quinta-feira, 23 de julho de 2015

3 199 - Exigências da FNLA em Carmona e o (não) cessar fogo

Carmona, a actual cidade do Uíge. A praça dos serviços públicos. À direita, ainda
se vê o edifício que foi o comando da Zona Militar Norte (ZMN), onde há 40 anos estavam
os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala
Notícia do Diário de Lisboa de 23
de Julho de 1975. Há 40 anos!!!


Carmona, 23 de Julho de 1975. O comandante Almeida e Brito reuniu uma vez mas com os comandos militares da FNLA e não aceitou as suas exigências. Queriam armas! No mesmo dia, reuniu com «elementos do QG/RMA, de modo a obter os meios necessários» à operação de rotação para Luanda - movimento que se começaria a materializar a 31 de Julho», como se lê no Livro de Unidade.
Em Luanda, MPLA e FNLA acertaram o cessar fogo, no decorrer de uma reunião na Comissão Nacional de Defesa, presidida pelo general Silva Cardoso, o novo Alto Comissário de Angola. A FNLA, via rádio, deu instruções aos seus militares para cumprirem o cessar fogo, embora «mantendo-se nas suas posições». O MPLA também instruiu os seus homens para respeitarem as tréguas.
O Jornal de Angola - o anterior A Província de Angola, conotado com a FNLA - foi alvo da explosão de uma bomba, com muitos prejuízos materiais e apenas um polícia militar e um tipógrafo feridos. O Diário de Lisboa de há 40 anos noticiava que «as Forças Armadas Portuguesas estão prontas a intervir em Angola para impedir o possível avanço das tropas da FNLA sobre Luanda». Não havia, todavia e felizmente, notícias de confrontos armados, havendo, isso sim, «sinais de que os dois movimentos antagónicos estão a abandonar as armas por uma guerra de palavras». Hoje, sabe-se que não foi bem assim.
E já ao tempo não foi. O recolher obrigatório continuava entre as 21 e as 6 horas da manhã e as Forças Armadas alertavam para a eventualidade de a FNLA avançar para Luanda: «Os combates poderão alastrar para as zonas centrais da capital, em vez de se confrontarem nos subúrbios, como até agora».
A FNLA negociava com Mobutu «a passagem para Angola do pessoa e do material de que dispõe no Zaire» e acusava o Governo Português de «intervir abertamente ao lado do MPLA». «Nenhum bando armado será capaz de bater as forças da FNLA, no seu conjunto», lia-se no comunicado do movimento liderado por Holden Roberto.
Num outro comunicado, ia mais longe, anunciando que as suas tropas «marcham sobre Luanda, para libertarem as populações da capital angolana». O comunicado foi enviado à France Press e assegurava que «as tropas da FNLA estão prontas a entrar numa guerra neo-colonial contar o regime Português».
Cessar fogo? Qual cessar fogo?!

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