terça-feira, 14 de julho de 2015

3 190 - Cerco ao quartel e pedido de armas, MVL impedido de seguir...


Parada do BC 12, num dos dias difíceis de Carmona, em 
1975. Muitos refugiados
foram então apoiados pelos Cavaleiros do Norte

Diário de Lisboa. A 1ª. página da edição
de 14 de Julho de 1975, há 40 anos!!!, sobre
os incidentes de Luanda e expulsão da
FNLA, pelo MPLA



A Fazenda Rio Duízo, nos arredores do Quitexe, recebeu uma delegação dos Cavaleiros do Norte a 14 de Julho de 1974. O comandante Almeida e Brito fez-se acompanhar das autoridades administrativas e eclesiásticas da vila quitexana e lá deu esclarecimentos sobre a situação política e militar decorrente do 25 de Abril.
Era domingo e, em Luanda, a população dos musseques preparava uma greve, em luto pelas vítimas do Bairro Cazenga. Preparava-se para, no dia seguinte, segunda-feira, não comparecer ao trabalho e «vivia-se um clima de instabilidade, registando-se alguns pequenos incidentes, sem consequências graves».
Quartel do Negage, onde estava a
CCAÇ. 4741/74. Foi cercado pela FNLA
a 13 de Julho de 1975. Queria armas
Um ano depois, e com os Cavaleiros do Norte já todos concentrados em Carmona, vivia-se, já desde o dia 12 de Julho (de 1975), «em permanente situação de prevenção simples», para, nomeadamente, e cito o Livro da Unidade, «aguentar a provável ressaca da FNLA, face aos desaires de Luanda, Salazar e Malange». Na véspera, dia 13 de Julho, registara-se «cerco ao quartel das NT no Negage e pedido de armas pertença da CCAÇ. 4741» - companhia que estava a adida ao BCAV. 8423.
O dia 13 de Julho de 1975 foi também de comício da FNLA e do ELNA (o seu exército) e do primeiro impedimento da saída dos MVL para Luanda. O dia seguinte (14 de Julho, hoje se fazem 40 anos) foi de «constante afluxo de refugiados da FNLA a Carmona».
«Havia que encontrar uma opção para os dias futuros. Ficar em Carmona, com o total descrédito das NT e perigosamente alvo das queixas e ataques da FNLA, nomeadamente reivindicando o desequilíbrio doutros locais, ou sair, antecipando o regresso a Luanda, num salvar de face e tentando evitar males futuros», reflectia o comandante Almeida e Brito, como se lê no Livro da Unidade.
Dias difíceis se viviam em Carmona e região, ante as ameaças e actos da FNLA e do seu Exército Nacional de Libertação de Angola - o ELNA. Em Luanda, o MPLA «correra» com a FNLA e dominava a situação - o que, conjugado com muitos outros factores (muitos deles desconhecidos, ao tempo), nomeadamente a conquista e domínio militar de outras regiões, fazia admitir, como relatava o Diário de Lisboa desse dia, «colocar em risco algumas unidades portuguesas estacionadas, nomeadamente no Uíge, com efectivos relativamente pequenos, no caso de virem a ser acusados de darem apoio ao MPLA - como de resto, já tem sido feito».
Bem sentimos, na pele e na alma, as dores desses difíceis e arriscados tempos!

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