sexta-feira, 24 de julho de 2015

3 200 - Incidentes em Carmona e combates em Luanda


Carmona, Messe de Sargentos onde, no Bairro Montanha Pinto, esteve a 
2ª. CCAV. 8423. Ficava do outro lado do jardim onde estava a messe de oficiais, 
que foi messe de sargentos da CCS, dos Cavaleiros do Norte - a última guarnição 
portuguesa na capital do Uíge. Há 40 anos!!!


Notícia da página 9 da edição do Diário
de Lisboa de 24 de Julho de 1975

A 24 de Julho de 1975, a France Press e a Reuters davam conta, em despachos de Luanda, que «rebentaram combates, nomeadamente em subúrbios da capital angolana, apesar do cessar fogo acordado a noite passada, entre os dois principais movimentos de libertação rivais». Entenda-se, entre o MPLA e a FNLA.
«O tiroteio rebentou nos bairros de Cubas e Cazenga, durante a noite e ao princípio da manhã de ontem", relatava o Diário de Lisboa desse dia, adiantando que «tem-se a impressão que o MPLA se esforça agora por eliminar os últimos esforços de resistência da FNLA, em Luanda, para poder enfrentar, sem preocupações para a sua rectaguarda, a coluna da FNLA que se aproxima do norte». 
As informações sobre esta marcha eram contraditórias, sabendo-se embora que continuavam os combates na zona do Caxito, bem próximo de Luanda (a uns 50 quilómetros), e que a FNLA, com carros blindados, seria comandada por Daniel Chipenda, que dias antes estava em Carmona.
Os 600 sitiados da FNLA na Fortaleza de S. Pedro continuavam a resistir ao MPLA e «eram abastecidos, durante a noite e partir do mar, com munições e víveres».
Jonas Savimbi, presidente da UNITA, em Abidjam (capital da Costa do Marfim), classificou a situação em Angola como «muito grave» e acrescentou «haver o risco de surgir um novo Vietname», devido, sublinhou, «ao desrespeito pelos acordos de Nakuru e do Alvor».
A imprensa do dia dava igualmente conta de declarações de Agostinho Neto, dirigidas aos estivadores do porto de Luanda: «A instalação do poder popular e a luta revolucionária vai levar-nos à independência completa, com felicidade para o povo angolano», lemos no Diário de Lisboa desse dia. Foi nesse 23 de Julho de 1975 que também visitou as instalações do Jornal de Angola (ex-A Província de Angola), parcialmente destruídas por uma bomba, dois dias antes. O jornal estava sob gestão directa dos trabalhadores, depois da destituição do seu director, o jornalistas Rui Correia de Freitas.
Os Cavaleiros do Norte, em Carmona, riscavam dias do calendário, expectando a rotação para Luanda. Continuavam os pequenos incidentes diários, com dedos apontados pela comunidade civil branca, que se sentia «marginalizada e sem receber quaisquer apoios ou segurança». Não era verdade: até ao último momento, com permanentes riscos de vida, os Cavaleiros do Norte fizeram da prevenção uma certeza: salvar toda a gente fosse de que cor fosse, de que credo, de que partido, de que raça!!!

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