sexta-feira, 5 de junho de 2015

3 141 - Cavaleiros do Norte sem baixas em Carmona

Henrique Esgueira (condutor), António Silva (rádio-montador) e Fernando 
Grácio (sapador) em Mortágua. Atrás, as esposas de Grácio, Esgueira e 
Pais. Em baixo, Delfim Serra (condutor), Domingos Teixeira
 (estofador) e neta


Há 40 anos, continuavam as «macas» de Carmona, entre MPLA e FNLA. Os populares eram socorridos pelos Cavaleiros do Norte e protegidos no BC12. Foi contínua a acção das NT nestes dias trágicos da capital do Uíge.
Ao final da tarde de 4 de Junho de 1975, o Conselho Coordenador do Movimento das Forças Armadas, em  Luanda, emitiu um comunicado em que
Humberto Zambujo (radiotelegrafista)
 e Raul Caixarias (atirador)
afirmava «não ter havido baixas entre os soldados portugueses empenhados na contenção dos últimos incidentes». Relativamente ao que intitulou «crise desencadeada pela FNLA», o comunicado sublinhava que «na área de Carmona, como aliás tem acontecido em anteriores e nos actuais incidentes, a actividade das Forças Armadas Portuguesas tem sido absolutamente exemplar, tendo envidado os maiores esforços para, sem intervir directamente nos combates entre os movimentos de libertação, estabilizar de forma muita activa a situação, evitando derramamento inútil de sangue do povo angolano e garantindo, na medida do possível, a continuação da vida económicas das áreas afectadas».

O agora engº. Eugénio Silva, quadro da Sonangol e ao tempo estudante em Carmona, foi um dos refugiados do BC12. Em mensagem enviada aos Cavaleiros do Norte, para o encontro de Mortágua, diz que «gostaria de aproveitar para saudá-los neste dia 30 de maio e já lá vão 41 anos, desde que partiram para a «longínqua» e desconhecida Angola».
Chegada de refugiados à parada
do BC12, há 40 anos
«Acredito que tenham sido 
momentos da ansiedade, emoção e também de muita tristeza porque, em terras lusas, alguns de vós deixaram esposas, mães, filhos, irmãos e noivas», mensajou Eugénio Silva, acrescentando que «nunca esquecerei aquele fatídico dia 1 de Junho de 1975, em Carmona».
«Eu nunca tinha estado em tal situação e fiquei bastante surpreendido. Vocês protegeram a vida a muitos civis, que nada tinha a ver com aquilo. E não só! Isso não deve ser esquecido por aqueles que beneficiaram do vosso apoio naqueles dias amargos de Junho (...). Foram momentos difíceis para nós, naquele dia 1 de Junho de 1975 e nos dias que se seguiram», lembra Eugénio Silva, acrescentando que «em princípios ou meados de Junho, nós seguíamos numa coluna terrestre, com escolta da tropa portuguesa e a partir do BC12, quando fomos impedidos de avançar até Camabatela, com destino a Luanda».
Eugénio Silva, um 
dos refugiados de 
Carmona
«Houve ameaças de que não chegaríamos vivos a Camabatela e o meu pai decidiu que parte da família teria de regressar a Carmona, devido às ameaças. Fomos levados numa Berliet para Carmona e lá ficámos em lugar seguro, até que pudemos viajar de avião para Luanda, já em fins de Junho de 1975», concluiu Eugénio Silva.

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