terça-feira, 2 de junho de 2015

3 138 - Saudar as memórias do nosso BCAV.8423

Afonso Henriques de Sousa, o sapador que organizou o Encontro de Mortágua;
o Francisco Carlos, também sapador e vizinho de Tondela,
 com a esposa, a 30 de Maio de 2015
José Gomes e Vicente Alves (condutores) e
Aurélio, o Barbeiro (atirador do PELREC)
A imprensa de Lisboa, a 2 de Junho de 1975, hoje se fazem 40 anos, dava conta dos combates em Carmona - iniciados na véspera, domingo. O Diário de Lisboa chamava à primeira página o título «Combates em Carmona» e noticiava que «graves incidentes estalaram ontem em Carmona, entre as tropas do MPLA e da FNLA, obrigando à intervenção, até agora sem êxito, de uma equipa militar mista, composta por forças integradas dos três movimentos de libertação».
O Diário de Lisboa de 2 de Junho de 1975
noticiou os combates de Carmona
Não foi bem assim. Quem interveio foram as NT e de forma corajosa, sem recuar a perigos, sem hesitar e avançando ao som da mortífera metralha que «alagou» a cidade, salvando milhares de vidas - evacuando civis, principalmente idosos, mulheres, jovens e crianças para o BC12. 
As forças mistas, segundo leio no Livro da Unidade, só depois tiveram a sua 1ª. Companhia, instruída pelos Cavaleiros do Norte e integrando «elementos da FNLA e da UNITA», já que o MPLA foi expulso do Uíge, na sequência destes trágicos dias. 
Alguns dos refugiados no BC12, com
 o 1º. cabo Emanuel Santos
Uma das tarefas das NT foi proteger a população civil e, por isso, «foi dada entrada no quartel um milhar de refugiados» - lê-se no livro. Terão sido bem mais. 
Um civil protegido, foi um então jovem estudante, agora quadro superior da Sonangol, o engº. Eugénio Silva. «Nunca esquecerei aquele fatídico dia 1 de Junho de 1975, em Carmona! Eu nunca tinha estado em tal situação e fiquei bastante surpreendido. Vocês protegeram a vida a muitos civis, que nada tinham a ver com aquilo, e não só», recordou ele, em mensagem agora enviada para o Encontro dos Cavaleiros do Norte da CCS, a 30 de Maio de 2015, em
 Mortágua.
Os alferes António Garcia e José Alberto
Almeida (à direita) e os 1ºs. sargentos João 

Barata e Joaquim Aires
O ex-alferes miliciano Almeida, oficial de reabastecimentos, também enviou mensagem para o encontro, que titulou «Saudar as nossas memórias do nosso BCAV. 8423».
Esta:
   Embora no dia 30 de Maio de 1974 eu ainda não pertencesse ao nosso Batalhão (no qual só me fui integrar em Julho, já no Quitexe);
   Embora esteja hoje em serviço no continente africano, mas na cidade de Marrakech;
não quero deixar de vos enviar um forte abraço de camaradagem, que se justifica pelo facto de, mais uma vez, estarmos a celebrar em conjunto os momentos e os valores que nos uniram durante aqueles longos meses, tão fortemente marcantes das nossas vidas, das nossas personalidades e até da nossa maneira de perceber o mundo e o ser humano.
Apraz-me constatar que, em grande parte devido à dedicação constante e inabalável do nosso eterno Furriel Celestino Viegas, os encontros de cada ano vão servindo para celebrar os valores fortes da amizade e da camaradagem, forjados em momentos, por vezes duros, mas necessários para o bom termo da nossa missão.
Permitam-me que dedique um abraço especial ao decano de todos nós (só pela idade, que não pela juventude e lucidez do espírito…) o Capitão Acácio Luz, que também simboliza o melhor dos valores humanos do nosso sempre presente BCAV 8423.
Bem hajam!
José Alberto Almeida

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