quinta-feira, 25 de junho de 2015

3 171 - Operação Castiço DIG, Forças Mistas e PIDE/DGS de Angola

Militares da 1ª. Companhia das Forças Militares Mistas, na parada do BC12 e
momentos antes da saída para instrução na carreira de tiro. 
Há precisamente 40 anos!


Alferes miliciano António Garcia (assinalado a
amarelo) e furriéis milicianos Viegas (a vermelho, de costas)
e Manuel Machado (a branco), na parada do BC12, junto
de um helicóptero de evacuação de feridos na
sangrenta primeira semana de Junho de 1975. Há 40 anos!!!
Há 41 anos, os Cavaleiros do Norte continuavam a operação Castiço DIG, iniciada a 20 de Junho de 1974 e que se prolongaria até Julho. «Sem grande compensação do esforço desenvolvido», recorda-se no Livro da Unidade, como já aqui referimos.
O funcionamento da DGS (ex-PIDE) em Angola custava 156 796 contos por ano, noticiava o Diário de Lisboa de 25 de Junho de 1974. Tinha um director e um sub-director provinciais, 6 inspectores adjuntos, 20 outros inspectores e 22 subinspectores, 61 chefes de brigada (incluindo uma senhora), 180 agentes de primeira (incluindo 5 mulheres), 347 agentes de segunda (17 mulheres), 15 motoristas, vários técnicos auxiliares de identificação, transmissões e identificação, 50 guardas prisionais e 9 contínuos! 887 pessoas!!!
Notícia do Diário de Lisboa de há 40 anos,
sobre a PIDE/DGS de Angola
Um ano depois, 25 de Junho de 1975 e por Carmona, continuava a formação da 1ª. Companhia das Forças Militares Mistas (1ª. FMM), instruída pelos Cavaleiros do Norte nas várias especialidades. Ao alferes Garcia e furriéis milicianos Neto e Viegas coube a instrução de tiro, na carreira própria do BC12 - que ficava abaixo do quartel, em frente. Não foi tarefa simples, antes muito delicada, devido à inabilidades dos homens que, da FNLA e da UNITA, foram indicados para a tal formação! Inabilidade que se reflectia nas condições de segurança e nos perigos que sempre acontecem nas carreiras de tiro. Algumas vezes tivemos de intervir, para evitar acidentes e ficou famosa uma rajada do alferes Garcia, que teve de «pôr em sentido» um tenente de óculos verdes - que, repetidamente avisado, mesmo assim insistia em disparar avulsamente, nos intervalos para mudança das linhas de fogo.
O tenente persistiu, porventura achava-se nesse direito, por ser detentor da patente mais alta da carreira de tiro, mas ignorou as regras básicas de segurança e a «brincadeira» só acabou quando o alferes Garcia - ele, sim, o responsável pela carreira de tiro (não o tal tenente) e já com o homem pelos cútulos da cabeça - pegou numa G3 e disparou uma rajada de aviso, à volta do oficial, que deixou de ser visto, escondido na nuvem de pó vermelho que se levantou. Nunca mais se repetiram tiros, foram do controlo de segurança.

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