segunda-feira, 4 de maio de 2015

3 109 - Quezílas em Carmona e 500 a 1000 mortos em Luanda

Cavaleiros do Norte, há pouco mais de 40 anos, na jornada africana de Angola. Furriéis 
Capitão e Cardoso, 1º. cabo Almeida (cozinheiro), Lajes (do bar de sargentos) e furriel 
Flora (apoiado na perna direita). na fila do meio e sentados, furriéis Cruz, Costa, Reino 
e Carvalho (de bigode). À frente, Bento (de bigode), Grenha Lopes (de perfil), Fonseca (de 
bigode e a rir) e Rocha. Em baixo, a administração municipal de Carmona no tempo dos 
Cavaleiros do Norte





A 4 de Maio de 1974, os Cavaleiros do Norte continuavam os «exercícios da Instrução Operacional» na Mata do Soares, arredores do Campo Militar de Santa Margarida. Era um sábado e, de Lisboa, soube-se que um grupo de soldados se recusara a partir para Angola, para uma comissão em Cabinda. 
Pertenciam à Companhia de Caçadores 45/20 e, na véspera, assumiram a palavra de ordem: «Nem mais um embarque». Seriam, 10, seriam 52?! Parece que 10, segundo a Cova da Moura. E o próprio general António Spínola estava na Base Aérea nº. 1, na Portela, por se tratar do primeiro embarque de tropas para Angola, depois do 25 de Abril. Vários deles, apresentaram-se pouco depois.
Um ano depois, em Carmona e considerando que «o Uíge, a bem ou mal, terá de ser terra da FNLA», este movimento, e cito do Livro de Unidade, não aceitava bem «qualquer outra opção política no seu solo». Disso resultavam «permanentes quezílias entre movimentos, as quais dia a ia vão tendendo a aumentar, complicando, e de que maneira, a missão arbitral que era atribuída às Forças Armadas Portuguesas».
As ruas da cidade eram patrulhadas a toda a hora e respirava-se um ar tenso, de insegurança e de medos. A tropa portuguesa operacional tinha dias e dias de serviços, sem descanso. Mesmo que insultada pela comunidade europeia. Principalmente por esta, havendo excepções.
Piores iam as coisas por Luanda, onde «centenas de refugiados estão abrigados em liceus e estabelecimentos de ensino superior, onde foram organizados centros de socorro». A Força Aérea Portuguesa, por sua vez, estava «a transportar para Luanda alimentos provenientes de outras regiões de Angola».
Até esse dia 4 de Maio de 1975, e cito o Diário de Lisboa, «tinham entrado 500 cadáveres na morgue». Mas julgava-se, ainda segundo o mesmo jornal, que «o número total de vítimas dos últimos acontecimentos deve elevar-se a cerca de um milhar».

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