dias de férias tinham acabado e Carmona recebeu-nos para «os serviços de ordem». Menos para o Cruz, que era o furriel rádio-montador, e mais para mim: sargento de dia, sargento da guarda, patrulhamentos de 24 horas e a recém-criada Polícia de Unidade (PU), uma adaptação local da Polícia Militar (PM).  E, inevitavelmente, a formação das Forças Mistas.
Bem piores iam (continuavam) as coisas por Luanda.
Os «mais de 100 mortos» aqui ontem lembrados, levaram as autoridades partidárias a tomar posições públicas. A FNLA, e cito do Diário de Lisboa de 2 de Maio de 1975 (há precisamente 40 anos!!!), «pediu aos seus partidários que cessem imediatamente todas as hostilidades» e ordenou às suas tropas que «regresse, aos respectivos aquartelamentos».
O presidente Agostinho Neto, do MPLA, «aconselhou os militantes do seu movimento a evitarem quaisquer acções ofensivas». Jonas Savimbi, líder da UNITA, e continuo a citar o Diário de Lisboa, «insistiu em que o seu movimento não esteve envolvido na luta» e pediu aos seus partidários que «mantenham a disciplina».
A verdade, porém, é que até pelo menos 2 de Maio, os céus de Luanda continuaram cheios de fogo das balas que os tracejavam e semeavam medos, sangue e mortes pela cidade. No dia feriado (1 de Maio), centenas de populares brancos manifestaram-se em frente ao Palácio do Governador, exigindo meios para deixar Angola, fosse para onde fosse - preferencialmente para Lisboa.
Os saques seguiam-se aos bombardeamentos, nos bairros suburbanos. E, citando o livro «Segredos da Descolonização de Angola» (Alexandra Marques, 2014, da D. Quixote), também «agressões,violações de mulheres e a prisão indiscriminada de cidadãos». O número de mortos, afinal, seria outro e bem maior. A autora escreve: «Calculava-se que, em menos de uma semana, tenham sido mortas 300 pessoas e feridas 600, a quase totalidade civis»

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